Soneto do meu amor pra sempre

19 de outubro de 2013




Há um amor, um amor que me é tanto
Há um coração, uma vida a qual me atento
E dentro de mim, há de ser sempre contento
Uma eterna poesia, linda, a cura para o meu pranto

Eis que me é finda ternura, um contentamento
Uma delicadeza, sentimento fiel sob terno manto
Um amor que me deduz, sem segredo, com encanto
Perene existência, que ilumina, finda com o sofrimento

Em mim ele é livre, e na alma vive sereno
Meu amor é pra sempre, meu mais belo efeito
Com singeleza, (este amor) me aceita num lindo aceno

E finda; permanece; no meu coração é o eleito
A poética que, eterna, seduz o meu ser
Meu amor é o que me dá forças pra (sobre)viver



Aspas do Autor: Um soneto de amor, inspirado pela ocasião do centenário de Vinícius de Moraes, o poeta que me inspira; e com suas poesias tão enriquecidas com sensibilidade identifica o meu coração. É claro que não chego nem perto (nem querendo muito) dos sonetos dele, sendo ele considerado um dos maiores sonetistas do Brasil. Contudo, espero que apreciem o meu soneto, feito de alma, feito com amor.

O dia mais feliz do mundo

12 de outubro de 2013




Ela rodopiava e brincava solta, leve e feliz. Por entre os outros meninos corria livre, exalando uma felicidade incomparável. Seu semblante espelhava uma sensação real de alegria não vista nas demais crianças que ali naquela praça brincavam. Ninguém saberia explicar seus olhos cintilantes, seu sorriso tão fundido à alma, seus gestos tão legítimos e repletos de vivacidade. Embora parecesse deslumbrante como os demais, sua energia destoava, sua alma reverberava pelos cantos de uma maneira tão sadia quanto verdadeira.

Por um momento era a menina mais feliz do mundo. E isso ficava nítido no seu jeito esperançoso de brincar na gangorra, na sua meninice despretensiosa em se lançar no desafiante escorregador, ou no divertido balanço que esvoaçava seus cabelos lindos e espessos. Ela tinha uma aura que cintilava pura e exorbitante doçura, fazendo-a se destacar em meio às milhares que ali também brincavam. Mal sabiam de sua história e o quão aquele momento significava. Isso não importava. Aquele dia extraía de si tudo de doce que se refugiava em seu peito.

Era um precioso dia onde ela se envolvia num manto de pura felicidade, onde cada suor valia seu esforço, cada dor padecia envolto a uma gratificação de incomparável efeito, dentro dela. Seu sorriso espalhava a efervescência de sua inocência desejosa por dádivas, inesquecíveis encontros e vivências. Um dia era suficiente para apagar semanas de tristeza, meses de choro. Este dia trazia vida, emoldurava ao seu peito mais que mero conforto e paz, mas renascimento cercado com imensa esperança. 

Seu silêncio era canto, encanto que se traduzia num infante modo de se vangloriar desse único momento de partilha, de soltura, onde sua criancice se enlaçava junto às outras, rastreando a beleza que se ocultava naquelas horas tão sorvidas com uma singular maravilha. Não havia mais desespero ou aflição, apenas o júbilo refeito em momentos cheios de grandeza. Seu coração regozijava-se em meio ao encanto alastrado pelas outras crianças. Havia céu azul, um sol radiante. Principalmente dentro dela.

Foi assim até o dia findar. Mais uma alegria a se pôr, mais um momento sendo engavetado pelo dissabor, pela natural alternância em que o mundo se faz. E assim ela se recolhia para esperar ansioso o momento certo para a alegria reaparecer. O dia mais feliz do mundo não era o dia das crianças, tampouco o do seu aniversário. Era todo o dia em que ela pudesse brincar e extrair seu melhor, sua beleza reclusa e seu sorriso tão dissidente, com o intuito sincero de viver em partilha a poesia do mundo.

