Tudo paira numa singeleza, numa infinda sensibilidade, decotada pelos versos mais românticos da vida. É fé, crença espontânea que se despista por olhos teimosos, retinas que dão colo aos sentimentos efervescentes e arguciosos de corações humanos e apaixonados. É assim que o encanto se distende pelos ambientes sem que percebamos: num espetáculo de delicadezas.
É uma troca sonante, presente no ato de entrelaçar dedos, no encontro de olhos famintos de amor, na volúpia sagaz de mãos que delineiam os mapas dos corpos. O afago se estende pelo modo desinibido de sorrirmos ao vislumbramos a pintura mais bela, o cortejo azulado de um céu que desponta sua beleza sob o fulgurante brilho das estrelas. Tudo reside numa ânsia de ver, de descobrir a mansidão das ternuras mais únicas a brotarem das terras férteis do amor.
O âmago da alma se incita. A delicadeza se extrai em sua mimosa exuberância, incidindo na alma a poesia que exala nas rebarbas mais ocultas e escondidas deste mundo tão mascarado pelo véu da descrença. A sutileza persiste e se insiste em nós, trazendo doçuras e espantando agruras. Os olhos escoem a esperança, que flui bonito por entre os poros do nosso corpo. O semblante é firme, porque é retrato de um coração que deseja topar com o atrativo definitivo, a rima mais poética do poema chamado vida.
Carregamos no peito o leve aceno de quem muito quer ser feliz. Fica evidente no modo de nos evidenciarmos pelas calçadas repletas de breu. Almas caçadoras de encantos, desbravadoras fiéis do sublime, da fragrante emoção que se camufla no coração. Tudo recai nesta amabilidade doce como amora, tão deleitável quanto a água mais pura que se trepida pela cachoeira. O prazer se enaltece na simplicidade, na ávida brandura presente na harmoniosa paz que vive no íntimo.
O que se que evoca nas pegadas leves é um carinho explícito e amoroso que decora nossos sonhos mais delicados e idílicos. São como canções entoadas e versadas pelo peito amante, reduto de amor, abrilhantado com pétalas de ouro. A fascinação se exclama no fundo do peito, no afinado querer que desdobra pura graça na suave melodia dos ventos noturnos. A felicidade retumba em declamações polidas de paixão, sopros suntuosos de corações que emanam pleno amor.
São as delicadezas que adornam os sonhos, que se escondem até no mais miserável, que se decora na majestade, no menor e no maior, sem perder sua grandeza. Tudo se torna, se faz e magistralmente existe sob o véu discreto da beleza. O mundo se desenha belo por meio de mãos caprichosas e macias. É a fé, o combustível que sacia a vontade de sorrir, de longamente abraçar e beijar. A sutileza constrói o caminho duradouro, é quem costura a armadura mais resistente e deixa tenra a textura do tecido.
As delicadezas nos abraçam. E a abraçamos, nos tornamos gigantes, esbeltos na perfeição humana de ser. Deitamos numa fineza implícita que destrava a tranca e abre a janela do nosso quarto mais bonito, permitindo a claridade adentrar, luz âmbar capaz de realçar as cores da alma, numa plena e solene transformação...
Aspas do Autor: Sinceramente? Estou na busca de concretizar a ultima frase deste texto, abrir a janela para a claridade entrar e sofrer a solene transformação, ser incendiado por uma felicidade sem fim, no coração.