Simbiose

10 de março de 2012




Eu toco a vida e padeço na sua força. E nem mesmo assim sou capaz de discernir esta energia que sufoca meu peito com pesados sopros de realidade. O produto das vivências se altera no meu íntimo, latejando o profundo de mim com centelhas frias e sensações inóspitas. O corpo acentua sua inconsistência em resultado a essa força desconhecida tão inerente em tudo. Mas ainda assim percebo um suporte a se envolver pelo ambiente. Não entendo e jamais vou entender esta energia que me permite desaguar. O desconhecido é amargo no início, contudo, seu sabor muda na medida em que eu o degusto.

O olho pisca pesado, mas sinto a latência confluir suavemente no coração. Sou ser em excesso, um ser embrionário de um mundo experimental. Às vezes me considero um louco ao captar detalhes assim tão imperceptíveis. Mas a loucura por vezes me deixa são. Porque consigo ficar paralelo aos circuitos que doam o locomover do meu suor, a energia que permite o coração bombear o sangue. Apenas não sei nada sobre o que me atinge e me encanta. Fico anestesiado e entorpecido por esta muda incompreensão, esta sensação impertinente que cutuca o revestimento do peito e afeta em plenitude os contornos do coração. Todavia, noto a cor colorir o que é cinza e o ferro se transmutar em diamante.

O sorriso acentua diante do que nem sei definir. A emoção apazigua meu ser, quando se menos espera. É difícil discernir um pouco o que me faz vibrar dessa forma, o que concede à alma um deslizamento em um intenso teor de paixão, de uma energia que não sou capaz de mensurar. Vivo a vida e a vida vive em mim. E no que concerne aos sentimentos, não consigo responder à altura. Ao menos não com um olhar totalmente ciente. Cumprimento os momentos na confiança, sob a mão doce e cúmplice do meu coração, que diz para sorrir, para transparecer nos olhos a verdade em mim. E mesmo sem entender, sem sequer mensurar, sorrio e emociono em resposta a todos os detalhes que me comovem.

O que nasce em mim é resultado do que vejo e sinto. Meu íntimo se preenche em comoção e sussurra em sons de pura ternura, enlaçando-me em um demasiado sentimento puro. Apenas acredito e sinto, tranquilizo o peito com esta canção de ninar que ecoa da formosura que flutua escondido pelos revestimentos invisíveis da vida ao redor. Sinto-me íntimo e parceiro do mundo, de tudo o que me cerca. Isto me traz eloquentes anseios e me enchem com desejos sinceros e autênticos. Embora deva confessar que é um processo árduo viver e ter que lidar com a magnitude de tudo, porque há um limite que me freia; há uma fronteira que impede meus passos de seguirem; os olhos de enxergarem; o coração de sentir; a mente de entender.

As sensações se misturam e se confundem. As lágrimas doces e salgadas se chocam em uma muda intervenção dos céus. É difícil suportar a dimensão do que nasce no mero movimento que faço e no ridículo e mínimo esforço que o peito faz para respirar o ar rarefeito desta magia. Mas é nesta mistura entre eu e a vida que a inspiração ressurge; que as flores do jardim brotam e os frutos do aprendizado nascem. É no impecável resvalo do vento em mim que o encanto se esparrama pelo meu ser e no ar se multiplica, em profunda simbiose. Meu olhar fica translúcido em emoção; meu sorriso se intensifica em sinceridade e uma sensação de conforto se apresenta no meu inocente semblante.

O meu limite humano se contrapõe à ilimitada essência que me abraça, mas ainda assim me maravilho com a possibilidade de avançar. Viver é um ato que faz meu finito ser, cruzar com a infinita grandeza do divino. Mas consigo enxergar por frestas a possibilidade de prosperar. Desta forma cresço ao capturar os detalhes pouco notados, e os utilizo para evoluir, para estender os limites da fronteira e para a alma progredir. É nesta bonita e incomensurável interação entre o que há ao redor e o que há em mim, que o encanto em viver faz sentido e a poesia surge, como uma verdadeira simbiose entre a vida e eu.





