Ruptura

26 de fevereiro de 2011




Um pressentimento, uma solene tentação
Do som ecoando pelo coração
Notas de encanto guardadas na mão

Uma previsão, do rompimento da dor
Enclausurada no quadro sem cor
Evitando o despertar singelo do amor

Um desgaste que perpetua no ser
Emoções que se alimenta ao ver
Desejos ocultos no amanhecer

Uma sombra que busca esvair
No quebrante da alma a cair
Enlevo que no fim irás ressurgir

Querer é um simples início de amar
É ruptura, a chave para destrancar
Melodias de uma alma a sonhar

Amar é no fim tornar a romper
O lacre que evita a esperança crescer
Ruptura da dor, flores a envolver.





Aspas do Autor: A alma às vezes precisa quebrantar, mas de uma maneira impulsionado pela força do sentimento interior. Só isso rompe a dor e qualquer aflição que aniquila, e portando, desta forma, o amor, na doçura plena que tem, perpetua-se por toda a alma. Amor é uma dessas chaves que rompe o medo ou a insegurança. Meu afeto à todos. Fiquem com Deus. E tenham uma ótima semana.

Pintura

19 de fevereiro de 2011




Antes de ser, não era. Era um nada onde até o nada era ausente. Um lugar que não era possível ouvir nada, apesar do silêncio também não existir. Algo que era, mas nunca foi. Um rascunho ou um mero pensar ainda era mais concreto que este mundo. Um mundo que se chamava de mundo, mas não tinha nada que o definia como mundo. Era apenas vazio, morando no nada, relegado do que é real e irreal. O surreal ainda era mais crível que este lugar. Sonhos impossíveis eram mais próximos, do que este mundo.

Era um lugar que nem mesmo se deveria chamar. Vazio ainda seria um título muito cheio para esta aberração oca. Se não havia, nem continha, porque existiriam elementos que o definissem? Não é possível definir o que não tem. Simplesmente não o tinha, não o era, não acolhia mais que apenas o vago vazio mais oco de todos os “nadas” juntos. Era uma brancura translúcida, que praticamente cegava. Era talvez um mundo, apenas por achar-se que ele fosse realmente mundo. Um mundo de nada. Um nada de mundo.

Vazio. Desprovido. Carente de ideias; de imagens; de qualquer conteúdo. Simplesmente um lugar ao léu, que planava na incerteza e na cegueira, na essência vã do invisível. Algo que não se podia tatear, porque não era. Este vazio era assim, simplesmente vazio, transparente tanto quanto o vento, concreto tanto quanto o amor. Um mundo onde a única presença certa era a ausência. Um mundo que na verdade era ensaio, apenas um espaço para ser preenchido; uma tela de quadro sem pintura.

Até que ele começou a ser algo, quando gotas de cor caíram no seu nada. Rios coloridos que foram bailando entre si, criando todos os espaços e ao mesmo tempo preenchendo-os com a cor da beleza. O traçado das cores parecia uma sinfonia poética, uma coesa demonstração do infinito encanto presente no que se via. Era como uma chuva de aquarela, pingando suas notas de amor, por todos os cantos. Respingos cativos da imensa doçura apaziguante que permeava a doce sensação de inventar, de dar cor ao que não era. Era simplesmente a indelével criação que se fazia, expugnando o recalque da mente, e explodindo fagulhas de arco-íris por todos os cantos.

Um lugar que se tornava lugar, porque as cores se uniam para fazê-lo. Eram pinceis manipulados por deuses, e que esboçavam um mundo crível, repleto de existência, presente sem ser ausente. Matizes de sensibilidade, que expurgavam o nada, e convidavam ao concreto sonho de se imaginar, porque se estava a pintar um mundo para existir. Uma pintura, nada mais do que desenhos de um deus, a preencher o vazio de uma tela branca, criando um universo de proporções incalculáveis. Uma dança coreografada que não unia passos, mas sim pigmentos de encanto, misturas de deleitável êxtase, e colisões de gotas coloridas, unidas para criar quilômetros de paisagens e ternura.

Um lugar onde não tinha como limite a moldura, mas a capacidade de sonhar, de acreditar e ver o quanto uma imagem podia guardar um infinito universo, rico em cenários, em cores, em belezas. A moldura apenas delimitava a visão mais superficial, mas ela era apenas uma porta para que os olhos da alma pudessem ver o mundo feito através do mesclar das cores. Olhos esses que conseguiriam viajar por entre a vastidão de um mundo encoberto pelas texturas de um mundo pintado. A tela de um quadro foi um vazio em que ao ser pintado deixou de ser vazio; pintura essa que, vista pelo coração, era possível tornar a paisagem limitada pela moldura, num mundo ilimitado de possibilidades.

