Tua imensidão

29 de outubro de 2011





Tua
Crua
Serena tentação
És flor
A exalar paixão

Tua
Deliciosa atração
Enfeita de cor
Qualquer coração

Tua
Nua
Idílica sensação
Revela na dor
A plena emoção

Tua
Doce
Maneira de ser
Evidencia nos olhos
O teu lindo querer

Tua
Querida
E manhosa vontade
Destila no ar
A sutil liberdade

Tua
Rua
De sonhos aveludados
É requinte de carinhos
E desejos laçados

Tua
Fome
Infinda no clarão
Decifra no todo
Suspiro de verão
  
Tua
Alma
Um versar de canção
Expressa a poesia
Numa sublime imensidão

-
Com muito amor, para você, minha musa inspiradora... Minha amada! 





Aspas do Autor: Um poema, feio sob a luz das estrelas, regido pelo sopro noturno de uma noite azulada. Porque declamar tua imensidão foi o começo do ato; o semeio do qual nasceu a flor. Você, em mim. Beijo meu à ti Monalisa.

A separação do sorriso

15 de outubro de 2011




Foi um vislumbre belo. Em meio ao infinito, ao sem fim que ali simplesmente existia. Num momento indefinível, o encanto se fez canto; o silêncio ecoou. Da sua boca foi soprado um pedaço de si. Um sibilo do seu magistral amor. E ao redor, ele pôde contemplar sua mais nova criação. Um ser perfeito, com curvas de doçura. Reflexo do criador. Partição amorosa e plena de si mesmo. O batizou de sorriso. Um ser que carregava o encanto mais sublime existente em todo o universo; a própria essência magnífica da felicidade, exultada pelo expresso desejo de um ser supremo. Era perfeito porque foi assim imaginado por ele

Ao contemplar sua criação, uma ideia se maquinou no seu íntimo. Imaginou uma brincadeira com o sorriso. Transportou o mesmo a um mundo em que o tempo e o espaço reinavam; onde a imperfeição rondava e a maldade ou bondade seriam escolhas possíveis. Porém, para que o sorriso, um ser perfeito, pudesse viver naquele lugar, era estritamente necessário que a perfeição fosse abdicada. O sorriso aceitou. Quis sentir a vida mortal. Fez a vontade do supremo, que então o separou de si. Eram agora dois. Metades de um sorriso. Agora incompletos. Carentes um do outro. Metade homem, metade mulher. Metades precisas a si. Portanto, ao estarem divididos, eram agora imperfeitos.

Naquele mundo, eles perderiam a memória. Esqueceriam que foram unos e perfeitos um dia. Nasceriam vazios, e cresceriam com ajuda do tempo. Aprenderiam com a clareza que ainda se mantinha como resquício da origem perfeita. Residiriam em invólucros carnais e limitados, para que pudessem andar sobre a superfície do mundo experimental, que se banhava com a imperfeição do que ainda está em construção. Teriam a função simplesmente de habitarem, sentirem o finito que se espalha pelas moradas do tempo e do espaço. Seriam moradores de um mundo carente de inteiros. Um mundo onde metades se buscam para se findarem. 

Não seriam mais que almas gêmeas desprendidas de si. Perfeição despida, deposta pela benigna vontade de um ser soberano. Eles levariam no íntimo a completude um do outro; a peça final do quebra-cabeça; a totalidade de um recipiente preenchido até o meio. Nunca se sentirão completos, por mais que sintam encantos belos e felizes em vida. E intuirão esta falta. Uma solidão assimilada em meio a tudo. As metades sentirão a frieza imposta no calor e a ausência diante de milhões de presenças. Hão de sentir que algo lhes falta, que algo foi arrebatado antes de virem ao mundo. Sentirão saudade de algo desconhecido. E olharão para o horizonte, em busca deste pedaço solto. 

As metades de sorriso então nascerão propensas a se acharem. O jogo seria viver, sentir a plenitude de uma experiência diferente. A mais transcendental de todo o universo. Esta seria a grande aventura na qual embarcariam. Uma sutil brincadeira onde cada um viveria o máximo para preencherem as lacunas de perfeição que foram extraídas no ato da divisão. Conviverão pelo mundo em busca da junção definitiva com a sua outra metade. Porque somente juntos, o ato de sorrir seria completo. A função era se encontrarem, se colidirem eventualmente pelas esquinas desta nova vida. Era uma restrição necessária. Porém, encantadora. 