Aspas do Autor: É um texto bem diferente do que costumo escrever, mas meu íntimo anda assim meio embaralhado. Ultimamente ando sem entender o que se passa ao redor. Há um desconhecido me cercando. Algo que não consigo mensurar me entorpece. Mas por vezes sou atingido por emoções que se diluem na alma, confortando um pouco os recantos da alma. Estou um pouco anestesiado, indiferente e silencioso. Não sei bem o que fazer, mas algo me deixa distante... Muito embora a poesia esteja abundante e os motivos sobram pra sorrir... Não entendo bem esta transitoriedade, mas vou vivendo e respeitando.

12 comentários:

Anónimo disse...

Olá Alexandre,

Apesar de todas as nossas limitações, medos e frustações, somos maravilhosos.

Beijos de luz.

Ale disse...

Somos a soma de tudo que vivemos, daí essa mistura de sensações,


Um beijo!

Anônimo disse...

Estou apaixonada pelo seu texto!
Muito!
Ele transborda sentimentos. Li duas vezes e provavelmente lerei várias outras.
Um beijo

Flor

Anônimo disse...

Eu estou sentindo esse desconhecido chegar aqui no peito. Eu me sinto angustiada às vezes. E alheia a todos. Abraços, meu amigo.

Luzia Medeiros disse...

Eu admiro esse dom que você tem de misturar as palavras, de nos envolver com milhões de sensações, que nos prende totalmente.

Beijos, beijos no coração.

Monique Premazzi disse...

Calma amigo, é normal se sentir dessa forma, meio perdido no seu próprio mundo. Eu mesma já me senti assim várias vezes, como não conhecesse mais quem sou, meio desarrumada no meu interior. Mas tudo se arruma, certo? Tenha paciencia com essa fase da sua vida.

Adorei o texto. Lindo, como sempre!

Beijos,
Monique <3
http://www.secretsofalittlegirl.com/

Gleica Naiane...Pocahontas disse...

Então, procurei das outras meninas, mas, o blog delas sumiram. Trago a de jaru então, beijo.

http://belatagarela.blogspot.com (:

Bandys disse...

Ola amigo,
Nossa que texto. Me faltam as palavras...Os olhos brilham
Viver é um ato de amor, de paciência, de beleza..Você sabe disso Alê, e transborda pela pele e a flor nasce.

Deixo uma musica que é linda se puder escuta:

Onde Deus Possa Me Ouvir
Vander Lee

Sabe o que eu queria agora, meu bem...?
Sair chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Quem me oferecesse um colo ou um ombro
Onde eu desaguasse todo desengano
Mas a vida anda louca
As pessoas andam tristes
Meus amigos são amigos de ninguém.

Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender porque se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber

Meu amor...
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir
Minha dor...
Eu não consigo compreender
Eu quero algo pra beber
Me deixe aqui pode sair.

Adeus...


Fique em paz,

beijos sua amiga

Miksileide P disse...

Tudo é tão complexo, mas cabe num breve sopro. Realmente uma simbiose que nem precisa ser explicada, a vida dá conta disso. Mas a poesia e as letras deixou bem mais bonito ...
Lindo, lindo, lindo texto, nunca gostei tanto de ser uma metamorfose que nunca terá fim ...

Sopros de luz...

Blog Love In Red disse...

Em, então, tu percebeu ali em cima esse recado:

"Então, procurei das outras meninas, mas, o blog delas sumiram. Trago a de jaru então, beijo.

http://belatagarela.blogspot.com (: "

Então, a doida aqui (Eu) esqueci que estava no blog da minha amiga, estava mudando o blog dela, e estava com a janela do seu blog, ai comentei e foi pelo login dela, mas, o link está ali da moça que tem blog, é de Jaru.

>.<'

Lunna disse...

É assim mesmo, as coisas embaralham pra depois se encaixar.


Beijos

Paixões e Encantos disse...

Olá meu amigo como estás»? Passando para te ler e para te desejar um


Feliz fim de semana,beijo

Carla Granja

http://paixoes-encantos.blogs.sapo.pt