Ondas internas

16 de fevereiro de 2013




A alma é repleta de ondas. E todo dia nos metamorfoseamos. A gente muda numa muda percepção. Tão insípida que quase não dá pra absorver com total ciência. Porque é uma viagem que nos faz navegar nos mares internos da alma, querendo aportar em novos continentes do profundo. Porque é um desbravar silencioso que nos incita a descobrir novos territórios para colonizar. Terras férteis, abundantes em sua naturalidade tão ansiosas de serem decifradas. Encantos que se revestem de respostas, das quais tanto pelejamos em encontrar.

Nem sempre faz sentido, mas as indagações, as aflições que nos movem pelas margens do nosso ser são propulsões naturais de como quem nasce esquecido de sua origem. A alternância e multiplicidade das nuances, dos tons em que o ambiente interno se colore nos erradica da zona saudável, do paraíso plural das possibilidades. O amálgama do ser nos inquieta e nos cutuca com vara curta.

Navegamos sob o efeito desta brisa que nos envolve num demasiado querer. Querer, numa intermitente caça ao tesouro. Desejar, numa incessante investigação, pela chave a destrancar nossas áreas mais cerradas e de difícil acesso. Numa forma talvez de encontrar o seio, o selo que nos identifique ou a palavra que responda por tudo o que cerca a ilha da nossa ínfima alma. Peregrinação interna, para reacender os olhos, para incidir a chama da verdadeira compreensão com o coração. A gente quer. Entender. Ser.

Os suspiros reacendem o ímpeto, cerceiam o volume aplumado dos temores que desfilam reféns em nossa interna prisão. A agitação calibra nossas vontades, enrijecem as asas e nos põe a voar. E assim depositamo-nos por inteiro na imensidão do mar interno, para sermos açoitado pela maresia que se oscila nos becos do coração, feito bandeira que tremula com o roçar ébrio e morno do vento. Pousamos firmes nas paisagens que figuram belas e ternas pelo horizonte interno.

Enraizamos na essência da fé, na energia pulsante que se chama esperança. Querer é a chama que impulsiona, o ingrediente que licita os segredos trancafiados no mais íntimo de nós. Arregaçamos as fibras dos olhos e precipitamos com força vigorosa no horizonte almejado. Arrematamos o encanto com a ponta do coração e ficamos entregues à mão sábia do destino, sobre a segura embarcação da persistência.

Que neste velejar, estejamos ao alcance do sorriso, dos sonhos mais belos que tanto desenhamos. Que a tenacidade nos dê as cores para pintar a realidade do que se esboça no peito. Que a overdose de querer seja sempre benéfica. E saibamos nos encontrar e decifrar os códigos que perambulam pelas rotas do âmago. E que finalmente compreendamos que amor e querer são verbos necessários um ao outro. Que as viagens internas aprimorem a nossa habilidade de nos achar. Ajustar a vela é vital.



Aspas do Autor: Os segredos da alma se precipitam no íntimo. O espírito sobrevive sob caudalosas ondas, pelas quais temos necessidade de navegar, caso queiramos crescer. É enfrentando as ondas e a maresia interna que, enfim, conheceremos mais o nosso ser. E assim, fará sentido ser.

11 comentários:

Monique Premazzi disse...

O jeito que você escreveu esse texto me pareceu como estivesse ouvindo uma música calma sobre a vida. Lindo, Ale! Por que você faz essas coisas? Não dá!

Espero ter sempre forças para passar pelas ondas pequenas e grandes que sempre aparecem pro aqui. As vezes a gente quer desistir, mas não resiste em querer sentir as ondas nos pés no dia seguinte e o sol brilhar.

Beijos,
Monique <3
http://www.secretsofalittlegirl.com/

Anónimo disse...

Oi, querido Alexandre!

Como tem passado?

Obrigada por seus comentários deixados nos meus blogs. Como sempre, NOTA 10.

"Quero" a sua carinha, sim, porque "os olhos, também comem".

Seu texto é bastante filosófico, real e muto incentivador.
Não é de leitura fácil, para os menos atentos, mas eu gosto de textos, assim, densos, inteiros e internos.

