A dor que nos atinge

13 de novembro de 2010





Não há lógica em decrescer, quando a dor deve é nos impulsionar a melhorar. Não devemos perder aspectos que nos tornam especiais e únicos só porque consideramos que assim evitaremos as dores necessárias. Não adianta nos prendermos numa bolha, porque logo ela estoura, e a sensação será intensamente pior e dolorosa. É difícil mensurar o que é ideal, e mesmo compreender o alcance de uma desilusão ou frustração, porque as dores nos aniquilam de forma distinta. E como reagir a uma grande lágrima ou uma grande faca enfiada no coração? Com certeza limpando a lágrima e não deixando cristalizá-la. Também não dá para empurrar mais a faca.

Mesmo que uma dor seja extrema, não podemos nos fechar, ou mesmo endurecer nossa casca. Precisamos, em cima do que sentimos fortalecer o nosso poder de absorção, e cristalizar a nossa fé. É inadmissível que as mudanças sejam retrógradas. É mais difícil ainda conceber a simples ideia de querermos mudar elementos intrínsecos na nossa alma. Se formos transparentes, não nos tornemos opaco; se choramos, demonstramos os sentimentos e somos espontâneos, não deixemos de ser. Não permitamos que a dor nos comande, e que a fraca luz do torpor nos iluda numa campanha tola de involução.

É preciso observar melhor o silêncio, ou a tristeza ao nosso redor. Elas são essenciais, porque mostram o caminho da frente. Não escolhamos voltar. Não cultivemos o medo. Jamais digamos que é impossível, ou que a dor é profunda demais para nos fazer levantar. Não deixemos de ser a pessoa encantadora que somos, porque uma frustração toma conta do nosso ser. Não diluamos essa essência bonita que delineia a alma, que cativa as pessoas e embeleza o coração. É um grande desafio, mas se pararmos para pensar direito, vamos notar a importância de certos detalhes.

Tudo pode estar contra nós, mas não podemos, por descuido, tomar atitudes inversas. Sempre existirão ventos que sopram contra. Sempre precisaremos remar contra a maré, ou nadar contra a correnteza. A vida muda sempre de direção. Mas não podemos mudar juntamente com ela. Precisamos seguir o nosso ritmo, a melodia particular que nos diferencia. Se cairmos nessa armadilha, perdemos o elemento mais precioso da gente: a nossa personalidade. E aos poucos vamos construindo um ser humano que não existe, um ser preso na obscura solidão e na dor amarga da desilusão.

É necessário que jamais percamos a esperança. E que nunca culpemos o amor. A dor não é uma causa dele. O amor é sentimento puro. A dor acontece porque algo nos impede de sentir o amor na plenitude. A dor pode vir da inexistência de um sentimento não correspondido, mas nunca do amor. E é isso que precisamos entender. A culpa na maioria das vezes é a nossa incapacidade e fraqueza, de outro elemento conflitante ou a falta de um elo que nos une ao nosso desejo. O amor é a cura, jamais o câncer. Por isso não dá para caminharmos para trás. Diante de um sofrimento, uma desilusão, angústia ou qualquer outra dor, é primordial que saibamos tirar dele o proveito suficiente para que a nossa alma cresça, e não tornar a aflição um obstáculo intransponível, capaz de nos jogar num breu infinito.

A verdade é que quem nos joga nesse abismo, não são as dores, mas nós mesmos, que na fraqueza de lutar aceitamos a própria derrota. Ficamos no chão porque achamos que somos mais fracos, quando na verdade, somos capazes de levantar quantas vezes for preciso. Culpamos as dores, quando os culpados somos nós. Não devemos nos acomodar na ilusão de uma dor infinita. Vamos nos dar oportunidades, deixar o amor mais liberto, acreditarmos mais em nós mesmos. Não vamos nos tornar reféns da dor, porque quando ela nos alimenta, nós perdemos a cada minuto um pedaço nosso. Façamos da dor, frustração ou desilusão, uma ponte para um melhor discernimento, capaz de nos mostrar o verdadeiro caminho para o crescimento, sem que isso elimine os traços da nossa personalidade.

 
 
 
 
Aspas do Autor: É bastante difícil ter esse equilíbrio, mas quando você consegue compreender a importância de buscar sempre superar a dor que te atinge, você sempre alcança um nível de discernimento maior a respeito do que é essencial. O crescimento e a força surgem naturalmente. Meu afeto sincero a todos que me dão a honra de suas visitas. Em breve faço visitas. Abraços! (Áinda sem internet. E está difícil viver sem)

13 comentários:

Naia Mello disse...

Acho que isso é acreditar mais na gente. Mesmo quando tudo parece errado o lance é acreditar.

@juusep disse...

A dor é dificil, demais de lidar.

Flor de Lótus disse...

