Laços de Calor

20 de junho de 2020



Fui liquidificado pelo seu toque anestésico, seu olhar cataclísmico que aniquilou os delitos do meu corpo descendente de dores passadas. Transcendi na imensa ternura que centelha de sua pele, armadilha de prazeres inefáveis, hangar delicado para minhas mãos lépidas e desejosas de amor. Faíscas de paixão se expeliram como antídotos para o doloso amortecimento que sua ausência era em mim. Tornei-me peça de encaixe nas tuas curvas, um escravo subjugado pelo seu precioso dom de sedução. Fui efervescido pela sua crepitação vil de doçura, feito refém em uma sauna que liquefez as vestes mais congeladas do coração.

Reagi ao toque, apreendido por correntes imaginárias que atiçavam meu desejo tão nutrido de ti, compondo-me refrão nessa melodia que retumba em teu poético dançar. O amor contorceu-se e enredou nossas delinquências em gestos de entusiasmada paixão; em uma ebulição que validava nossos laços tão unos. Fundi-me nas tuas texturas, pincelando meu corpo com o seu, como cores que se coadunam e elaboram novos tons, tornando-nos em um só. Fui enlaçado pelas tuas mãos lépidas que conseguiram tatear a escuridão do meu peito tão dolorido e solitário.

Elucidaste os segredos tão penetrados em mim, traduzindo e mapeando minhas angústias tão intencionadas a me amarrarem, sendo cura em meio à minha alma tão desabitada de amores. Tu trouxeste a resposta para meus anseios e as asas para meu corpo de anjo corrupto, relegado pelos demônios da solidão. De tanto que te declamei, emudeci. A realeza do nosso mudo amor prevaleceu quaisquer palavras ditas ao vento, e sagrou-se via poemas riscados em peles entrelaçadas, em rimas trepidadas com suor; em um amor certificado por nossos laços de calor – e amor.

Aspas do Autor: Trazendo algo mais intenso e diferente. Vez ou outra, a ousadia toma conta das minhas mãos.

6 comentários:

Carol Russo S disse...

Grata surpresa em ver que você está voltando a postar no blog, Ale!

Ótimo texto, repleto de delicadeza, paixão e fogo, todos na medida certa. E a clareza de detalhes típicas da tua escrita! Vou voltar mais <3

Beijo

Carla Dias disse...

Que bom você estar de volta por aqui, Ale. É um cantinho bom, né?!

Não some mais não, viu?! É sempre bom ler seus escritos por aqui. Adorei o texto.

Bjo!

Bandys disse...

Ola amado,
Calorão por aqui hein??
Você escreve divinamente.
Anjo corrupto.. hummm
Que o dia traga os retalhos desse amor
pra ser bordado com fios vermelhos de seda,
as lembranças tatuadas no avesso da gente.
Beijos daqui

Delas&Deles ou ViceVersa disse...

Alexandre,
Que blog mais lindo!
Vou conferir já seguindo aqui
e aguardo sua visita.
Bjins entre sonhos e delírios
CatiahoAlc.

CÉU disse...

Olá, Alexandre!

Ainda se lembra de mim? Faz tempo que a gente não se comenta. Meu pseudónimo não era Céu, mas Luz.

Encontrei casualmente seu blog, e de imediato, me lembrei da beleza da sua escrita e da sensualidade e algum erotismo que nela coloca.

Não sei se seus textos são realidade ou ficção, mas, de qualquer jeito, eles falam de coisas do amor e não há nada mais lindo.

Adoro sua forma de escrever. Eu continuo escrevendo da mesma maneira.

Desejo que a Covid-19 esteja bem longe de você e família.

Um grande beijo e abraço. Te aguardo!

Jaya Magalhães disse...

Amigo, sério, esse jeito de usar o vocabulário que você tem, é TÃO ÚNICO, tão teu, que em qualquer lugar que meu olho encontrar um texto teu, eu vou conseguir apontar e dizer: é de Alexandre, meu amigo.

E eu acho que nunca tinha te lido assim, nesse ritmo. Tirando o nosso fôlego e mostrando um ritmo diferente no meio dessas letras. Esquentou, hein? E eu quero é mais!

Um beijo, amigo. Obrigada pela leitura.