A rua estava totalmente invadida pelos confetes, serpentinas e as mais reluzentes alegorias. Estavam em todos os cantos, em todos os detalhes dos prédios, das ruas e postes. Era a manifestação da alegria abandonada ao léu. A rua não estava deserta. Estava ali, a poucos metros da imensidão do mar, no breu de um abraço invisível, que se seguia como um trio elétrico sendo guiado pelo céu azul daquele novo dia que chegava. Era um dia colorido, mas real. Não estava mais a canção de um pula-pula, nem a emoção de uma multidão. O vazio era como o silêncio agudo do coração. Era um arco-íris sendo irradiado pela cor tão presente, em reflexo à luz tão bonita e calorosa do sol. E ele, à meia volta que dava, rodopiava e saltitava. Era o seu mundo, sua forma de saudar a majestade daquele estribilho de realidade e paixão. Eram os últimos minutos daquela fantasia tão solitária. O único momento em que ele podia aparecer.
Mesmo dançando em cima da dor, seu terno duas cores – uma metade preta, e outra metade branca – estava polido de muito brilho. Seu rosto repleto de pó era apenas branco. Branco de ilusão e um minúsculo preto de tristeza adornando o redor dos olhos e delineando os lábios. Nada infelizmente tirava aquele olhar triste e espontâneo, mas ele tinha uma expressão romântica que acentuava por todo o seu delicado rosto. Era um amante do bem querer, um entusiasta da alegria, um bon vivant ao melhor estilo. Ao caminhar pelas ladeiras solitárias daquele bairro histórico, com construções barrocas, ele transparecia em seu rosto o que de bom era refletido. Foi quando num rodopio despretensioso a rosa vermelha de sua lapela desbotou-se e voou. Voou como um encanto, levando consigo estrelas e espalhando a efervescência de um doce sopro de amor.
E no leve flutuar, foi suave, percorrendo segundos de agonia em pleno ar, até pairar diante de um belo par de pés brancos, adornados com preciosas pulseiras de diamante no tornozelo, fitas douradas e coloridas. Esse pequeno momento o tirou da concentração. Os olhos, aquiescidos pela emoção, foi percorrendo pela presença humana. Uma mulher, de estatura baixa, muito bem vestida, com uma saia rodada branca e sapatilhas. Sua face redonda e branca estava sorridente, com covinhas delicadas e blush intenso nas maçãs do rosto. Ruiva, com longos cacheados, emanava uma plenitude feminina encantadora. Quando os olhos dele se encontraram com os belos, brilhantes e azulados olhos da mulher, dois universos de emoção se chocaram e inúmeros estribilhos mudos se intercalaram na doce expressão mútua deles. O silêncio tornou possível ouvir o palpitar intenso dos dois corações. Era a magia entrelaçando o destino dessas duas pessoas. Ele enfim pôde sentir a delícia de sorrir. A tristeza sumira.
Ela delicadamente pegou a rosa vermelha, levantou com tamanha doçura, colocou à altura da sua boca e aproximou-se do garboso rapaz, com a flor separando os dois lábios. Ela pegou a mão dele. E assim, sem trocarem uma palavra sequer, saíram de mãos dadas. Foram em sua imensidão de alegria cantando e saltitando, naquelas últimas horas de fantasia. Emanando uma fidedigna essência do amor, a cada rodopio eles demonstravam mais simetria um com o outro. E saíram correndo em direção ao mar. E juntos, como crianças despretensiosas dançaram na areia da praia vazia, como amantes eternos. Serelepes, tropeçaram e ao rolarem pela fofa areia, deram gargalhadas e mais gargalhadas. Seus rostos, pegos desprevenidos pela brincadeira do acaso, se aproximaram tanto que eles suavam frio. Novamente seus olhos se encontraram e tempestades de cometas tremeluziram no espaço ante a ternura envolvente. Deram um longo beijo apaixonado e rolaram na areia como eternas crianças...
