A revelação de Elisa
15 de outubro de 2001.
Foi um belíssimo raiar de dia. Lembro bem as luzes fulgurantes trespassando a cortina do quarto. Eram umas 6h20m quando a acordei. Elisa ainda estava recostada na cama, num sono bonito de ver. Uma das coisas que eu mais admirava era o seu sorriso enquanto dormia. Ela ficava muito linda, envolto a uma beleza de naturalidade impecável. Sorri como que acariciado pela presença da minha esposa, e levantei. Fui até a cozinha preparar um café da manhã pra Elisa e eu. Da janela da cozinha foi possível ver aquarela iluminada que se fazia no quintal de casa. As cerejeiras se revolviam com um vento brando e gostoso, as folhas não resistiam e caíam na maciez do chão. Parecia mágico ver aquilo. As férias de outono no campo eram realmente recompensadoras. Eram dias das quais nós ficávamos em uma completa paz, saboreando o amor um do outro de uma maneira muito conciliadora e aconchegante.
Diante daquele dia imensamente maravilhoso, fiz o café para Elisa com o carinho habitual. Preparei alguns ovos, e coloquei na bandeja uns pãezinhos, manteiga e a geleia de maçã que ela tanto gosta; acrescentei umas torradas e fiz um delicioso suco de uva, e deixei umas amoras numa tigela, a minha fruta preferida. Para mim fiz umas panquecas e joguei mel por cima. Por fim, coloquei dois bolos de milho. Levei a bandeja até o quarto. Elisa já estava com os olhos entreabertos. – Bom dia meu amor! – eu abri um largo sorriso, e ela respondeu-me com outro sorriso e um bom dia meio sonolento, mas infinitamente apaixonante.
– Amor, você se superou hoje hein? – disse isso, ao ver a bandeja farta e enquanto se recostava na cama para poder tomar o café de modo mais confortável.
– É verdade! – eu mesmo tinha me espantado com a disposição pela manhã – fiz um café primoroso pensando em você. Agora tome direitinho, para podermos fazer o passeio que sempre fazemos. – disse enquanto sentava-me na cadeira do lado da cama e colocava o café para ela tomar. Ela ao lembrar sobre o passeio mostrou uma alegria indisfarçável e um pouco de ansiedade no rosto.
Depois de tomarmos café, nos preparamos para fazer um passeio que tínhamos programado dias antes. Lembro que estava um pouco frio lá fora. Ela vestiu seu moletom marrom, e eu fui com o meu casaco de tom marfim. De carro nos dirigimos até o lago de San Amaro, ao norte da nossa casa, o lugar em que nos conhecemos e que guardava muitas lembranças bonitas. Era um lugar primordialmente natural, porém requintado e ostentando um encanto sublime de indescritível beleza. Foram poucos minutos dali. Ao chegarmos, foi impossível não nos maravilharmos. Ao horizonte tinha muitas montanhas e vales. E a água do lago era muito cristalina. O espelho d’água era uma coisa que nos fascinava, sempre que íamos ali.
O lago de San Amaro era um refúgio para muitas pessoas, por conter muita tranquilidade e paz, somada com a exuberância de uma beleza natural única e romântica. Desde que nos apaixonamos ali, Elisa e eu nunca deixamos de visitar o lugar nestes anos. O que nos encanta é justamente a imprevisibilidade do local. Cada visita passa uma sensação diferente. Nós dois conseguimos sempre absorver este êxtase suave. Não sabemos bem explicar. A luminosidade e o azul do céu, os reflexos na água, a calmaria do local, as flores no jardim, a temperatura do ambiente, nunca são os mesmos como da última vez. Às vezes está mais frio, ou mais calor, às vezes uma neblina envolvente, um vento brando, ou vento mais forte, ou nenhum vento. Definitivamente amávamos o local.
E aquela visita também foi especial. O lago pareceu transparecer uma doçura incomum e peculiar. A natureza agia silenciosa naquele dia. Sentamos no jardim, a alguns metros da margem, o nosso lugar cativo. Ali nos abraçamos e ficamos a observar a tarde caindo naquele lugar maravilhoso. Ficamos namorando ante a magnitude do “nosso local”. Elisa não demonstrou estar calma. Ela pareceu um pouco agitada e ofegante naquele dia. Perguntei se havia algo.
