Sobre amizades...

29 de dezembro de 2012




– Promete nunca esquecer de mim?
– Não preciso.
– Porquê?
– É impossível esquecer os melhores amigos.



Aspas do Autor: Porque amizades verdadeiras permanecem pra sempre dentro de nós... Feliz ano novo pra todos!!

Do apaixonar...

15 de dezembro de 2012




Não é meramente o olhar, o jeito maroto com que a pupila dos olhos oscila para a luz penetrar. Não é esse encantado desvencilhar que permite encontrarmos sorrisos e fagulhas de amor na íris. É mais ao fundo, reside no mais denso, é bem além da retina que se esconde a magia legítima da atração, a pintura com tintas indeléveis que desperta o verdadeiro frisson no peito de quem a encontra. Mesmo que visto por uma simples fração de segundo. É a alma, a que contorna os gestos com uma graça de difícil descrição, que faz um mero olhar ganhar ares de imensidão.

Não é apenas o modo como a doçura se deleita na pele, no modo sinuoso das mãos dançarem entre si, declamando falas em sigilo, delatando o bonito querer em gestos implícitos e em formosuras embaladas pelo mistério de quem, por trás, se aflora. O que apaixona se transpõe, se materializa no mínimo aparente, se denota nas minúcias, no feitio singular com que uma alma inteligentemente se expõe. O de fora atrai, mas é o que existe por trás das nuances e das cortinas que faz tudo se tornar apaixonante.

É o enredo que verdadeiramente atiça e não o título da trama. Não é o objeto, mas seus diversos significados que incitam a cada momento. O sentimento se engrandece na leitura gradual, no toque a toque, no passo a passo. É um remédio tomado em pouquíssimas dosagens. O amor é a cura que se incide na paciência de se medicar com a pílula diária da paixão. É a colisão da luz com a atmosfera que pincela o céu com um azul de irretocável beleza. O que apaixona é o efeito, o resultado nessa mescla de encantos, de divino com humano.

Não é apenas o abraço, muito menos aquele fervor que sucede no atrito de peles desejosas, no roçar incauto de duas almas que sorriem juntas, nem no entrelaçar de dedos cúmplices. Não é somente o tremelique, o friozinho que se inflama e se estende a cada segundo da proximidade, ou mesmo o fogo que se acende na junção das faíscas sonoras do anseio. São apenas respostas à conexão surgida. O que apaixona é o pincel que dá cores a essas sensações e confere valor a tudo vivenciado. Não é a decoração que o entorna. É o presente no interior que dá conteúdo a beleza que surge por fora da embalagem.

O que apaixona é o vento que sugere, palpita e impulsiona. É a mutualidade de vontades que prevalece, o furor que se evidencia e nasce na presença. É o magnetismo regado por corações friccionados e regados pelos encantos do tempo, maravilhados pela troca sincera e espontânea de pedaços da alma. É o encontro dos rios, o debute que parelha o amor e os deixa no mesmo nível e tonalidade. Não é o burburinho dito no ouvido, mas a forma como as palavras são revestidas com doçura, o modo como elas eriçam os pelos e penetram belas por nós. O que apaixona é o que surge na naturalidade do encontro, a maneira como a alma se destrincha para a outra.

O que apaixona é imensurável e indescritível, e sobressai num enlace de difícil compreensão, numa sintonia de irrepreensível força. O que apaixona não é a rima, mas a poesia na qual ela se encontra e germinou. Somente apaixona se os elementos se conectam. Tudo pode apaixonar, mas somente quando os corações pincelam em cores e tornam visíveis, um ao outro, os atrativos escondidos em cada um. Para isso basta regar a sensibilidade, a vontade franca de se inteirar nos detalhes enriquecedores de alguém.

Só se apaixona quem tem amor, quem se deixa vivenciar pelas mãos deste irretocável sentimento. O amor não é apenas a sequela que brota neste elo, nem tão só a delicadeza que se infinda no degustar solene das almas. O amor é a causa e a decorrência. É o olho que descortina o bonito, a magia que reveste com finura e exuberância as belezas capazes de apaixonar; é o singelo encanto que nasce ao vislumbrá-las e senti-las...



Aspas do Autor: O apaixonar não se explica. Não se sabe exatamente como acontece e porquê, mas eu creio em algo que fica além das aparências, que de tão desmedido e encantador é impossível quantificá-lo e descrevê-lo. Apaixona-se por um mistério ou mesmo por um jeito singular que apenas nosso coração é capaz de perceber...

Renascer diário

6 de dezembro de 2012




Mais um ano de vida...


Hoje me torno mais criança. Hoje me torno mais humano e mais adulto. Aprendo e desaprendo. Cresço e encolho. Vivo e galgo meus sonhos sob minha involuntária inspiração, sob a enfática força dos meus pés e pelo toque suave do vento que roça. Os olhos não mentem. O sorriso silencia em tons de pura sintonia o sentimento que me acolhe desde tempos remotos, em que sequer me lembro. Desde o momento em que meus olhinhos se abriram para esse mundo. Talvez. 

Hoje renasço da morte de ontem. Hoje nasço para uma nova vida que nunca tive antes. Hoje já não sou mais o que fui há um segundo e daqui a um segundo serei outro. Sou pura transição. Mudo na medida em que me movimento. Todo dia é mais que um novo dia, é uma nova vida. Quanto mais amadureço, mais me sinto pequeno e imaturo. Quanto mais me preencho, mais me percebo vazio. Escapole-me das mãos a profundidade do que eu guardo. Capturo na essência do meu ser meus desejos mais preciosos e ocultos. 

Reabro os olhos. O mundo me aconchega e se apresenta. Palavras me faltam pra descrever o momento. Sentir é um alento. É o que principia o avanço e decora minha capacidade de amar com requintes de ternura. É o que finda e reveste minha pele com a suavidade dos encantos, da mais bela poesia que distende sua beleza em fagulhas de singular formosura. Renascer é aquietar. E a paz me aniquila sem qualquer intempérie. A vida se faz íntima, a despeito das lágrimas que caem de emoção. 

Todo dia comemoro um nascimento. Todo dia descubro que não sei nada sobre nada. Sou um ignorante, um digno errante em busca de uma matéria-prima escassa. Mas luto ferrenhamente para a luz vislumbrar. A sombra, por vezes, me assombra, mas persisto fiel na caça pelo real sentido em viver. Meu mundo se agiganta quanto mais eu o desbravo. Sou menor que um grão, bem menor que a metade de um átomo. Não afeto um palmo do que vejo. Neste universo, sou insignificante, por mais que eu evolua a cada vez que renasço, dia após dia. 

Mas sei que posso ser grande, mesmo não sendo gigante. É isso que culmina doce no meu peito. A esperança vem sutil deitar-se comigo, em todos os momentos. É a sua mão que seguro quando durmo, é sua companhia que tenho ao acordar. Morro repleto de fé. Renasço com a fé redobrada. É esta presença que colore meus olhos, que pincela minha pele com a cor da mais bonita crença. Pela felicidade. Pelo amor intermitente. 

Hoje é mais um de tantos outros dias em que renasço. Pequeno ainda, praticamente um broto, mas com a esperança do meu lado.


Aspas do Autor: Mais um ano de vida. Mais uma primavera. 2012 foi um daqueles anos praticamente indiferentes. Pouca coisa revolucionária aconteceu a mim. Simplesmente vivi e senti cada dia. Confesso que teve muitos momentos com tensão emocional, mas muitas com suavidade. Porém, já vivi anos melhores. Enfim... Que venha 2013... Logo! Um abraço a todos.