Por conta do limite desta vida, nunca chegarão a ter clareza esclarecedora quanto a isso. Nunca entenderão a agonia que alerta a falta. Desejarão voar, mesmo que não haja asas. Ansiarão se unir, mesmo sem ter certeza a quê. Estarão sós, num caminho em que apenas o outro, exclusivamente se encaixa. Entretanto, contarão com um auxílio nesta busca. Mesmo divididos, morando na limitação de uma vida mortal, suas metades se conduzirão e, ainda que sutil, conseguirão manter suas atrações mágicas. Há um ímã que os atrai de alguma forma. Suas essências são gravitacionais a si. Uma seduz a outra. Os caminhos acenarão com ajuda de estrelas guias, luzes que direcionarão o encontro. 

As metades de sorriso viverão para se encontrarem. Irão se amar, mesmo sem se conhecerem. Mas dia ou menos dia, este encontro irá acontecer. Cedo ou tarde seus rios irão confluir e se tornarão um só. Na medida e no tempo necessário, estes seres gêmeos se unirão enfim. O momento chegará. É absolutamente certo! Categórico! O dia já está escrito! Eles caminharão a trilha da imperfeição para alcançarem o da perfeição, novamente. Darão passos para se aproximarem e se completarem; serem unos. E assim, inevitavelmente, os sentimentos vincularão, como um impacto divino, capaz de estremecer o universo. Acontecerá então, o definitivo, encantador e sublime enlace formoso do amor. Almas gêmeas separadas, que enfim, atrelarão suas metades uma na outra. Haverá o encaixe supremo, a união doce, o elo final. Perfeito. A vitória do amor. A felicidade derradeira. A gênese do sorriso pleno...




Aspas do Autor: O esboço desta historinha passeou pela minha mente a semana toda. Eu precisava mesmo colocar em palavras. E aqui está. Falei de sorriso, porque adoro sorrisos. Eu particularmente sou atraído. No mais acredito também que há algo em nós pelo meio, um pedaço que nos empurra para o outro. Aquele que nos completa. Creio que somos metade em busca da outra. Dois em busca de ser novamente um. Acredito. E esta certeza do encontro se faz forte a cada dia. É o que me faz persistir e jamais desistir da outra metade do meu sorriso. Afinal, tornar o sorriso completo é algo certo. O momento não importa. Será. Fatalmente. Bem, no mais a inspiração continua inflada, intensa e transbordando. E sob a condição atual, realmente surpreende...

Dos encantos

8 de outubro de 2011





“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.” 
(Antoine de Saint-Exupéry)


O sentimento aponta. E a mansidão relegada aos sete cantos fica perceptível. Para poucos. Coisas raras são praticamente invisíveis, quase inexistentes. Mas é na miudeza mais sutil da vida em que as essências mais bonitas se abrigam. São nas minúcias que deparamos com as grandezas encantadoras; o encanto sublime, àquele tão especial, tão único e tão exilado por aí; tesouros que se camuflam em detalhes. Particularidades que, por vezes, deixamos de captar e, portanto, absorver. Talvez por pura falta de sensibilidade, distração, ou por conta do limite humano, que não nos permite alcançar tudo.

Há um mistério dispersado pelo ar. Daqueles difíceis de entender, mas muito fácil de descobrir. Se apurarmos bem o coração, conseguiremos enxergar as belezas maiores. Estão por todos os cantos em que passamos. Por todos os lugares. Nas arestas mais finas da vida. Existe uma mágica misturada no sopro dos ventos; uma essência que se dissolve na força com que as folhas se balançam; na sinfonia adocicada do canto dos pássaros; nos pingos de chuva retalhando a superfície. Existem formosuras tão inacreditáveis, que são capazes de aquecer a alma, acalantar o mais profundo de nós. Porque percebê-las é reavivar a esperança, reacender a chama da nossa fé e realimentar a força do nosso amor, os nossos sentimentos.

