(In) Fértil esperança?

9 de março de 2013




Hoje levantei com as sensações reprimidas, o desejo escondido e os sonhos ofuscados. Hoje foi dia para acordar e rasgar os olhos diante deste mundo cão. Eu quero muito acreditar. Quero ainda ter a esperança por dias melhores, a crença fiel por pessoas de olhar transparente e de gestos inocentes. Quero muito crer na força sincera que corre pelo coração das pessoas e que anda tão mascarado ou abandonado.

Ainda espero vislumbrar com mais frequência, apelos sinceros de humanos famintos por amor; achar passos tranquilos, corações palpitantes em doçura. Ainda quero muito acreditar nos olhos sinceros, no abraço fervoroso e dedicado, no aperto de mão firme, na companhia autêntica; num apoio verdadeiro. Quero muito acreditar na boa fé, no desejo real das pessoas em serem felizes, de palavras francas e silêncios condizentes. 

Não quero perder a confiança no gracejo espontâneo, na troca fidedigna de gestos cúmplices, no toque febril de peles apaixonadas e no roçar poético de gente que rima em sintonia. Ainda quero sentir almas preenchidas com porções raras de sensibilidade e descobrir a cristalina emoção de enxergar a matiz cativante do amor. Hoje os olhos acordaram perdidos, ancorados na débil e (in) fértil esperança pelo essencial. Mas a alma não cogita desistir. Só pensa em insistir no sussurro legítimo, no deleite aninhado na textura macia de uma mão acolhedora.

Mesmo perdido, e com o coração embaçado, ainda creio em sussurros que valham a pena e arrepiam os pelos do corpo, eriçando o coração com sentimentos decotados por um inestimável e belo querer. Minha tenacidade é que bombeia sangue à tão abalada esperança. Não quero diluir a minha obstinação. Quero permanecer firme nesta incessante busca por relíquias fiéis e cheias de ternura; por momentos únicos e demasiado marcantes; por delicadezas exiladas no limbo de cada um.

Abrando o íntimo sem deixar de acreditar na franqueza solene da amizade e em sorrisos faceiros de almas inteiras. Não quero perder a fé na verdade das palavras, no afeto despretensioso e leal; nos homens de verdade. Quero encontros banhados em ternura e presenciar amores que vivam eternamente. Ainda creio na leveza do semblante, em almas desejosas por sentimentos autênticos e encantos fortuitos. Quero muito manter esta crença no bonito das pessoas, nos sonhos adornados com a firmeza em viver.

A esperança passeia triste pelo peito, minando o íntimo com a vã perspectiva por refrãos de melodia nunca ouvida, por suntuosos e cordiais sentimentos. A vida rega, mas não sei até quando, esta fina e abrangida fé pelo afeto desmedido e pela dádiva preciosa de companhias fiéis. Quero muito que meus olhos mantenham o foco pelos dons embutidos no jeito belo e singular das pessoas. Passeio acreditando, vivo me sustentando pelos relevos do meu jeito utópico de olhar a vida, sob a minha fragrante fibra e meu adornado coração. Sei que é possível captar tesouros sob o véu da vida e sob a pele opaca dos homens.

É a esperança pelos presentes mais bem embrulhados que me move e me dá o gás para continuar. Por quanto tempo não sei. Espero sinceramente não a perder. Não quero que esta chama tenha data para findar. Lá no mais íntimo de mim, ouço como sinfonia, um sutil e delicioso mantra: o amor. É o que me mantém, por enquanto.



Aspas do Autor: Sabe aquelas horas pesadas, que entristecem o peito? Foi assim com essas letras. Refletidas na obscura visão de dias recheados com incerteza.

14 comentários:

Simone Oliveira disse...

Um dia acordei exatamente assim, cheia de fé em quem, algum dia, vai aparecer e mostrar que vale tão a pena acreditar que ainda existe uma coisa boa dentro de cada um de nós. Desde então, nunca mais acordei sozinha, agora sou cheia de amor.

Beijo grande ^^
PS.: Sumi não. Andava viajando e ficou difícil dar uma passadinha pelos blogs...

♥Sophie♥ disse...

Você escreve de uma maneira belíssima, os seus textos encantaram-me em demasia.
Vou seguir, com todo o prazer este lindo blog.

Beijinhos

Mafê Probst disse...

Acredito que esse teu querer é um querer de muitos. Essa vida anda tão extinta de sentimentos puros, inocentes e bonitos que compreendo perfeitamente essa tua tristeza. Mas, se você procurar bem, é possível encontrar esses amores e arrepios.

Um beijo doce,
MF.

Bandys disse...

Os fantasmas sempre estarão presentes, cabe a cada um conquistar o amor.


Amor em paz

Eu amei
Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar

Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz
Vinícius de Moraes

Beijos menino do elo....

Unknown disse...

Alexandre, lendo seu texto me lembrei da música "Onde Deus possa me ouvir" do Vander Lee, conhece? Tem dias que acordo assim também, me questionando, e me sentindo de uma jeito estranho, até melancólico para ser sincera. Mas o importante é não perder a fé na humanidade. Já tinha quase perdido a minha, quando ela novamente foi reavivada pelo amor. Enfim, um belo texto!

