O despertar

28 de maio de 2011


 

Em um local muito distante, mas muito próximo de tudo, vivia um singelo senhor. Porém, dada à ocasião, viver era uma força de expressão. Ele não vivia, ficava trancafiado noite e dia em seu quarto em frente à sua escrivaninha. Vivia a rabiscar com em seu velho caderno de notas. Era um escritor. Mas o tempo o fez perder o maior dom que já teve. Jamais fora o mesmo dos grandes best-sellers, nem das entrevistas famosas e dos tão desejados autógrafos. Tornou-se um escritor jogado na gaveta, era só mais alguém nesse vasto mundo.

Naquela noite, lá estava, novamente em sua escrivaninha se debulhando em angústias e tormentos. Já era comum estar ali preso em suas dúvidas, com papéis rabiscados e outros rasgados. Não conseguia, há um bom tempo, formular um texto sequer, nem uma frase decente. Definitivamente era mais uma noite triste, acuado naquele quarto de aspecto horroroso, com roupas espalhadas, restos de comidas, cigarros no chão, e grandes teias de aranha em sua pequena estante de livros. Aquele pandemônio jamais o afetou, nem ligava mais, tinha perdido seu ânimo e o seu elemento mais precioso: a inspiração.

Aquela noite, como todas as outras anteriores, tentava iniciar o único livro que jamais terminou, mesmo sabendo que era inútil, tentava e tentava... Mas não chegava a criar sequer dez linhas. Talvez o erro fosse o nome do protagonista, ou o enredo em si, algo não se encaixava. Cansou de mudar o nome dos personagens, alterou levemente o enredo, mas nada parecia colaborar. Essa noite também não rendeu. Acabou caindo de sono e dormiu. Sem saber o que lhe aguardava.

Às cinco da manhã acordou com um barulho vindo de sua biblioteca. Ficou parado ali um pouco desperto e depois praticamente se arrastando em pé foi ver o que acontecera em sua biblioteca. Depois de muito tempo saíra do quarto, parecia que entrava em outro mundo. Ao adentrar sua biblioteca, que continha toda a sua coleção de livros, desde próprios a de outros grandes escritores, se espantou. Viu que sua estante desabara devido ao apodrecimento da madeira. A sujeira e todo o mofo lhe nausearam. Notara que ficara muito tempo longe de sua tão amada biblioteca.

Entristeceu-se um pouco e se encaminhou para sair, nisso tropeçou num pequeno livro amarelo com uma capa deslumbrante e brilhante. Era a tão valiosa primeira edição de seu primeiro livro e best-seller, Alvorecer de Um Novo Dia. Um livro a qual ele sempre se encantou, continha um enredo fascinante, contava a história de um homem desiludido e fracassado, preso em suas dúvidas e temores, que com muita perseverança conseguiu abrir os olhos e descobrir uma nova vida, um novo recomeço.

Parou um pouco, folheou-o, e se viu naquela história... Refletiu e algumas lágrimas caíram faceiras de seus olhos, seu coração começou a pulsar intensamente e com muita vivacidade. Nunca mais tinha sentido uma coisa assim. Pegou o livro, segurou-o firmemente e seguiu até a sala. Alguns raios de luzes trespassavam a janela, mas a cortina impedia. Decidiu que agora seria diferente, agora mudaria e deixaria a luz entrar em seu coração.

Ao abrir se deslumbrou. Jamais vira coisa tão bela. Nunca se deu conta da vista linda que tinha ali, bem ali pertinho, um nascer do sol magnífico, reluzente e divino. Respirou profundo e novamente se descobriu. Parecia que tinha despertado de um longo sono. Sentiu-se renovado. Suas preocupações sumiram, suas dores cessaram, seu ânimo nasceu. A vida lhe deu outra chance. Como num passe de mágica rascunhou todo um livro em sua mente brilhante. Começaria agora mesmo seu novo livro, e iniciaria uma nova vida. Não perdeu tempo, foi pra escrivaninha e escreveu sem parar. A felicidade voltara. Seu livro se chamaria O Despertar da Vida.

-
Texto originalmente escrito em 6 de dezembro de 2006.



  

Aspas do Autor: Este é um conto bastante especial que me sensibiliza sempre que releio. Eu dei apenas uma revisada. É dos primeiros e mais antigos, escrito no meu aniversário de 2006, quando eu completava 21 anos. Na ocasião este texto inaugurava um outro blog que eu cheguei a abrir, mas que hoje não existe mais. Na época eu já escrevia há um ano em outro blog, o "Preso no êxtase temporal". Este aqui, o "Elos" nem era projeto. Desculpem não oferecer algo inédito, eu não ando bem com a escrita ultimamente. Mas existem coisas do meu passado boas para se ler e reler, e aprender algo. Uma ótima semana a todos.

Há tempo

21 de maio de 2011




Ainda há tempo; tempo para abrir os olhos, poder caminhar e vislumbrar o brilho que se ostenta lá no céu. Temos chance ainda de soltarmos nossas amarras do preconceito, da hipocrisia e do desrespeito, para darmos espaço à igualdade, fraternidade, a paz, ao amor, a esperança e a tão sonhada felicidade. Temos tempo ainda para pedirmos perdão, esquecermos mágoas e podermos viver a vida tranquilamente. Ainda está na hora de provocarmos uma mudança em nosso guarda-roupa; uma renovação em nossas atitudes; uma adaptação em nossos comportamentos; uma releitura em nossa mente; uma reconstrução em nossos valores; e de reconquistarmos as velhas amizades.