 



Aspas do Autor: Uma historinha leve, suave e, claro, com o encanto de sempre. Porque é sempre bom escrever um pouco mais sobre beleza, e não dor; falar sobre cor e não cinza; nem de tristeza ou desamor; ou coisas impossíveis, idealizadas. Uma historinha delicada e bonita como a pintura de um quadro. Um conto pigmentado com a textura da minha emoção. Deixo aqui meu afeto a todos. Fiquem com Deus! E uma ótima semana!

A vida é uma dura lição

12 de fevereiro de 2011




Quando caímos no chão, percebemos o quanto a vida é real.


Todo dia recebemos duras lições. São verdades postas na nossa cara, com o intuito de nos mostrar que tudo segue um ritmo diferente do que idealizamos. Não podemos pintar um quadro perfeito de todas as situações, nem do que ansiamos e desejamos. Quanto mais sonharmos e menos vivermos, podemos nos ferir com as doces ilusões posteriormente. Se vivermos mais que sonharmos, podemos estar afastando a sensibilidade tão essencial na nossa alma. Não dá pra viver em um mundo completo de fantasia, nem mesmo num mundo tão real sem sonho. Dez passos no céu, outros dez no chão. Todos os elementos se complementam. Tudo precisa ser moderado e contrabalanceado. É necessária viver a vida com ponderação, pesando a sensatez, e equilibrando bem razão e emoção.

A vida não é complicada, nunca vai ser. Apenas nós que colocamos empecilhos e culpamos o vento. Entretanto, a vida não exige facilidade. E nem nunca vai ser fácil. No momento em que existirem dois pesos e duas medidas, a situação ficará perigosa. A grande verdade é que em alguns momentos nosso instinto de proteção pode se tornar traiçoeiro. É o instinto automático de sobrevivência, é a teoria de que uma ação gera reação. Quando nos sentimos acuado e pressionado, a adrenalina flui com intensidade. Podemos explodir com atitudes ofensivas a ponto de defender nossa integridade ou simplesmente nos levarmos inquietamente por emoções. O resultado de impulsos são sempre surpresas desagradáveis. E quando menos percebemos, a vida nos dá um soco na cara. Porque situações como essa nos faz – involuntariamente ou não – ferir as pessoas que nos cercam e a nós mesmos. Então tudo parece turvo, confuso. As escolhas parecem ordinárias perante o que a vida nos propõe. A dor é inevitável, mas o aprendizado é opcional. Infelizmente nem todos enxergam ou não buscam aprender.

A vida nos dá lições e nem parece se preocupar com o buraco que pode causar. Quando achamos que estamos corretos, tudo ao redor nos indica que estamos errados. Isso acontece porque convivemos em cima de uma fina linha tênue entre o certo e o errado. O fato é que é sempre muito fácil encontrar motivos e culpar fatores externos, quando na realidade somos responsáveis por nossos próprios atos. Quando verdadeiramente concluirmos de que tudo segue de acordo com o seu propósito, ficará mais fácil de entender. O fato é que buscamos imagens que não existem. É preciso entender que a verdade é dura, mas é o real. O verdadeiro ideal vai ser sempre repleto de muita dificuldade, de muita dor, muitos obstáculos e desafios, mas que tudo também pode render superações, lições e aprendizados. O perfeito está justamente nessa diversidade de experiências, boas ou ruins. O quadro mais bonito é o mais borrado. A pessoa mais querida é a que justamente tem mais defeitos.

É duro acreditar em tudo. É difícil mensurar como será o futuro. Natural ter temores quanto ao que passa, e ao que virá. O que não podemos é nos esconder, Inventar fórmulas, desenhar situações e casos que nunca irão existir ou pessoas perfeitas que sequer nasceram. É preciso sim, acreditar que às vezes o certo é aquele casaco mal costurado, ou o quadro mal pintado. Porque a vida nem sempre será linda, com enfeites coloridos, flores nos caminhos e sem espinhos no amor. Porque nem todas as pessoas serão completamente perfeitas. Mas serão perfeitas em suas adversidades e limitações.