Enquanto voltavam para a cidade, ficaram se fitando por um bom tempo. Não trocavam palavras. Espetáculos de cores pareciam bailar pelo universo. A moça estava radiante. Ele ansioso. O sol estava se pondo. Seus olhos diziam a ela que precisava ir. Ela não entendeu. Ele passou sua mão no rosto dela delicadamente. Inesperadamente pôde se ouvir um barulho de alguém se aproximando. Ela instintivamente se virou. Numa rapidez, ele levantou e foi saltitando para trás de um poste. Com o rosto levemente inclinado, ficou timidamente olhando-a de leve. Ela não percebeu de imediato. Estava confusa. Ele triste.
Com os olhos o belo rapaz dizia que precisava ir. Estendeu sua mão. O pedido era claro. Mas ela negou. Deixou claro que não podia. O sorriso dele acabou. E foi-se. Sumiu por entre os becos. Logo depois um garboso homem, vestindo uma roupa com losangos coloridos, apareceu saltitante pela rua alegre, com um olhar esperto e sorridente. Sorriu quando viu a mulher. Ela o abraçou. Era quem amava. Mas ali em tão pouco tempo tinha esquecido tudo e amado o belo moço misterioso. Um alguém que ela não poderia acompanhar. Seu companheiro era aquele que chegara. Ela tinha medo. E juntos, abraçados foram subindo a ladeira e indo.
Com os olhos o belo rapaz dizia que precisava ir. Estendeu sua mão. O pedido era claro. Mas ela negou. Deixou claro que não podia. O sorriso dele acabou. E foi-se. Sumiu por entre os becos. Logo depois um garboso homem, vestindo uma roupa com losangos coloridos, apareceu saltitante pela rua alegre, com um olhar esperto e sorridente. Sorriu quando viu a mulher. Ela o abraçou. Era quem amava. Mas ali em tão pouco tempo tinha esquecido tudo e amado o belo moço misterioso. Um alguém que ela não poderia acompanhar. Seu companheiro era aquele que chegara. Ela tinha medo. E juntos, abraçados foram subindo a ladeira e indo.
A alguns metros, escorando por trás de um prédio, o triste e apaixonado rapaz via o casal indo embora juntos. Como que sentindo, a moça virou seu rosto e encontrou o dele. Uma lágrima contida surgia no rosto dela. O universo tinha se fechado. O sol sumira ao horizonte. Não existia mais espetáculo, só treva. O carnaval tinha acabado. Mas existiriam outros. Em todos, ele teria novamente a chance de vê-la e lutar por seu amor. Mas isso não diminuiu sua dor naquele momento. Então, como que em resposta àquela dor, do seu olho esquerdo uma lágrima doce, revelando o amor que ele sentia, caiu e se cristalizou em seu belo rosto branco...
...para SEMPRE.
E essa história seria apenas o início de uma bela fábula de carnaval.
Aspas do Autor: Eu acho que está óbvio da onde partiu minha inspiração. De qualquer maneira quis fugir um pouco do tradicional, mesclando a história com elementos de fantasia e realidade, sem excluir esse teor romântico e triste que rodeia a fábula. Enfim, a festa acabou e o ano finalmente vai começar. Estou também estreando um novo visual para o blog. Senti essa necessidade de reciclar a decoração. Que venham bons tempos por aí. Meu carinho à todos.
35 comentários:
Olá, antes de mais nada, parabéns pelo blog!
E por acha-lo de muito bom gosto é que o/a convido a vir conhecer a proposta do meu Blog para você.
Aguado sua visita!
Forte abraço!
Karina
ficou legal esse novo visual, como vc consegue fazer esse novo visual me ajude se der...
Existe uma imensa lista de blogs que sigo, e um seleto grupo que realmente acompanho, você faz parte desse seleto grupo. Estou sempre por aqui, confesso que cometários não são meu forte, ainda mais quando o texto é bom e me faz refletir, abre-se um mundo de fios imaginários me levando a vários locais. Quando estou nesses momentos sou incapaz de comentar sem antes concluir a idéia, então para não deixar um cometário do tipo 'adorei o texto', ou um monte de palavras complicadas que não fazem real sentido, prefiro me recolher a leitura silenciosa e oculta. Infelizmente não tenho toda a tua capacidade de interpretação. Não sou boa de interpretação acredite. No mais, m ótimo texto como sempre, e sou suspeita para falar porque além de amar teus textos, amo fábulas, e a tua realmente está divina.
