(In)terna revolução

22 de junho de 2013




Quando percebemos o calor das inquietações, acenamos envolver os mistérios, jogá-los ao céu com o intuito de desembaraçá-los. Aguçamos o olhar. Os erros ficam salientes. É preciso, muitas vezes, a retomada do nosso equilíbrio. Em meio a tantas reflexões, caímos em si. O mundo não precisa de um alinhamento. Quem precisa somos nós mesmos. Uma mudança de olhar, uma virada de rosto, um passo à frente. Qualquer gesto muda tudo ao redor. Uma atitude principia a alternância do clima. A palavra de ordem é revolução. 

Quando nos enfileiramos ante nossos demônios, e guiamos a vontade ao centro nervoso dos delitos interiores, acusamos o que decididamente nos desorienta e acomoda. Não dá pra ficar à parte. As maiores mazelas moram dentro de nós. Nossa doença adoece o mundo. Nosso olhar fatigado anui o câncer que vive à custa de nossa inoperância. Será possível domar o que nos eletrocuta com doses significantes de apatia? Sim. Viremos a página então. Façamos revolução e manifesto no mundo que mais nos aprisiona e nos entorpece: o interior. 

Que a luta seja abalizada com ternura, colhida com a maciez propícia de quem realmente se propõe a se curar, a dar vida às cores desbotadas pelo tempo, e mudar as vestes, os calçados. Esta mudança (in)terna ornamenta os caminhos com legitimidade, com a essência humana e necessária para dar novos tons ao que se pendura ao redor. Que a gente desacomode e finalmente intervenha pela mudança estritamente imprescindível à alma. Com destreza e delicadeza. Sem causar vandalismos na pátria que construímos dentro de nós ao longo dos anos. 

Que a caminhada seja firme – e pacífica, mas focada na retomada dos verdadeiros objetivos. Sempre há tempo de (re)florescer. Sempre há, ainda, possibilidades de mudanças sérias, capazes de alterar o curso do rio e alternar o clima a condições favoráveis. Revolucionemos a nós mesmos e teremos dado um passo mais que certeiro para mudar o mundo. O mundo é reflexo de nós. Sua manutenção é espelho de nossas ações. Que a revolução seja autêntica, terna e ancorada no coração; íntegra e impulsionada por nossos sonhos mais altivos. 

Que a mudança seja regada primariamente dentro de cada um de nós. Afinal, nenhuma planta cresce se a água não chegar primeira à raiz.



Aspas do Autor: Mesmo em meio a tantos defeitos, nunca fui de fazer nada de maneira vazia. Eu sempre fui de executar as mudanças primeiramente em mim, para depois exercer as mudanças de fora com mais ímpeto e veridicidade. O ato pra mim precisa ser espontâneo. Por isso só faço algo quando ele nasce dentro da alma. É no que acredito e vivo. É o princípio que carrego comigo. Pena quem nem todos são assim... Tenho visto muito grito dito da boca pra fora. É realmente triste...

11 comentários:

Anónimo disse...

NOSSA!

Alexandre, estou passando, apenas pra te dizer que a menina não
aguenta com aquele peso todo. Já pensaste? ELA SENTE.

Beijos afetuosos.

PS: não li o texto. Voltarei, se Deus quiser.

Bom domingo, com amor e luz.

Nathália Souza disse...

Não sei dizer o quanto eu precisava ler algo do tipo. Não sei também se te dou parabéns ou obrigada!

Juliana Lira disse...

Oi Alexandre,

Apreciei o teu texto como quem aprecia o espelho. Tenho observado isso também. Mas os gritos são tão altos em volta que silenciei e fiquei só observando. E é meio assustador.
A mudança parte mesmo de nós. Infelizmente eu ainda estou longe do que queria ver no mundo. Ainda tenho muito, muito a melhorar.

"A nossa doença adoece o mundo".

Amei o texto e o blog. Estou seguindo e espero que vc também passe lá no meu cantinho.

Beijos

www.reticenciando.com

Anônimo disse...

Eu sou à favor de olhar para a frente e para o alto - sempre. É claro que não iremos esquecer o passado (jamais), mas também não é possível viver sob a sombra do mesmo, remoendo.
Revolução sempre, meu caro.
Abraços.