Ainda tem tempo para apoiar, crescer e seguir firme, acreditando em nós e na vida. Temos muito tempo para revermos os erros, os tropeços, nossos trajetos, nossas escolhas, dores, sucessos e conquistas. Talvez com isso possamos mais à frente estabelecer uma melhora considerável em nosso jeito de ser, de viver e de estar. Existe ainda tempo para melhorar o ser humano que temos dentro de cada um. Ainda temos tempo de dar meia volta e corrigir certas falhas. Temos tempo ainda para aproveitar bem a vida, mas que seja de uma forma digna, merecida e feliz. Ainda temos tempo para abraçar, beijar e amar e encontrar quaisquer razões que nos movem. 

Ainda há tempo. E tempo é o que não falta para enfim criarmos coragem e sairmos de nosso casulo emocional, de nossa prisão física para saltitarmos pelos jardins da vida, soltos, leves, e sinceros na arte de viver, sem medo de ser feliz ou com receio de encarar a luz, a realidade, ou as pessoas. Temos esse tempo para refletirmos e pararmos para enxergar a importância de pequenos gestos, o sublime contentamento com as coisas simples, e o essencial valor do mundo, das pessoas e de nós mesmos. Ainda há tempo para pintarmos uma nova paisagem em nosso horizonte e um novo brilho em nossa noite. Ainda há tempo para tornarmos nossos dias mais especiais e para realizarmos tudo o que desejamos e sonhamos.

Ainda há tempo para ser feliz.
Basta que caminhemos juntos, e de braços dados.

-
Texto originalmente escrito em 25 de dezembro de 2007.





Aspas do Autor: Um texto lá do natal de 2007, com uma leve revisão. Acho ele muito bonito, por conta mensagem que pude passar. Estou postando-o porque no momento este texto é muito significativo para o meu momento. Ele conforta. No mais é um presente meu para quem nunca o leu. Uma ótima semana para todos.

À procura

14 de maio de 2011




No momento estou a vagar sem ter um rumo definido. Parece-me que tudo que passa ao redor, passa em vão. E não era assim. Nunca foi assim. Parece bobo dizer, mas procuro um elemento que me deixou há muito tempo. E definitivamente a culpa é meramente minha, principalmente por esta sensação de esvaziamento que preenche meu ser. Eu sou o único responsável por esta imagem em preto e branco que visualizo no horizonte. Porque há uma ausência em mim, causado apenas pela minha descrença.

Este esgotamento tem me causado sérios problemas. Um deles é a fraqueza do persistir. Não que eu tenha renunciado, ou não acredite mais. Eu apenas me sinto cansado. Sinto-me sentado numa relva a esperar o sol nascer e ele nunca chegar. A vista está cansada, a fadiga toma conta do ser. A grande dor na verdade, é este embate diante da incontestável fraqueza. É um duelo ferrenho entre minha sagaz luta em acreditar, e a sensação de desistência proveniente da frustração em esperar, esperar, esperar... E a luta mal começou.

Não sei onde ocultar meus delitos. Nem mesmo sei encontrar palavras para descrever esta estranha sensação. É um estar e não estar. Mas sou humano demais para compreender a dimensão do que tenho vivido. Mas tenho que suportar. É preciso que eu suporte. Mesmo que agora eu tenha outra meta, que é encontrar a mim novamente. Porque afinal, vejo-me olhando para todos os lados e mesmo assim não percebo mais aquela magia tão intrínseca. Estou em todos os cantos e não estou; meu senso de direção parece desregulado. Quanto mais descanso, mais o cansaço aumenta.

Não há mais uma sincronização perfeita da minha alma com o ambiente ao redor. Esta sensação de vazio é o sujeito que está a me deixar assim extenuado. Um arrebate que vai além de qualquer sensação física. Portanto, no momento, não sei bem o que viver, nem o que me locomove, mas sei bem o que no momento estou à procura. Estou à caça de um realinhamento, do conserto da minha bússola interna. Estou à procura da verdadeira razão que me torna o ser que sou; as reais importâncias para que eu continue a persistir.

Só me encontrando novamente é que poderei seguir o caminho, o caminho dos meus sonhos; o da minha inteira felicidade.
 




Aspas do Autor: Desistir não é uma palavra que existe no meu dicionário. Um grande carinho para todos e uma ótima semana.

Acredita(r)

7 de maio de 2011




Acredita
E sinta a verdade te abraçar
Tenha fé no amor
Que a paz te alcançará

Acredita
Perceba a fluência amansar
Tenha sensibilidade
E não deixe de sonhar

Acredita
Há respostas para a prece
Sinta com louvor
O amor que te aquece
 
Acredita
A felicidade está ao lado
Aceite com leveza
O teu destino é abençoado
 
Acredita
Não tenha pressa do amar
É uma certeza
Para quem sabe esperar

Confia
Na esperança e no sonhar
Alimente a alma
Com a força do acreditar





Aspas do Autor: É preciso restaurar um pouco a leveza da alma, para continuar a firme e difícil busca pela felicidade. E o primeiro passo é fortalecer os sonhos e o próprio acreditar. Bem, é isso. Neste mês de maio, indico um blog muito encantador e repleto de amor nas palavras, o blog da Thalita. Quem quiser conhecer, irá se encantar com a sensibilidade dela. Uma ótima e maravilhosa semana para todos.