Oi,ALF!nossa que texto lindo,disse tudo, não podemos desitir do maor só porque ele nos causa dor, a dor não é culpa do amor, não podemos desistir de ser felizes, a vida não é só um mar de rosas ela tem seus espinhos também,mas sem as tempestades não saberiamos a beleza que é um dia de sol...
Uma ótima semana!
Beijos

Rodolpho Padovani disse...

A dor é a falta do sentimento, verdade. A gente muita vezes acaba mergulhando nessa dor e a usando como máscara para desculpar qualquer outra coisa de ruim da vida, culpamos a dor por tudo, por nossos atos e palavras e por nossa indisposição a melhorar.
Mas acho que se ainda há dor é porque ainda se sente algo, então ainda há uma chance de cura e com o remédio certo, qualquer dor é curável, mesmo que seja difícil lidar com ela.

Ficar sem internet é complicado mesmo, e eu agradeço pelas suas visitas.

Abraços.

Marina disse...

Eu ainda não consegui encontrar o equilibrio. Crescer dói. Lidar com a dor não é fácil.

Bjs "Alf" ;p

Ataniel Santos disse...

Aprender a viver com a dor faz de nós mais forte. Se dói, é porque ainda existe uma ferida que necessita ser cicatrizada.Não se preocupe!O tempo é o melhor remédio, mantenha-se paciente e sempre confie no Senhor, pois Ele sempre reserva algo de melhor pra nós.
Deixo-te uma frase como reflexão:
Quando sentires uma inexplicável vontade de sorrir
É porque existe um Deus no teu coração que o fez acreditar no amanhã, apesar da sua dor.
(Ataniel dos Santos)
Abraço!
Fica na Paz.

Clara disse...

Resumindo: sejamos corajosos! Acho que perceber que a dor vem da falta de amor não é pra todos ainda... Às vezes é muito difícil ver um panorama lindo desses quando se está sentindo a faca no coração. A dor faz crescer ou morrer, a escolha é nossa, neh? Acho uma coisa muito sábia dizer que Deus nunca nos dá um peso maior do que possamos carregar...

Cáh disse...

Caramba, este texto seria essencial a um mes atraz, qdo eu fugia como um rato da dor.


Um beijo, saudades daqui...

Nina Vieira disse...

A dor é um paradoxo muito grande - e pode refletir e desencadear reações diversas nas pessoas. No meu caso, eu só espero (cura? morte?), ainda sem saber o motivo e sem necessitar de respostas.
Apenas vivo.
Um beijo.

Michele disse...

Está certíssimo, Alê! Não existe dor sem aprendizado e talvez, todo aprendizado envolva um tantinho de dor!

A questão é aprender a lidar com essa frustração e tirar o máximo de proveito dela! Quando conseguimos nos levantar e superar essas dificuldades, deixando de lado a armadilha em que costumamos cair ao sentir pena de nós mesmos, vemos que nos tornamos muito mais fortes e que tiramos lições para nossa vida, que não tiraríamos se tudo tivesse corrido dentro do esperado!

Um beijo, amigo mais querido!

Caroline Araújo disse...

Primeiramente queria que você soubesse que é muito bom vir aqui e ler algo tão precioso.
Não se entregar a dor exige mesmo coragem, como disse a Clarinha, e nós, humanos, sentimos medo com tanta facilidade... Mas penso que a coragem não é a ausência do medo e sim a capacidade de seguir em frente, é aniquilar a dor que tenta incessantemente nos fazer companhia.
Ao analisarmos melhor veremos que o que nos traz sofrimento, dor e medo não é o amor e sim a nossa visão distorcida.
Ao ler o seu texto eu me lembrei desse versículo: "Pois eu, o Senhor, teu Deus, eu te seguro pela mão e te digo: 'Nada temas, eu venho em teu auxílio.'" (Isaías 41, 13)

* Só assim conseguiremos levantar após cada frustração.
Mil beijos.

Bandys disse...

Voce esta certo.

A vida só é possível através dos desafios. A vida só é possível quando você tem tanto o bom tempo quanto o mau tempo, quando tem prazer e dor;
quando tem inverno e verão, dia e noite; quando tem tristeza tanto quanto felicidade, desconforto tanto quanto conforto.
A vida passa entre essas duas polaridades. Movendo-se entre essas duas polaridades, você aprende a se equilibrar.
Entre essas duas asas, você aprende a voar até a estrela mais distante. Tudo com amor.

beijos

Lia Araújo disse...

Alexandre, vamos discordar de novo?
Dor é ruim... e ponto... mas, depois de tantos pontos virou reticência...
dor ensina? Era pra ser o Einstein... dor amadurece? Era pra eu ser muito adulta, né? Dor fortalece? Era pra eu ser a mulher maravilha...
Mas, continuo a mesma menina boba!

Mas, como eu acredito muito em ti... eu espero que isso chegue um dia...

beijos, meu querido!