Fora de sintonia

18 de julho de 2015

Arte por: Alex Cherry



Tenho servido meus pensamentos com serenidade e calma, tentando dissuadir as circunstâncias do que vivo para ser capaz de seguir adiante. É numa pegada suave que direciono meus esforços no entendimento da dimensão dos dias, ultimamente tão letárgicos. O olhar parece meio distante em meio ao acúmulo de experiências, em resposta ao alvoroço pela qual não tenho me adaptado. Sinto-me díspar, como se tudo ao redor fosse efêmero, apenas um esboço desfocado.

Tênue é o caminho pelo qual me lanço – com certo receio – sem imaginar o que me aguarda. Sinto como se algo não encaixasse, não servisse ao propósito pelo qual me apresento. O horizonte nunca esteve tão nublado quanto antes. O amanhã nunca esteve impenetrável. Amparo-me em súbitas esperanças, na tentativa de aplacar um pouco essa desconhecida aflição. Pareço meio fora do trilho, em desequilíbrio com a ordem vigente. É coisa de momento, situação essa que me desorienta e me larga à margem, perdido e sem direção.

Segrego sonhos em um fino desconforto, senso que desorienta meus mais sagrados passos. Em desalinho me altero, buscando encontrar o prumo, a rota para minar os temores e o cansaço dessa paralela busca. Arduamente luto para realinhar a órbita do coração, equalizando a frequência dos meus pensamentos, da minha larga fé e meu colo tão denso e farto em amor. Ando sem sintonia, sem sentir a sequência das horas, a passagem dos dias e dos abruptos momentos que, por fim, sacolejam minha saúde.

Vou apelando à minha alma, sedenta pelo sorriso derradeiro e pelo abraço caloroso dos raros dias, um momento de glória, uma ocasião onde os braços possam vibrar pela cálida felicidade. Tudo tem me deixado distante, longe em algum lugar, à parte do que se segue, do que flui e nasce. Mas é com destreza que vou desvencilhando dos elementos que lesam a frequência do meu sinal com o mundo, com a vida. É uma batalha diária e franca, para novamente voltar ao eixo e seguir adiante. Vou na fé.


Aspas do Autor: Espero em breve afinar as cordas. Tudo anda muito desafinado...

5 comentários:

Bandys disse...

Oi Alê,
Seus textos são tão intensos que da vontade de ler, reler
e ficar aqui pensando na vida.Viva sem bussola, com esses passos
que voce mesmo ja disse são sagrados. Se são sagrados eles te levarão
ao pico e la você saberá voar. Voemos juntosw.

Beijos, te amodoro, nunca desista... se nós desistissimos um do outro não estaríamos aqui contando historias.

Ariana Coimbra disse...

Lindo, intenso. Tua narrativa continua encantadora.

Um beijo

Vitor Costa disse...

Que saudade estava daqui, meu amigo! E é ótimo saber que voltou a se inspirar para escrever mais um desabafo em forma de pérola. Seu modo de escrever me traz uma paz indescritível, Alexandre.

Falando nisso, preciso adquirir seu livro, precisamos conversar rsrs

De resto, como você disse: "Vai na fé"

Abraços!

Carol Rodrigues disse...

Mesmo no horizonte mais nublado, uma hora ou outra venta. Espero que essas nuvens dissipem logo ♥

Carol Russo S disse...

Existem momentos, fases da vida, em que vamos, realmente, deixando certas coisas de lado, nos questionando sobre quem somos, quem seremos, sobre tudo o que vivemos até então...
"Buscar encontrar o prumo" é, realmente, a melhor solução, Alexandre, mas não se esqueça de que ninguém mais além de você merece toda a oportunidade do mundo de ser feliz. Busque tua felicidade.
Lindas palavras, amigo! Abraço!