O que aparenta ser inexistente, na realidade, é puro e abundante, sublime e exultante. Mas algumas belezas só são acessíveis quando transpomos as películas que obstruem a clareza da alma, transpareçam o opaco dos olhos e o coração consiga, enfim, trespassar esta membrana, para vislumbrar os adornos que nos cercam; os atrativos que enfeitam a vida com laços de encanto; com flores de sentimentos e magias de amor. Só fica visível quando aprendemos a caminhar sobre a terra fofa com delicadeza, para que não danifiquemos suas propriedades férteis, e ainda assim possamos deixar nossa marca no solo.

São segredos encarcerados pelo tempo, pela regressão da sensibilidade humana. Dispersados por aí, esquecidos pelas esquinas, soltos na rua. Porém, vibram, exalam, desejam e transbordam. São para serem sentidas, absorvidas com magnificência, no triunfo do nosso ser. Magias mescladas no brilho das noites azuladas e presentes no aconchego do aroma noturno. São liras sibiladas pelo pulsar da natureza, ostentadas pela magnitude de cada estação. Estão mais presentes do que tudo, mas não intuímos com clareza. Porque vivem no meticuloso da criação divina, propagados pela canção sinuosa que se cria entre os ventos, e na força motriz que empurra as águas.

Sentimentos raros que habitam o mais fino das camadas humanas. Perceptível a almas de água cristalina, que tem olhos de coração e mãos límpidas de lamentos, mas abundantes de esperanças e sonhos. São companheiras fiéis dos mais inocentes, daquele sorriso maroto, infante e em tudo que não há malícia. São poesias solenes, rimadas pela extensão de cores vivas que se alastram pelas paisagens que vislumbramos, como letras que nunca foram dedilhadas, porém pinceladas. Perpetuam-se dentro de nós, como orquestras que embalam o salão da alma. Valsas que ritmam as batidas do coração, difundindo o sentimento no íntimo, de forma majestosa, com toda a pompa e requinte, das quais somos merecedores.

Há encantos até no mais profundo do nosso mundo. Ocultos ou perdidos; prontos para serem descobertos e decifrados. Ficam lacrados. Sentimentos e magias que não foram feitos para serem violados, mas conquistados, despertados. São preciosos e sublimes, porque revelam intrinsecamente a identidade do nosso ser. Tesouros que se alastram camuflados no interior, dentro de caixinhas trancadas. Nossos melhores lados. O amor embalado; os sonhos ansiados; o esplêndido dos nossos desejos; toda a gama de desvelos que somos capazes de ofertar; os afetos mais sutis e meigos que dão cor ao nosso quadro; as pétalas douradas das flores que adornam o território da nossa alma.

Existem encantos em nós, tão necessários a todos quanto àqueles que divagam pelas trilhas da vida. Tão misteriosos e essenciais quanto os que voam por aí. Acessíveis da mesma forma, com delicadeza, finura e sensibilidade. E principalmente, persistência e amor. Encantos são assim, despertados, ou às vezes plantados e colhidos com as mãos nuas. Porque também podem nascer. Surgem por intervenções humanas. E as verdadeiras são mais profundas, firmes e quase nunca dissipam.

Encantos são detalhes essenciais e que poucos veem. Mantos translúcidos de pura emoção. Combustível que impulsiona o andar; aprimora a confiança no pensamento presente e a esperança pelo sonho futuro. Encantos são assim, invisíveis aos olhos, mas sensíveis, unicamente, a corações. Porque tem coisas que a vista não enxerga, e o coração denota. Elementos que os olhos humanos não interpretam e não alcançam, mas o coração traduz e as sente. Sonhos dos quais mais ninguém ousa sonhar, mas o coração alerta na possibilidade de crer. Porque vê. E no conforto do âmago, nos preenche com a plenitude mais bonita do viver. Um abraço assimilado, único, capaz de dar aconchego sem igual. Incomparável. Transcendental.





Aspas do Autor: Seguindo a pauta do último texto... Os dias andam um pouco vazios, porém, ando suscetível aos encantos. Aos que já moram firmes em mim e me acalentam; aos que se anunciam pelos cantos e ainda há de virem. Estou assim, sensível, perceptível ao que sinto, ao que virá e ao que espreita;  sendo guiado pela força na qual acredito e pelo pensamento presente. Que me empurra pra frente. Para o horizonte. Porque existe algo bonito adiante. Eu sei. Sinto. No mais, é outro mês, e meu selinho e recomendação de leitura vai para o blog da minha amada amiga Daniele, que dispensa comentários... Leia as palavras dela. E se apaixonará. De verdade.