Abraçao,
Humble Opinion

Bandys disse...

Voce é d+.


Feio!!

Beijos
Sua amiga sempre

Luzia Medeiros disse...

Ale, mesmo diante da obscuridade dos dias pesados é preciso acreditar no brilho de lindas manhãs de sol brilhantes.

E tudo vai melhorar.

Lindo texto!

Beijos.

Renato Almeida disse...

Você escreve muito, adorei cada palavra desse texto. Foi simplesmente um encaixe perfeito. Todos nos temos esses dias, na verdade eles são já parte do nosso cotidiano, recheados de sentimentos horas bons, outros ruins, mais enfim isso é a vida. Muito bom mesmo. http://desventuras-em.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Alexandre, estou esperando ansiosa pelo próximo texto. haha

Um beijo carinhoso!
Humble Opinion

Anónimo disse...

Oi, Alexandre!

Agradeço a indicação de sua foto no twitter.
De perfil é bem diferente do que de frente.
E porquê, perguntará você?
De perfil, fica com ar de sonhador, um tanto "perdido" num horizonte bem definido, contudo. Tem até um ar de pessoa distante, o que não corresponde à verdade.
De frente, é aquele homem, de testa alta, o que demonstra inteligência e frontalidade, com amplo sorriso, que convida a viver e ter sempre esperança e boa disposição.

Já alguém lhe disse: VOCÊ ESCREVE MUITO BEM E COM SENTIDO DE ESCRITA? (parece pleonasmo, mas não é).

Então, lho digo eu, que estou acostumada, por profissão e por feitio a distinguir o trigo do joio.

Quando leio comentários nos blogs, em geral, as pessoas, para serem cordiais e simpáticas, dizem: lindo post, está demais. Será que leram/entenderam?

Eu li seu texto, NA ÍNTEGRA. Não o sei de cor, obviamente, mas fiquei com a ideia, o sabor, o cheiro e a cor dele, das suas palavras em minha mente.

Nada é infértil, Alexandre, e como dizia Fernando Pessoa, "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena" e a sua é gigantesca. A aproveite, sempre, para o BEM.

Tem o mundo todo para abarcar. Todos temos, afinal, só que nem sempre temos remos, à altura, ou se os temos, não sabermos "dirigir" a embarcação.

Continue ouvindo esses sons maravilhosos, ao seu ouvido, esse latejar gostoso de tudo o que seja bom.

O AMOR É JÁ, ALI.

A ESPERANÇA NAMORA COM ELE HÁ MUITO
TEMPO, E EU SEI, TENHO A CERTEZA DE QUE VAI HAVER CASAMENTO, SEM PAPEL, PORQUE, AMBOS SÃO MUITO CONSCIENTES E VERDADEIROS.

Tenho andado muito atarefada, situação que não me agrada muito, porque não sou stressada, nem vivo correndo, atrás do tempo.

Acho que devemos nos entender, nos saborear, eu e o tempo, sem nos desnortearmos.

De qualquer jeito, tenho que me inserir no "sistema".

Te desejo um dia com esperança fértil, muito amor e louca vontade de o viver.

Beijos da Luz, com estima e apreço.

Rafael Castellar das Neves disse...

Verdades, Alexandre! E, por mais que mantenham as coisas andando, não é fácil mantê-la viva...cada vez mais há muito em nossos dias para combater esta esperança... Mas temos que seguir em frente...

Abraços...

Gabriela Freitas disse...

Essa fé nas coisas boas, nos sentimentos verdadeiros, nos homens do bem, no amor não deve e nem pode acabar jamais. A cultive, a regue, a guarde. Ela é preciosa, e acredito que todo ser deveria ter um punhado bem grande dela. Esperança. Não da pra viver sem, não se pode viver sem.
Bonito texto, inspirador, sereno, aconchegante.
Demorei um teco a vir aqui, desculpe, to em época de estudos pesados, ano de vestibular acaba sendo corrido por demais. Volto mais vezes.
http://denovomaisumavez.blogspot.com.br/

Bandys disse...

Hoje é dia da poesia e vim comemorar com voce!

Mas não vou falar muito com medo de falar besteira, kkkk


Aproveita o dia,
Não deixes que o dia termine sem teres crescido um pouco, sem teres sido feliz, sem teres alimentado teus sonhos.
Não te deixes vencer pelo desalento.
Não permitas que alguém te negue o direito de expressar-te, que é quase um dever.
Não abandones tua ânsia de fazer de tua vida algo extraordinário.
Não deixes de crer que as palavras e as poesias sim podem mudar o mundo.
Porque passe o que passar, nossa essência continuará intacta.
Somos seres humanos cheios de paixão.

Feliz dia!

Marcelo Soares disse...

Oi Alexandre.
Esses dias andei lendo noticias que falavam sobre coisas horríveis, que me faziam acreditar que o mundo não teria ''concerto''. Mas acredito em suma, em tudo que você disse. Acreditar que existam pessoas de almas puras, que com pequenos detalhes façam outras pessoas enxergar o mundo com outros olhos, olhos de esperança, caridade e dignidade. Sei que as condições que vivemos nos levam a desacreditar no amor, mas o sol nasce todo dia, e cada dia é um novo aprendizado.

Abraço