Anônimo disse...

Hola Alexandre llego hasta tu sitio por un comentario tuyo en otro blog, si me permites me quedo para seguirte!
Te dejo un fuerte abrazo desde Uruguay!

http://perfumederosas-cristina.blogspot.com/

Ariana Coimbra disse...

A mudança que vem de dentro, a mais difícil de colocar em execução.
Mas que tento todos os dias, minutos e segundos.
Sempre consigo mudar alguma coisa, mas nunca sentimentos.

Ai Alê, não sei o que dizer, desculpa!
Lindo texto como sempre!

Beijos

Anónimo disse...

Oi, querido Alexandre!

Ler teus textos é algo que me dá um prazer imenso, quer pelos temas que tu desenvolves, tão brilhantemente, quer pela maneira como tu te posicionas, na escrita e no mundo.

AQUI, TUDO é IN(TERNO)!

Teu texto fala, muito indireta e metaforicamente, do que se está passando na tua pátria amada.
É um gigante, pois é, mas de que serve ser tão grande, se a cabeça, as atitudes cerebrais de cada um, não se revolucionarem.

Olha, Alexandre, são séculos, pensando e agindo do mesmo jeito, e mudar de uma semana para a outra, é, no mínimo, lirismo.

CORRUPÇÃO, BANDITISMO E CRIME ORGANIZADO OU NÃO, são os "emblemas" do teu país (me desculpa, mas tenho de dizer, o que sinto).

Claro que serão muitas as causas, que levam as pessoas a entrarem nesses esquemas. Noutros casos, será a própria maldade lhe está no sangue, como por aqui, se diz.

Jean Jacques Rousseau, filósofo francês do século XVIII, dizia que o Homem nasce naturalmente bom, mas que depois é a sociedade que o estraga. Talvez ele tenha razão, mas há gente que nasce com o maligno dentro de si, e tu falas de câncer, no teu texto, e até tens muita razão, porque se não estivermos bem connosco, como poderemos estar com os outros, e fazer algo em prol de terceiros?

Tens duas frases no teu texto, que nunca li, em algum livro, nem ouvi ninguém dizer, só que reproduzi-las, agora e aqui, não me é possível, porque a janela pop-up dos comentários, embora se podendo deslocar, não deixa que eu as visualize, e eu já não me lembro, exatamente, delas. Ah! Consigo ler uma, a última: "Afinal, nenhuma planta cresce se a água não chegar primeira à raiz".

É verdade, o que dizes: as bases são importantíssimas para qualquer um de nós. Caso não as tenhamos, não conseguimos nem sequer construir o rés do chão da nossa "moradia" .

DEVERÍAMOS TER TODOS, TAL COMO AS COLUNAS, BASE, FUSTE E CAPITEL, mas... por vezes nem colunas somos, nem sabemos ser, somos "coisas".

É URGENTE UMA REVOLUÇÃO DAS MENTALIDADES, PARA QUE SE COMECE A EDIFICAR O EDIFÍCIO PARA OS TEUS NETOS, ANTES NÃO VEJO POSSIBILIDADES DE HAVER FRUTOS.

Deus queira que eu esteja sendo pessimista, e que tudo se recomponha bem mais cedo.

TU ÉS JOVEM, E MERECES O MELHOR.

Resto de boa semana, com IN(TERNA) atitude.

Beijos afetuosos da Luz, que muito te aprecia como escritor e amigo.

Anónimo disse...

Oi, querido, eu de novo!

As maiores mazelas moram dentro de nós, disseste tu no teu texto.

SIMPLESMENTE ESTUPENDA E MUITA LÚCIDA, TUA AFIRMAÇÃO.

Andas estudando Psicologia?

Beijos, com ternura e apreço.

TOM MORAIS disse...

Você realmente consegue melhorar á cada texto. A revolução só acontece quando enfrentamos nossos demônios. Adorei as metáforas.
cronicasdeumlunatico.blogspot.com.br

Moça disse...

E é sempre assim. A mudança primeiro tem de vir da gente. Impossivel exigir que venha de fora antes de nos penetrar.
Mto bom o texto, de novo!

Bandys disse...

acho que sou uma semente

beijos