Nem sempre é possível. Nem sempre há dia para desejar, nem noite para amar. Nem sempre há estrelas cintilando a arquitetura esplêndida dos céus; nem sempre há olhos para admirá-las. Nem sempre as rimas nascem e as palavras se intercalam em doçura. E quando surgem, nem sempre há alguém para quem lê-las. Nem sempre há abraços. Nem sempre falta quem os dê. Nem sempre há beijos e dedos entrelaçados. Nem sempre é falta de afeto ou só saudade. Nem sempre é carinho. Nem sempre é ausência.
Nem sempre é impossível. Mas nem sempre sabemos que não é. Nem sempre é amor. Mas nem sempre é frustração. Nem sempre há sol para iluminar os territórios da alma. Nem sempre há chuva para nos inundar. Nem sempre acordamos de bom humor. Nem sempre é só amargura. Nem sempre vencemos. Nem sempre perdemos. Nem sempre apaixonamos. Nem sempre a razão dita nossos sentimentos. Nem sempre há escolhas, tampouco caminhos que nos leve à felicidade. Nem sempre estamos perdidos.
Nem sempre é possível. Mas nem sempre lembramos o quão fronteiriço são nossas capacidades. Nem sempre há tempo para nos dedicarmos às pessoas. Nem sempre elas se lembram de nós como tanto queremos. Nem sempre falta tempo para rever quem amamos. Nem sempre falta tempo para perpetrarmos o que nos torna felizes. Nem sempre o sorriso significa que estamos bem. Nem sempre as lágrimas refletem o estado das nossas intensas emoções. Nem sempre há calor. Nem sempre é frio demais. Nem sempre há possibilidades de crescimento ou mudança. Nem sempre é só pessimismo ou estagnação.
Nem sempre é impossível. Nem sempre nos esforçamos em o que realmente somos hábeis. Nem sempre há felicidade cingindo na aurora dos céus. Nem sempre há fuligem acobertando o horizonte da vida e da alma. Nem sempre é verso, nem sempre é inverso. Nem sempre é hora para brincar. Nem sempre é momento de seriedade. Nem sempre as sensações são confortáveis ao nosso colo. Nem sempre a frieza toma conta do coração. Nem sempre há colo para nos aquecer, tampouco mãos para serem tocadas. Nem sempre falta porto seguro para ancorar nossos náufragos navios. Nem sempre é dia de tempestade.
Nem sempre é possível. Nem sempre fica explícito. Nem sempre cansamos na roda cíclica na vida. Nem sempre estamos totalmente bem para suportar o peso da névoa triste que nos penetra. Nem sempre os enigmas são decifráveis. Nem sempre o mistério nos rondeia. Nem sempre entendem a particularidade de nossas ações, o profundo dos nossos sentimentos. Nem sempre fogem de nós, nem se assustam com a face real do nosso ser. Nem sempre esclarecemos. Nem sempre necessitamos.
Nem sempre é possível ser feliz. Nem sempre os sonhos se realizam ou as metas são alcançadas. Nem sempre é só tristeza, muito menos difícil que nada se concretize ou os tesouros não sejam descobertos. Nem sempre é claridade aos olhos do coração. Mas nem sempre é só, ao peito, escuridão. Nem sempre estamos. Nem sempre somos. Nem sempre é estável. Nem sempre é tremor. Nem sempre é como imaginamos. Mas nem sempre é pior do que pensamos. Nem sempre é nada. Mas as periódicas sensações e as cíclicas vivências sempre permitem o aprendizado de tudo, porque o que equilibra o mundo – e nós – são as imprescindíveis mudanças.
Aspas do Autor: Nem sempre... Mas isso vale tanto para o bom quanto para o que não é... Nem sempre feliz, contudo, nem sempre triste. O que equilibra e enriquece a [nossa] vida, são as alternâncias pelas quais estamos sujeitos a vivenciar.