– Ah, Ricardo, é o lago, está mais lindo do que antes. Você não notou? – Ela falou isso ao recostar a cabeça no meu peito. Acariciei seu cabelo e beijei-o. Eu concordei com Elisa. O céu azul e a água tão cristalina do lago pareciam estar com um encanto maior. Eles pareciam mudos. Pareciam testemunhas de algo que era profundamente maior. O silêncio pareceu reger uma sinfonia que tocava apenas dentro dos nossos dois corações, naquele momento. Ficamos ali até o sol esconder pelas montanhas ao horizonte. O pôr-do-sol era o espetáculo preferido de nós dois. Foi aí que naquele momento, diante do poente, Elisa quebrou o silêncio com a sua doçura habitual.
– Amor! Esperei este momento para te falar algo. – Ela virou-se para olhar nos meus olhos, e pude ver transparecer dentro dela um brilho muito intenso, mas que me proporcionava uma paz. Lembro que fiquei emudecido, mas muito instigado com aquilo. Um pequeno frio na barriga percorreu em mim.
– Fale amor. – falei isso buscando desvencilhar-me dela para poder olhar e prestar mais atenção.
– Ric! Estou esperando um filho teu. – ela disse isso enquanto acariciava meu rosto com suas mãos brancas e delicadas. Eu nem lembro bem o que senti naquele exato momento. Mas foi uma emoção indescritível. Num súbito abracei-a com todas as minhas forças. Meus olhos transbordaram em lágrimas. Mas eram felicidades extraídas de mim. Um profundo prazer transfigurado numa brandura cativa. Foi o melhor momento. Foi a ocasião perfeita. Era a concretização de um sonho conjunto. Um sonho que particularmente era muito especial pra mim: o de ser pai.
Depois disso nem nos importamos com tudo ao redor. Ficamos ali nos amando. Aquele foi uma dia muito especial. Um dia em que nós, não ficamos a admirar as belezas da natureza ao redor, mas sim a natureza ao redor foi que ficou a admirar o nosso amor. A nossa felicidade!
E aquela visita também foi especial. O lago pareceu transparecer uma doçura incomum e peculiar. A natureza agia silenciosa naquele dia. Sentamos no jardim, a alguns metros da margem, o nosso lugar cativo. Ali nos abraçamos e ficamos a observar a tarde caindo naquele lugar maravilhoso. Ficamos namorando ante a magnitude do “nosso local”. Elisa não demonstrou estar calma. Ela pareceu um pouco agitada e ofegante naquele dia. Perguntei se havia algo.
– Ah, Ricardo, é o lago, está mais lindo do que antes. Você não notou? – Ela falou isso ao recostar a cabeça no meu peito. Acariciei seu cabelo e beijei-o. Eu concordei com Elisa. O céu azul e a água tão cristalina do lago pareciam estar com um encanto maior. Eles pareciam mudos. Pareciam testemunhas de algo que era profundamente maior. O silêncio pareceu reger uma sinfonia que tocava apenas dentro dos nossos dois corações, naquele momento. Ficamos ali até o sol esconder pelas montanhas ao horizonte. O pôr-do-sol era o espetáculo preferido de nós dois. Foi aí que naquele momento, diante do poente, Elisa quebrou o silêncio com a sua doçura habitual.
– Amor! Esperei este momento para te falar algo. – Ela virou-se para olhar nos meus olhos, e pude ver transparecer dentro dela um brilho muito intenso, mas que me proporcionava uma paz. Lembro que fiquei emudecido, mas muito instigado com aquilo. Um pequeno frio na barriga percorreu em mim.
– Fale amor. – falei isso buscando desvencilhar-me dela para poder olhar e prestar mais atenção.
– Ric! Estou esperando um filho teu. – ela disse isso enquanto acariciava meu rosto com suas mãos brancas e delicadas. Eu nem lembro bem o que senti naquele exato momento. Mas foi uma emoção indescritível. Num súbito abracei-a com todas as minhas forças. Meus olhos transbordaram em lágrimas. Mas eram felicidades extraídas de mim. Um profundo prazer transfigurado numa brandura cativa. Foi o melhor momento. Foi a ocasião perfeita. Era a concretização de um sonho conjunto. Um sonho que particularmente era muito especial pra mim: o de ser pai.
Depois disso nem nos importamos com tudo ao redor. Ficamos ali nos amando. Aquele foi uma dia muito especial. Um dia em que nós, não ficamos a admirar as belezas da natureza ao redor, mas sim a natureza ao redor foi que ficou a admirar o nosso amor. A nossa felicidade!
Aspas do Autor: Um conto suave e doce para poder amansar a alma. Os dias andam um pouco tediosos e a inspiração anda meio fugidia e escassa. Quero mais doçura no ar. Um grande carinho a todos. Uma ótima semana!