Ouxe Ale
Será que essas coisas acontecem mesmo heim? E acontecem DESSA forma aí?
=D
Eu ADOREI o conto =)
Comece a trabalhar no projeto do seu livro! Tás vendo mais claramente agora que tens o jeito disso? Talento não falta, tenho certeza!
E óh: quero o meu com autografo
=D
Ale,
Você estava bem sumidinho mesmo, o que aconteceu?
Alexandreee você tem o dom das palavras, adoro quando deixa seu comentarios no meu blog.
esse foi perfeito coloquei até no meu perfil do orkut. de acordo com meu momento.
Não procuremos entender ou pintar algo que não pode ser compreendido ou ilustrado. Sinta. Só isso é suficiente. Porque aí, o coração entende.
Volte sempre e não abandone meu blog.
beijos
=]
Olá meu caro ALF!Lindo texto consegui imaginar a pobre moça ruiva indo embora com um troglodita que não amava,mas que mnão podia deixar.Ai os caminhos do amor sempresão tá tortuosos, nada é simples qdo o assunto é amor.
Cuide-se!
Um ótimo começo de semana!
Beijosss
Que belo texto! O amor, ha o amor... Ele nos move, nos faz fazer as maiores loucuras das nossas vidas, ele é lindo, doce, nos tira toda concentração, nos envolve, e toma conta da nossa mente e coração! Depois que conhecemos aquela pessoa, não sabemos mais viver sem! Ai, é tão bom amar...
Parabêns! A cada postagem vc me surpreende, com palavras que tocam nosso coração!
:D
Tantos sentimentos em um texto só... e eu fiquei sem saber o que dizer.
Gostei tanto que me deixei envolver com as palavras.
E imaginar cada cenário.
Gostei bastante daqui e estou te seguindo pra voltar sempre.
Obrigada pela visita, foi um prazer te receber por lá.
Beijo grande!
Lembrei de los hermanos agora :" O pierrot apaixonado chora pelo amor da colombina...".
Acho que não tem história melhor pro Carnaval do que um "revival" desse folclore.
Lindo o texto, como sempre.
E, é verdade, o ano começa mesmo amanhã! Que seja ótimo então! ehhehe!
E é sempre ótimo mudar de ares, o visual novo tá ótimo ;)!
ps. não tenho palavras pra dizer o quanto eu adoro seus comentarios. Sério, eu fico muito feliz ao lê-los e ver incluido a atenção e o carinho dispensandos em cada leitura. Super obrigada!
Muito bom o seu conto ^^
Vou até imprimir pra poder ler melhor (e mais vezes)... Pois assim no computador eu deixo escapar os detalhes.
Obrigada pelo carinho deixado em meu blog, volte mais vezes!
Eu com certeza irei voltar aqui neste cantinho tão gostoso! Estareia te seguir!
Bjus
Demorou mas estou de volta,grande ALF. Abração!!
O carnaval sempre inspira as pessoas...
Seu conto é ótimo,cheio de inspiração,e doçura.Eu já havia lido um conto parecido,mas não com o tema carnaval...
É...,o carnaval não dura para sempre,uma hora acaba,quem sabe no próximo ele tem a chance de vê-la novamente.
Oiiii ALF...
Primeiramente gostaria de elogiar teu blog...
Mto lindo e inspirador...
E tb agradecer a vc pelo carinho...
Adorei te ver por lá...
E tô sempre de portas abertas p qdo quiser aparecer...
Bjuuu e boa semana!
=)
Maravilhoso sua fábula, deveras com muito bom gosto, suas palavras voam em nossa imaginação, confesso que não sabia dessa sua capacidade de criar textos incríveis, uma prosa que nos faz saborear a cada linha, bom, deixo aqui meus parabéns e logo estou de volta, abraços meu irmão.
poxa, sem duvida uma linda fábula, embora um tanto triste... Gosto de escrever coisas alegres, mas não tenho talento, então só saem assim, tristinhos... Mas, como diz a música, todo carnaval tem seu fim.
Adorei o textos, a riqueza das descrições, consigo me imaginar ali, na cena...
