Dou passos sorrateiros em ruelas estreitas levando a nobreza de uma poesia fulgurante e soberba. Mas o mundo tem sua força. Sinto o desafinar dos tons em cada passo arrastado com o qual a minha alma se lança. Não sei compreender o mínimo. Fico sentido e quebradiço com as nuances impostas. O mundo reage ao meu doce delírio de esfumaçar o teor do meu querer, me entorpecendo com suas mãos pétreas e frias. Cada mexida tilinta e a vida me remonta com seus (b)ecos atemorizantes. A experiência desse vagueio me desatina a apinhar os fascínios do meu melhor ser, com o doce intuito de minar esse flagelo interminável.
Não irei mentir. O medo, em muitas ocasiões, me assinala em meio à trilha. Às vezes pesa o fardo de tanta fé. A rijeza da realidade me contrapõe na parede me colocando no lugar. Ecos de dor sussurram pelas cadeias nervosas do meu peito, dilacerando-me ao meio, estilhaçando minha crença e rebatizando o meu anseio com duros baques. Vou sob a leveza da minha verdade tão enraizada, nutrindo o meu íntimo com o néctar do meu amor, com o dote singular que enfeita minha alma. Caminho com os presentes guardados no bolso, os sonhos embrulhados na antessala do meu coração.
Os becos pelos quais eu devaneio, são envoltos com aspereza e incididos com um aroma de difícil inalação. São nessas travessas em que há o confronto entre razão e emoção; conflito entre sonho e realidade. Caminho à margem dos piores pesadelos, travando um duelo com os meus princípios, meus ideais tão embevecidos com o brilho dos meus sentimentos - legítimos e fiéis. O mundo ecoa de forma visceral sua melodia tão orgânica, tão (pro)funda e angustiante. Todos os lados parecem cantar as cifras de suas armas afiadas e incapacitantes.
A minha peregrinação, meu fortuito jeito de incidir o corpo diante das belezas e agruras da vida é o que me faz interagir, o que me autentica a permanecer fiel nessa vontade macro em topar com o amor puro, abundante e apaziguador. Mesmo que os (b)ecos possam me assustar, me penetrar com um medo gélido e cruciante, persisto, me alinho – paulatinamente – na insalubre condição em que a vida me põe, para alcançar os tão sonhados momentos pelos quais a minha alma apetece.
Sou elevado pela vigorosa fé, carregado pelo arroubo dos encontros, pelo sublime odor que afloro na minha incansável busca pelo belo. Entre (b)ecos vou aprimorando minha débil orientação e alimentando o meu vício altivo em amar demais...
Aspas do Autor: Porque os caminhos, em alguns momentos ficam estreitos, me sufocam com seus ecos estridentes... Sonhar me transporta, me alveja com bonitezas, mas só eu sei o quanto a realidade me põe no meu devido lugar...