O poder de se doar só é maior e mais sublime, quando somos
capazes de dividir nossa alma e nosso afeto pousar em vários corações.
Em nosso caminho diário, em nossa brava luta para viver dignamente e feliz, sempre somos seduzidos por joias que aparecem em nossas vidas. E então aos poucos descobrimos que apesar de trilharmos solitariamente, jamais nos encontraremos sozinhos. E então percebemos num dado momento, principalmente nos mais difíceis, que sempre precisaremos da mão amiga de alguém, de uma palavra carinhosa, de um abraço verdadeiro ou de apenas um sorriso sincero. Que em certos momentos da nossa caminhada, necessitaremos de ajuda, de apoio, de conforto, ou de uma simples companhia. E que os aprendizados oferecidos à gente não estão atrelados apenas a experiências solitárias e que eventualmente sempre vêm junto com joias preciosas; e sempre estaremos lá para conversar ou para ouvir, para aconselhar e acalmar, aprender com outras pessoas e ensinar.
Chega uma hora em que precisamos ficar de mãos dadas, e firmes para suportar tempestades e atribulações naturais rumo à felicidade; percebemos finalmente que cada pessoa depende da outra para sobreviver, e que a união é necessária em muitas ocasiões. Abrimos os olhos e então finalmente não há mais diferença social, nem cor de pele, nem preconceitos tolos e ridículos. O que nos ajuda a perceber que na busca pela harmonia, pela paz e pela felicidade, descobrimos ferramentas capazes de encontrar isso com facilidade, e tesouros dentro de outros seres humanos. Aprendemos que o nosso melhor poder é a partilha da alma, justamente o de se doar aos outros, assim como os outros se doam pra gente, numa infinita troca solidária de emoções, numa saudável interatividade e socialização entre almas, que no fim, buscam as mesmas respostas.
Nessa relação avançamos ao infinito do nosso ser, de nossas capacidades e de nossos desejos e sonhos, dentro de desafios indecifráveis, mas substanciais que, enfim, completam a nossa vontade em viver. Deixamos ser tocados por fragmentos de outras almas, numa pretensa ajuda. E dessa forma desbravamos nossos obstáculos com maior coragem e determinação, contando com a fé e a confiança de pessoas amigas e queridas. Entramos espontaneamente também no infinito de outros seres e depositamos um pedaço da nossa alma, como uma natural retribuição do bem que nos oferecem e então encaminhamos essas pessoas queridas e amadas também a uma felicidade almejada. Doamo-nos e se o fazemos com o coração em ajuda ao próximo, nos tornamos seres humanos dignos e melhores e extremamente ricos em alma.
Dessa maneira aprendemos a respeitar o espaço de cada um, sem prejudicar a vida que cada ser humano merece. E que além de sermos ajudados, aceitamos a compreender que ao partilhamos um pouco de nós e pousarmos em vários corações também, a nossa tão sonhada felicidade se torna apenas uma consequência desse ato. E a sublime arte de se doar se torna então definitivamente o melhor caminho para a Paz.
-
Originalmente escrito em 21/10/2007
Aspas do Autor: Um texto dos primórdios da minha escrita. E profético eu diria, porque me envolvi muito com as pessoas durante esses anos. E isso me engrandeceu. Ajudei e ajudei-me. Se cheguei aqui onde estou é porque contei com o apoio e incentivo de muitas pessoas, além do meu próprio comprometimento para com elas. Houve partilha. E considero isso essencial para que a gente cresça. Cresci. E ainda cresço.