Os olhos estão cansados, refastelados em dias cinzentos e densos. A alma recosta, supondo as delinquências que a alma pratica, em rígidas lutas, em tenras compreensões que escapolem ao sabor do vento. É um vapor abrasador que aniquila a docilidade dos sonhos presos à pele, em uma imensidão de danos invisíveis, que abriga a alma em uma solitária, num refúgio insano, numa fuga inconsequente.
O coração distende seu melhor, exalando solturas que embriagam a esperança, vã e distante, numa franca ousadia em laçá-la, retorná-la ao peito abrigador de auroras. O suspiro busca magnetizar a brandura dos dias magníficos, banhados em sorrisos e afetos inigualáveis. O peito se arregaça nas ruelas da solidão, para novamente tornar brilhante o matiz dos quereres, as quietudes envolvidas no ambiente que nos cerca.
As reflexões enriquecem nossa alma desprovida da ternura de dias aconchegantes, em tenro desejo por tempos melhores, por raios de sol mais vívidos e paisagens mais líricas. A gente senta, em meio ao dissabor da brisa noturna, de noites que escurecem o mais profundo da alma. Deitados numa escura relva, cremos pela vinda da luz, pelo abraço cálido da natureza com a qual sonhamos.
Não há descanso que conforta, numa aspereza que dita nosso coração alertado pela fuligem que cobre o céu sob nossas cabeças, uma vivência sorrateira, vítima das neblinas dos dias feridos, maltratados pela nossa inconsequência humana. A densidade dos dias causa arritmia no piscar, na respiração, um desajuste no relógio interno. Ficamos à deriva nesse mar salgado de tristezas.
Em meio ao caos, a gente suspira, reflete esperanças um ao outro, num válido acolhimento onde almas cúmplices anseiam por dias melhores, por olhares afetuosos e ricos em sentimento verdadeiro, em abraços aquecedores e ternuras elevadas com o desapego material, num clamor pelos delicados e encantadores presentes invisíveis, os que só a alma sente e o coração vê.
A persistência é o caminho, a chave pra quebrantar os elos frágeis da mórbida corrente de dores que assolam as cercanias do mundo e as veredas das nossas recolhidas almas. O grito silencioso é capaz de degelar a frieza que separou os continentes e distanciou os sentimentos essenciais por fronteiras desumanas. A gente suspira por dias melhores, com o intuito de findar com a discriminação que nos diferencia, mascarando a nossa igualdade em ser humano, o que de fato nos distingue.
Que dias melhores apontem no horizonte. Tão logo, é o que desejamos.
Aspas do Autor: Mesmo cansados, é crucial que ainda permaneça uma pontinha que seja de fé e atitude. Por uma vida melhor.