Releituras e mudanças

17 de maio de 2014



Nem tudo acontece como esperamos. É uma verdade absoluta. E creio que nunca aprendemos com esta premissa. Acho que faz parte da nossa natureza teimar por essa esperança que se preenche, nos faz voar, idealizarmos... Porém, a vida é mais real, e marchamos numa rua em constante construção. É preciso ver de outro modo. De uma maneira que possamos encarar as adversidades e os acontecimentos com receptividade, a ponto de colorirmos melhor esse caminho que nos surge, na maioria das vezes cinza. Acho que é a questão da sutileza, que acalma a mente para absorver melhor.

Mas não tem sentido olharmos de outro jeito se não para trás. É preciso olhar para o que ficou pelos caminhos de um modo especial. Olhar para trás não significa voltar. E voltar é que não precisamos. Voltar é se deixar afetar. E este não é o propósito. O que passou é como um livro de cabeceira. Afinal, o livro de cabeceira é um livro que nos identifica de alguma maneira, é aquele que já lemos milhões de vezes, mas sempre o consultamos regularmente; às vezes para encontrarmos este algo que nos coloca no chão e nos faz lembrar o que somos; além de elementos que nos atestem de sabedoria e nos ajuda a renovar, para o amanhã melhorar. 

Da mesma forma é o que vive lá atrás. Em alguns momentos é bom olhar para o que passou; revisitarmos o que vivemos; os momentos que experimentamos; recapitularmos os aprendizados que colhemos nas dadas circunstâncias. Olhar para trás é uma releitura que traz enriquecimento. Este processo é o que nos ajuda a renovar, a construir melhor o nosso alicerce, que nos prepara para pisar o futuro que chega adiante, para encontrarmos, com mais zelo e cuidado, o que fitamos à frente. Este processo é o mudar de estrada.

Lembrando que nem sempre mudar de estrada significa alterar o horizonte que se segue, ou desistir do sonho pelo qual tanto perseguimos... Mas que o que aprendemos foi útil para renovamos o chão em que pisamos e as veredas da nossa alma. Pulamos uma etapa com engrandecimento, elevamos a alma para um rumo revestido pelo concreto das lições passadas... E depois só olhar pra frente, caminhando pelo novo caminho, seguindo a linha do horizonte... Se guiando pela luz, pelo sentimento que se acende em nós. Sem deixar de aprender, sempre.



Aspas do Autor: Para ser bem sincero, é um texto escrito no fim de 2011, após algumas amargas experiências e uns aprendizados essenciais. Foi esta releitura que me salvou e me transformou. Aliás, sempre me salvo nesses vislumbres passados...

8 comentários:

Mafê Probst disse...

Eu gosto de olhar para trás para ver se me tornei aquilo que eu sonhei. Mas sei lá, ficar olhando tanto pro passado pode trazer nostalgias e incertezas para o futuro... não?

Beijinho Alê ;*

Alexandre Lucio Fernandes disse...

É exatamente por isso que falo no texto: "em alguns momentos é bom olhar para o que passou", Isso é às vezes, não excessivamente. Não falo para olhar tanto, mas de forma ponderada Fê. Esse é o espírito da reflexão: ser feita com equilíbrio. Em excesso é como você bem citou...

Beijo!
:)

Renato Almeida disse...

Olhar para trás pode ser um pouco decepcionante, mas também pode ser positivo, mas o que sem dúvida podemos ter certeza é que é necessário. Que é preciso, para nos darmos conta do que realmente nos tornamos ou não, se foi diante de nossas expectativas.
Até mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/

Mari Mari disse...

Confesso que detesto olhar para trás. Como uma boa paranoica, eu só enxergo o lado ruim das decisões que tomei, ou das coisas que diz, e fico pensando que poderia ter sido diferente.
As coisas não acontecem como esperamos, mas se você aprende que nada conspira a seu favor, elas se tornam um pouco mais previsiveis, o que ajuda. De qualquer forma, mesmo que não aconteça o que esperamos, acho que isso não é desculpa para desistirmos de tentar ter o controle. Afinal, somos seres humanos. E isso automaticamente significa que somos controladores.

obs: Alexandre, muito obrigada pelo seu comentário no meu último post. Você compreendeu perfeitamente o que eu quis dizer, e me deu exatamente o apoio de que eu estava precisando. Bjo grande

A.C. disse...

Sempre acreditei, da mesma forma que você, que olhar para trás é o que nos move para seguir em frente, saber dos perigos a desviar, encontrar pela experiencia o momento certo de falar, saber que situações se repetem o tempo todo, e embora nem sempre nós possamos sair ilesos delas, com o passado, podemos saber contornar o caminho e transformar uma possível repetição em um novo capítulo da história.
O texto ficou muito bom, e o que eu sempre acho interessante é que quando escrevemos textos nessa linhagem e futuramente os lemos novamente, notamos que fomos regados de uma sabedoria que havia nos inundado tempos antes, e que agora é perceptível aos nosso olhos.
Grande abraço!

B. disse...

Senti falta dos seus textos Alexandre. Quase sempre me identifico e hoje não foi diferente.
O passado faz parte da nossa história, mas não podemos ficar presos à ele. O que vale é a forma como olhamos pro passado, se for com superação e aprendizado, é válido.

Bandys disse...

Vim aqui duas vezes a tarde escrevi um monte e quando clicava em publicar dava erro. Nossa fiquei danada da vida. Mas vamos la...

Acho sim que devemos olhar pra tras, ver quais foram nossas escolhas, e deixar ele como alicerce para o futuro. Quem esquece seu passado pode repetir os mesmos erros e fazer escolhas erradas como foram feitas no passado.

espero que esse coment va direitinho, porque senão vc vai ficar sem coment. hahahaha
Tinha escrito mais, só que agora não lembro tudo mas era basicamente isso.

beijos doces nessa quinta na espera de sexta.

Camila disse...

Muito bom Alê...
Eu gosto de mudanças boas.. principalmente e que estou experimentando agora, para melhor claro :)
Sempre errando e aprendendo...

www.chadecalmila.com