Quero agradecer pelo seu comentário e elogio em meu blog e dizer q vc sempre será bem vindo por lá :D
Beeijos!
O sentimento do mundo - é carnavalesco. Eu tentei escrever algo assim, mas não sou tão boa autora.
Oi queridao,
Belo conto. Gostei do ritmo, tens talento. Eu não gosto de contos temáticos, raramento consigo desenvolver um.
Pretende mesmo desenvolver mais?
Já tirei otimas historias de continhos que nasceram com apenas 50 palavrinhas... deveria mesmo tentar.
Abraços!
Que bonito! O leitor consegue visualizar as personagens, você escreve muito bem.
Beijos e obrigada pelo comentário.
uau... texto maravilhoso!
Ei... obrigada pelos belos comentário viu?
Boa semana
Bjos!
own, mt obrigada
Adorei o texto, inspirados. bjs
Problema resolvido, só não creditei pq não sabia que vc tinha um blog, mas viu que não coloquei que era meu. Achei no blog da Nayara...
Aceite minhas desculpas!!
Abraços
Oi, Alexandre!
Desculpe pela demora em retribuir sua visita em meu blog! Suas palavras foram doces e lindas! Obrigada pela força e tenho certeza que logo, logo, teremos boas notícias sobre nosso herdeiro pintando por aí! :)
Achei lindo seu texto! Cheio de detalhes que me fizeram viajar na história e criar imagens lindas na minha imaginação! Estava ainda ontem tocando uma peça de carnaval chamada "A Pequena Suíte" (que "conta" a história da Colombina, do Arlequim e do Pierrot! :)
Boa noite e um beijo!
(Parabéns pelo blog tão bem escrito!)
Meu amigo ta apaixonado de novo?
Aliás,és um eterno enamorado né?E por isso é tão lindo e tem sempre a palavra certa.Tem sempre a acrescentar.
O rapaz aí de cima falou o que eu,vc e todos que te lêem já sabia.VC TEM MUITO TALENTO!
Se eu gosto?Mais que pão de sal quentinho.
Bjooooooooooo
Quando o assunto é amor, tudo é meio complicado, Alf, quando não deveria ser, né?
Mas você, como sempre, soube dar bom tratamento ao tema.
Aquele abraço!
Olá!!!
Muito lindo o texto, imaginei toda a cena!!!
Parabéns!!
abraço
Apesar de não gostar de carnaval, sua fábula ficou linda, pois até nos carnavais amores como este podem acontecer.
Bjus e bom findi menino!
Gostei muito no novo visual do blog, ficou a cara dos seus textos.
Gosto muito do que vc escreve, vc realmente tem o dom das palavras.
Gostei da fugida que vc deu, ficou ótimo!!
Obrigada pela visita!
Beijoos'
O cenário...
Os personagens... Encantadores!
Vc anda escrevendo contos maravilhosos!
Adorei o texto! Quem tam talento consegue se inspirar com o carnaval e escrever coisas lindas, amor de carnaval! Parabéns pelo seu talento!
Beijos
Às vezes acontece de o amor não ser o mais conveniente... Muitas vezes a escolha é difícil entre o colorido de uma nova paixão e a segurança de uma relação já estabelecida.
Enfim, lindo! Amo coisas tristes, desencontros são muito humanos. Parabéns!
São em horas assim que gostariamos que a magia do carnaval continuasse para sempre.
Adorei.
beijos Alf (:
aaaa que liindo *-*
amor é assim, dificil de se explicar e simples, acontece de forma inesperada! boa semana. beijinhos. :*
Meu querido e doce Alf!
Aqui estou eu recuperando a leitura do seu blog e estou assim "nas nuvens" acabando de ler essa linda historia. Incrivel como suas historias sempre tem esse teor de ALMA, esse teor de DENTRO, que supera o fisico, acho isso simplesmente maravilhoso em voce! Essa sua procura, primeiro do SER HUMANO, depois do AMOR... Ate uma historia de carnaval nas suas maos se torna uma historia profunda, com a descricao dos passos, dos olhares, dos sentimentos.
AMEI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Saudades de le-lo meu amigo! Muitasssssss saudades.
Beijos carinhosos, com amor
MARY
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