O homem que queria caçar estrelas

7 de agosto de 2010




Há muito, mas muito distante de tudo e de todos, existia um homem sem razão pra viver. Era triste e vivia abraçado à suas dores. Seu céu era bastante cinzento e nublado. Mas um dia sua vida mudou. Um pequeno sopro de vento afastou as nuvens e ele pôde enfim contemplar a maestria de um céu noturno. Ele ficou bastante tocado com as maravilhas que reluziam naquela imensidão que cobria o mundo. Sua emoção era visível. E desde esse dia ele passou a amar as estrelas. Encontrou uma razão para viver. Ali mesmo, naquele mundinho em que ele se escondia, um sonho doce e fraterno brotou do seu coração. Seu sonho agora era caçar estrelas.

Ele não sabia como, nem onde. Só sabia uma coisa. Queria caças estrelas. Queria ter aquelas luzes mais perto e mais aconchegadas. Um dia numa noite, ele decidiu subir na árvore mais alta que ele conhecia ali. Queria ver se alcançava os pontos brilhantes, para poder pegar um pra si. Mas foi em vão. Logicamente ele não alcançou. Mas não desistiu. Achou que subir numa árvore não fosse suficiente. Então caminhou até o morro mais alto que conhecia. Novamente se frustrou. Pensativo, constatou que apenas em um lugar realmente alto ele poderia caçar suas estrelas. Então caminhou até a montanha mais alta que ele conhecia naquela região.

O homem teve muitas dificuldades na subida. Fraquejou, se feriu e cansou. Mas nada o deteve. Quanto mais subia, mas parecia que a distância não diminuía. Não entendia. Porém, ele não conhecia os limites e não desistia do seu sonho fácil. Depois de duros e cansativos dias ele chegou ao topo. Imediatamente caiu frustrado. O caçador de estrelas ficou bastante pensativo. As estrelas moravam a muita distância dele. Mas ele não sabia compreender isso. Pra ele era possível. Só não tinha achado o local certo para poder alcançar. Ele não desistiu.

Decidiu buscar ajuda. Saiu dali e foi visitando as outras vilas em busca de alguém que soubesse informá-lo onde e como caçar estrelas. E foi assim perguntando para todos que encontrava no caminho. Entretanto, ele sempre ouvia a mesma resposta:
– Senhor! É impossível caçar estrelas.
Com o tempo, o que o deixava feliz, estava lhe deixando triste. Todos não acreditavam naquilo. “Será que eram incrédulos demais, ou estavam certos?” “Será que era impossível caçar estrelas?” Ele não cogitava acreditar em algo impossível. “Será que realmente não dava para alcançar aquelas luzes brilhantes no céu?” O caçador de estrelas um dia muito triste recostou numa árvore, cansado e exausto. E ali ficou pensativo.

Já era noite quando duas crianças passavam por ali saltitantes e cantarolando uma melodia agradável. Ambos seguravam duas redes, daquelas que caçam borboletas. Ele viu aquilo fascinado. Quando elas chegaram mais perto, ele pode entender a letra da melodia. “Vamos! Vamos! Vamos caçar... vamos caçar... Estrelas! Estrelas!”
Ao ouvir aquilo ele despertou na hora.
– Crianças, por favor, me respondam. Vocês vão caçar o quê? Ele parecia atônito ao perguntar. Se ele não tivesse se enganado, ele as ouviu cantarem que caçariam estrelas. “Seria possível então?”

As crianças estavam felizes e sorridentes. Animadamente responderam:
– Oi moço, nós vamos caçar estrelas. Por quê? Os olhinhos deles demonstravam muita firmeza. O homem, depois de muitos dias com o ânimo esmorecido, ficou radiante.
– Posso ir com vocês crianças? É o meu sonho caçar estrelas. As duas se entreolharam, deram um sorriso e responderam prontamente.
– Pode moço. Vem com a gente, que a gente mostra onde caçar estrelas.

O caçador de estrelas abriu um largo sorriso. E assim seguiu, com muita felicidade, as crianças. Com a lanterna eles foram caminhando e guiando o homem. Enquanto caminhavam mata adentro, ele ficava mais nervoso e ansioso. Estava muito próximo de realizar um sonho. Era visível sua emoção. Após um tempo chegaram.
- Moço, chegamos! Aqui tem muitas estrelas para pegar. Aqui é possível.

Ele não se continha de alegria. E ao perscrutar o local com os olhos, ele viu um espetáculo de luzes brilhantes voando entre as árvores. Aquela visão o deixou imensamente fascinado. Estrelas voando. E bem perto dele. Era mágico demais. Ele ficou deveras emocionado. Uma das crianças passou a ele um das redes que eles carregavam.
- Vamos moço, cace umas estrelas.

O caçador de estrelas estava atordoado de tão feliz. Pegou a rede e como uma daquelas crianças ficou pulando e jogando a rede no ar para pegar uma daquelas inúmeras luzinhas piscando na floresta. Ele esbraveja quando errava um. Mas quando prendia uma daquelas luzes, ria demais. Estava saciando a realização de um sonho. As crianças até pararam para ver aquele homenzarrão, todo bobo, caçando uns vagalumes. Era uma cena linda de ser vista.