A vida será uma professora rígida, exigente, nos castigando quando necessário. Mas também será doce, atenciosa e ensinará quando verdadeiramente precisarmos. Cada um de nós, então precisa estar bem atento, para absorvemos cada aprendizado. E assim então, posteriormente aprendermos a conviver com mais compreensão, menos ansiedade e mais zelo com o que nos cerca. Porque a vida é uma dura lição, mas também é um doce presente.

 
 
 
 
Aspas do Autor: Acho que precisamos apenas aprender a viver de forma mais equilibrada, para podermos entender todas as razões postas pela vida. Toda experiência é de alguma forma necessária, enriquecedora. Porque não há lições melhores dos que o que a vida nos dá. Lições que nos ensinam a discernir melhor. Bem, deixo aqui afeto meu e o desejo de uma semana abençoada para todos.

Manso desejo

5 de fevereiro de 2011




Talvez eu deva correr, ou caminhar, perscrutar os caminhos mais escuros ou procurar a luz e seguir com mais cautela. Sei que nada está sendo em vão, sei que tudo vem com um objetivo. A vida me entrega sensações que se espalham pelo meu espaço, se entrecortam e se cruzam pelo infinito. A singularidade imposta em cada sopro de vento, em cada passo dado, em cada olhar solitário, em cada jeito sereno e doce, pousa suave em meu colo e me afaga, me faz carinho e me transporta a um estado de êxtase. Os sentires me despertam quereres profundos, e rígidos em meu ser transfigurado e maltratado pelo oxigênio transbordado no ar. Sei que sinto, e sinto que dá pra desejar, e querer amar.

Essa maresia de emoções molda meu doce ser, e me enleva em ritmos lentos compostos pelo tempo, pela carícia da vida e pelas românticas ondas de verão. Esse brando despertar toca de forma sensível e minha força de vontade enrijece e me dá suporte para continuar a cantar e compor belas canções. Esse dócil desejo me aniquila e ao mesmo tempo me conforta, e me faz perceber o quanto há de belo nas entrelinhas da vida, no amanhecer do dia, no brilho das constelações, no sorriso humano, no olhar de uma criança. É isso que faz bem, que move os desejos, que se configura como aspectos atraentes, mágicos e singelos. Este desejo de ser, de sentir o inexplorado e tudo além do que se vê, e do que existe, comove a minha pulsante força que tenho para amar.

No ensejo de sentir, consigo atrelar cada milímetro dessa perseverança em querer, e fixo todo esse desejo no que mais me desperta ânsia e afeição. Torno minha capacidade uma importante ferramenta para suportar o inesperado e o que nunca foi sentido. Então essa energia que penetra me levita pelos campos floridos, pela intrincada e bela existência do ser, pelo mágico aroma no ar, e por todo o universo ao redor. Logo me vem o desejo de me tomar conta, de estar sobre as respostas sem perguntas e nos cantos sem dobras, ser sinfonia nos ouvidos, de criar sonhos em outros sonhos. Nesse precioso sentir, dá-me a gana de ir e vir, de abraçar e ofertar um calor sincero, um olhar sem mistério, uma amizade sem limites, um amor além do além, que seja mais que sentir e mais que tudo, aquele que és imenso, e ainda tão pequenino.

O manso desejo se instala em meu olhar, em meu jeito poeta, sensível e ingênuo, no meu coração inflado de coisas boas, que dá frutos de esperança e de valores esquecidos pelo tempo. Sinto e desejo; desejo e sinto. Que tudo mais que eu queira esteja em um simples desejo, tão simples que ao mesmo tempo é intrincado, magnífico e imenso, seja em sua forma ou em seu terno conceito. Tudo que quero sentir está inserido em apenas um desejo, um desejo tão intrínseco em minha alma: o de amar.





Aspas do autor: Estou de volta. E volto com a sensibilidade renovada, o coração mais confortado e com expectativas novas. Porque o meu ano literário começa neste exato momento. Desejo que seja um ano inspirador, e que aqui seja o reduto de sentimentos mais bonitos, fraternos e aprimorados; enlevados na minha maneira suave de ser. O blog também está de cara nova (e com novidades), para deixar claro que ele se renova junto comigo. A novidade é que a cada mês presentearei um blog que eu leio com um selo, especialmente feito por mim, começando a partir de hoje. O primeiro indicado está identificado como o "encanto do mês" aí na barra lateral. Bem, sintam-se novamente bem vindos na minha morada reformada. Muito mais confortável e aconchegante. O café ou chá é por minha conta. Meu carinho a todos. E até sempre!