Esta menina se chamava Tristeza. E não era a única a se chamar assim, a padecer no seu exílio. Como tantas outras crianças, apenas aguardava o dia para mudar seu nome. E neste dia ela deixava de ser Tristeza para ser Felicidade. Este era o dia mais feliz do mundo. Quando o mundo, ao ser Felicidade, esquecia-se de ser Tristeza.



Aspas do Autor: Quantas Tristezas não se escondem por aí, desejosas de transcenderam para Felicidade? Milhares. Muitos são mais Tristezas do que Felicidades. E devia ser o contrário...O mundo precisa acordar Felicidade mais vezes e por mais tempo, deixando a Tristeza sumir por muito mais tempo. Abraço a todos.

Partilha da alma

5 de outubro de 2013




O poder de se doar só é maior e mais sublime, quando somos
capazes de dividir nossa alma e nosso afeto pousar em vários corações.


Em nosso caminho diário, em nossa brava luta para viver dignamente e feliz, sempre somos seduzidos por joias que aparecem em nossas vidas. E então aos poucos descobrimos que apesar de trilharmos solitariamente, jamais nos encontraremos sozinhos. E então percebemos num dado momento, principalmente nos mais difíceis, que sempre precisaremos da mão amiga de alguém, de uma palavra carinhosa, de um abraço verdadeiro ou de apenas um sorriso sincero. Que em certos momentos da nossa caminhada, necessitaremos de ajuda, de apoio, de conforto, ou de uma simples companhia. E que os aprendizados oferecidos à gente não estão atrelados apenas a experiências solitárias e que eventualmente sempre vêm junto com joias preciosas; e sempre estaremos lá para conversar ou para ouvir, para aconselhar e acalmar, aprender com outras pessoas e ensinar.

Chega uma hora em que precisamos ficar de mãos dadas, e firmes para suportar tempestades e atribulações naturais rumo à felicidade; percebemos finalmente que cada pessoa depende da outra para sobreviver, e que a união é necessária em muitas ocasiões. Abrimos os olhos e então finalmente não há mais diferença social, nem cor de pele, nem preconceitos tolos e ridículos. O que nos ajuda a perceber que na busca pela harmonia, pela paz e pela felicidade, descobrimos ferramentas capazes de encontrar isso com facilidade, e tesouros dentro de outros seres humanos. Aprendemos que o nosso melhor poder é a partilha da alma, justamente o de se doar aos outros, assim como os outros se doam pra gente, numa infinita troca solidária de emoções, numa saudável interatividade e socialização entre almas, que no fim, buscam as mesmas respostas.

Nessa relação avançamos ao infinito do nosso ser, de nossas capacidades e de nossos desejos e sonhos, dentro de desafios indecifráveis, mas substanciais que, enfim, completam a nossa vontade em viver. Deixamos ser tocados por fragmentos de outras almas, numa pretensa ajuda. E dessa forma desbravamos nossos obstáculos com maior coragem e determinação, contando com a fé e a confiança de pessoas amigas e queridas. Entramos espontaneamente também no infinito de outros seres e depositamos um pedaço da nossa alma, como uma natural retribuição do bem que nos oferecem e então encaminhamos essas pessoas queridas e amadas também a uma felicidade almejada. Doamo-nos e se o fazemos com o coração em ajuda ao próximo, nos tornamos seres humanos dignos e melhores e extremamente ricos em alma.

Dessa maneira aprendemos a respeitar o espaço de cada um, sem prejudicar a vida que cada ser humano merece. E que além de sermos ajudados, aceitamos a compreender que ao partilhamos um pouco de nós e pousarmos em vários corações também, a nossa tão sonhada felicidade se torna apenas uma consequência desse ato. E a sublime arte de se doar se torna então definitivamente o melhor caminho para a Paz.

Originalmente escrito em 21/10/2007



Aspas do Autor: Um texto dos primórdios da minha escrita. E profético eu diria, porque me envolvi muito com as pessoas durante esses anos. E isso me engrandeceu. Ajudei e ajudei-me. Se cheguei aqui onde estou é porque contei com o apoio e incentivo de muitas pessoas, além do meu próprio comprometimento para com elas. Houve partilha. E considero isso essencial para que a gente cresça. Cresci. E ainda cresço.