Sim! Ali era um reduto de vagalumes. Mas o local, à noite, adornado com a presença daqueles bichinhos brilhantes, parecia deixar o céu muito mais próximo da gente. Parecia um céu estrelado mesmo. Um céu ao alcance. Mas para as crianças e para aquele homem, ali era realmente o céu. E aqueles vagalumes eram estrelas. E que ali era verdadeiramente possível caçar estrelas. Ali realmente era possível se realizar sonhos, mesmo que imensos e aparentemente impossíveis.

 
 
 
 
Aspas do Autor: Acho que se imaginarmos um pouco, da mesma forma como as crianças imaginam, conseguimos realizar sonhos que pareçam impossíveis. Falta apenas um pouco mais dessa inocência infantil, capaz de tornar qualquer sonho possível. Meu carinho à todos. Até o próximo sábado.

18 comentários:

Lia Araújo disse...

Tao fofinho!
Mas, nao eram vagalumes eram fadas!
comento sexta

bjos Alexandre!

Rodolpho Padovani disse...

Cara, esse texto me levou a pensar, foi me guiando suavemente pelas trilhas e quando eu vi eu partilhava do mesmo sonho do caçador de estrelas, os sonhos só são impossíveis quando colocamos essa barreira sobre eles, devemos sempre acreditar que podemos realizar os sonhos e jamais dizer a alguém que jamais conseguirá o que quer. Às vezes as coisas mais simples, são aquelas que trazem mais felicidade, os vagalumes foram a realização do caçador de estrelas, que realmente as caçou e as teve todas para ele.
Sem mais, gostei muito da viagem que fiz aqui.

Abraços!

Sempre querendo saber disse...

Ai príncipe que conto lindo!!!
Esperança,acreditar,sonhar...é tão lindo né?
AMEI(aliás,quando eu não amo?)

Alex disse...

Muito singelo, meu amigo, como sempre. Eu vejo qualquer sonho e ação-pensada como possível, basta querer. Você coloca nos teus textos uma inocência que nos falta atualmente.

Um abraço!

Anônimo disse...

Achei tão lindo seu conto! As vezes nossos sonhos estão tão próximos, são tão simples de serem realizados.. só olhar pro lado. Não?
Achei muito bonitinho, fiquei com vontade de caçar estrelas também!
Seus textos são sempre encantadores.
Beijos.
Boa semana *-*

Srtª Elis° disse...

o que falar depois dessas singelas palavras..... muito bom de se ler..

XERO A TI!

Rebeca Amaral disse...

ah, Alê, só você mesmo pra sonhar de maneira tão encantadora assim.
nossa que coisa mais linda de se ler!
e esses detalhes que nos cercam, que nos prendem e que, por vezes, a gente nem percebe são a parte mais sincera que trazemos em nós.
muito perfeito esse conto!
traz a doçura que só você possui!
amei demais!

continuem sonhando Homem caçador de estrelas e Alexandre Fernandes, amigo querido.

abraço bem apertado!

:: Mari :: disse...

Ai Alexandre,
Que coisa linda de se ler, um encanto em cada detalhe. Lindo mesmo. Sonhar, sonhar e sonhar...

Bjos

Unknown disse...

Oiiii Alexandre
Esse texto é mto lindo
E casou tão bem com a imagem...
Ótima semana meu anjo
Bjkas
=D

Cris Santos disse...

lindo, ,lindo...
adorei.....

bjuuuuuu

Ataniel Santos disse...

Sensacional, meu velho!Como sempre sonhando..Faz bem, mesmo quando parece ser tão alto, mas é do ser humano..Perfeito!Bela postagem..
Abraço e obrigado pelas palavras no meu espaço.

Nina Vieira disse...

Não posso negar, meu amigo: Seu texto me fez recordar O Pequeno Príncipe.
Virar um caçador de estrelas também é sinônimo de esperança - esta dama, última que falece. Ainda a guardo comigo, no entanto.
E você, como está? Ainda com muito trabalho? Mande notícia, meu caro, não se esqueça dessa admiradora que você tem.
Um beijo grande.

@juusep disse...

Nunca desistir do seus sonhos...

Olga disse...

eu desisti dos sonhos.

Lia Araújo disse...

Queria nunca desistir dos meus sonhos. Vou lutar por eles até o fim.
O conto é doce, Alexandre. Pois nos mostra que a gente sempre pode fazer o impossível, usando o possível que temos nas mãos. Sempre tirando o arco-iris da cartola... o meu anda meu desbotado, mas daqui uns dias, coloco purpurina nele!
Sou assim, igual o seu caçador: "Desloco-me a uma velocidade incrível, pois no fundo vivo permanentemente em meu sonho e faço visitas à realidade.”

bjos
Sexta-feira... mesmo depois de lembrar ¬¬

Clara disse...

Mas que lindo! Estava precisando de umas palavras assim, de 'avante'.
Às vezes só o fato de sonharmos é o que faz a felicidade... Amei!

Um grande, abraço,amigo!

Bandys disse...

Os sonhos são

rebentos de esperança.

Beijos

Maria disse...

Penso que a gente sempre, mas sempre mesmo, alcança o que a gente quer. É só a gente procurar no lugar certo =) No mais, eu adoro estrelas, e as tenho bem perto de mim!

Beijos, poeta.