E ainda bem que você falou em INTERORIDADES, na ondas internas, porque se falasse das outras, eu não me saberia desenvencilhar, porque, como todo o mundo sabe, eu não gosto do mar.

Não aprecio coisas, que não consiga saber até onde vão e do que são capazes de fazer. Gosto de "controlar" os ímpetos de cada um. Gosto de estar por dentro, me "banhar" mesmo, mas em segurança, aliás, como virginiana, eu tenho de orientar, organizar, sem que o outro dê por isso.
Seu texto é riquíssimo, em metáforas super inteligentes.

VOCÊ NÃO É UM MAR. É ANTES, SIM, UM OCEANO DE MUITAS ONDAS BENIGNAS, CALMAS, MAS, POR VEZES, NOS DEIXAMOS ARREBATAR, POR ELAS.

Nessas, eu flutuo, sem qualquer receio.

Que o meu, o seu e o velejar de todos nós, seja tão doce, firme e seguro, quanto o seu bonito e aprazível texto.

Te desejo um bom domingo e uma excelente semana.

Beijos da Luz, com carinho e muito apreço por você e pelo que escreve.

Unknown disse...

Você escreve muito bem, de maneira gentil, fascinante. Eu adorei seu blog Alexandre, como você encontrou o meu?

Sobre o texto, acredito que a alma tenha muitos mais mistérios do que imaginamos, e que se soubermos entrar em sintonia com ela teremos uma vida mais tranquila, e mais força para enfrentar o cotidiano.

Já estou seguindo seu blog, e curti a fan page. Muito bom mesmo. :*

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Acabo e chegar,ja ficando
pois sigo,
volto pra ler mais.
Lindo aqui.
Bjins
Catiaho Reflexo d'Alma

Luzia Medeiros disse...

Que a vida sempre nos dê cores belas para colorirmos o nosso dia a dia, os nossos sonhos.

Amei este trecho aqui. Perfeito!
"Que neste velejar, estejamos ao alcance do sorriso, dos sonhos mais belos que tanto desenhamos."

Beijos.

Maíra Cunha disse...

"Que a overdose de querer seja sempre benéfica. E saibamos nos encontrar e decifrar os códigos que perambulam pelas rotas do âmago."

Mil vezes amei *-*

fazdecontatxt.blogspot.com.

Mafê Probst disse...

Oi Alexandre, resolvi ceder ao seu convite e entrei para conhecer teu canto. E que encanto! A forma como você brinca com as palavras, a leveza e as certezas em cada linha. Lindo, lindo.

Foi um 'susto' ver teu nome no meu blog, pois ontem a Ju Fuzetto comentou de você. Você escreveu um livro, não escreveu? Aí que anotei de te conhecer e eis que você aparece primeiro, lá no meu cantinho.

Seja super bem vindo.


Beijinhos

Rafael Castellar das Neves disse...

É isso aí!! que assim seja mesmo...timão na mão...gostei, muito bem escrito e bem carregado!

[]ss

Ariana Coimbra disse...

Meu mais novo amigo blogueiro, li e reli esse texto quatro vezes tentando achar o trecho perfeito e na duvida escolhi esse:
"Que neste velejar, estejamos ao alcance do sorriso, dos sonhos mais belos que tanto desenhamos. "


Que nunca percamos a fé na vida, nos sonhos, que nunca percamos a energia que nos impulsiona a buscar nossos sonhos e objetivos e principalmente "nos achar"

Muito obrigada pelo comentário super fofo no meu blog, espero que esse meu comentário tão confuso quanto eu esteja a altura.
Espero manter contato contigo fora do blog, twitter, face.

Beijos

Anônimo disse...

Oi, Alexandre. Que texto mais singelo e intenso. "A alma é repleta de ondas. E todo dia nos metamorfoseamos." Sim, constantemente sinto isso, e creio ser uma verdade. Os dias passam e nós mudamos, e nossa alma acompanha as mudanças, algumas vezes.

Gostei muito do seu modo de escrever. Escreve bem demais!

Ah! Leia "A culpa é das estrelas", é muito bom.

Beijos!

Bandys disse...

Minhas ondas tem sido gigantes , fico meio sem ar.

beijos