A escrita gera reflexões. E ler às vezes nos faz meditar. Mas para quê? Para pensarmos e aprendermos algo que acrescente à alma? Às vezes as palavras pesam e confundem nossa mente. Qualquer frase que nos leva a refletir nos espanta, silencia-nos. Em certos momentos a gente não quer mais que somente ler; olhar; viver; ser; sem que a leitura nos intrigue, instigue ou incite qualquer aprendizado. Talvez um sorriso ou uma paz interior.
Há momentos – na literatura – em que não queremos refletir, apenas sentir a escrita, sem ficarmos presos às complexidades que o olhar sobre a vida nos impõe. O mundo anda confuso, as pessoas e suas problemáticas já preenchem nosso cotidiano com uma diversidade de pensamentos que ficamos penalizados, quando não, sofridos. Pensar para quê? Se a vida por si só já nos aniquila com sua realidade cruel. Refletir sobre certos temas é bom, mas quem não gosta de simplesmente esvaziar a mente e focar os olhos no horizonte?
Bom mesmo é somente vagar, sem saber para aonde; somente olhar sem saber por quê; amar sem motivo algum; viver sem uma busca específica. Leveza é isso, é um desligamento do que amarra nossa mente em confabulações desnecessárias. Por uns minutos que seja, queremos somente estar presentes, vivos numa vida que orienta com sua simplicidade. Que seja somente para olhar estrelas, ou rolar pela grama, mesmo que tudo não faça sentido.
Às vezes um pensamento, por mais reflexivo que seja não nos apetece, não estimula nosso coração. Diante de tanto caos, há vezes que não desejamos pensar muito. Queremos somente um pouco de paz, uma viagem silenciosa por palavras que abracem sem códigos, sem descrições enfeitadas ou imbuídas com significados. A mente, por vezes, quer ser livre, somente. Para sonhar com alegria, sem cortinas atrapalhando.
Portanto, que hoje a simplicidade impere. Hoje vamos apenas olhar, sentir as palavras, nutrir o nada que elas são, o vazio que há nestas frases, a falta de moral ou lição presente em cada palavra absorvida. Leiam, sintam, amem. Silenciem-se. Vivam! O mundo da literatura é fantástico justamente por não impor limites, por permitir que cada leitura seja sentida da forma como queiramos. Até que elas não signifiquem nada, mesmo que por trás de cada palavra haja muito amor.