A violência contínua

23 de abril de 2011




Há muito que precisamos pensar. Diante da realidade ao qual estamos a viver, é natural que vivamos em fronte a dilemas intensos e repletos com múltiplas reflexões. Todas advindas de escolhas acertadas, pensadas ou não, de ações encaradas, feitas ou acontecimentos vistos. Estamos presenciando, dia após dia, uma avalanche de acontecimentos violentos. Não é um privilégio de agora, mas que vem se acentuando nos últimos anos. Além das tragédias, das quais estamos sofrendo por conta de nossas ações no mundo, a violência também é um dos elementos que está corrompendo o ar que respiramos. 

Uma das grandes questões está inserida na consequência presente em certos atos que praticamos em respostas às violências. É natural presenciarmos ou nós mesmos praticarmos retaliações a certos tipos de violências. Criamos repúdio e uma grande indignação dentro de nós, e naturalmente nos vemos atacando e execrando os violentadores. Diante de um assassino, ou de alguém que atropela e mata alguém, ou alguém que atira em crianças indefesas numa escola, facilmente nos conduzimos por uma selvageria capaz de gerar aquela vontade de dar uma lição merecida na pessoa, ou em casos extremos, desejar a morte ou matar. Linchamentos são comuns nesse caso. E caso essa pessoa já esteja morta, ficamos a repudiar a pessoa, orando as piores coisas, e até mesmo parentes ligados a ele.

Mas será que é certo darmos continuidade a violência gerada por uma pessoa? Será que nos tornamos tão melhores a ponto de rebaixarmos ao nível da pessoa, e praticarmos violência numa pessoa que praticou violência, mesmo que a mais cruel, mesmo amparados por uma aparente justificativa? Não! Nós nos tornamos piores. Mesmo quão grave esta pessoa tenha feito, violência não é justificada por mais violência. É realmente triste vermos o resultado de certos atos, e o destino de algumas vítimas. Mas será que vale a pena extrairmos o pior de nós para julgar a pessoa, mesmo que isto seja em resposta a uma selvageria? Creio não ser.

No momento em que usamos de agressividade para execrar quem praticou um ato de crueldade, não nos transformamos em melhores pessoas apenas porque justificamos nosso ato em repúdio à agressão. A ação vingativa é um ato violento e consciente, amparado por uma justificativa distorcida de reparar o acometimento. O violentador faz isso porque tem algum tipo de trauma, uma mente fraca e perturbada, sendo impulsionada por um instinto imoral, sem consciência plena de seu equilíbrio. No momento em que agimos como o agressor, julgando-o, de maneira acertada e pensada, mostramos ser tão fracos e pobres de espírito quanto ele. A verdade é que violência se responde com amor. 

Não é uma tentativa de defender a violência que foi praticada, mas abrir uma importante reflexão a cerca das ações que fazemos em resposta a elas. Todos os atos de violência são repugnantes. Todos são dignos de repúdio. Porém, devemos pensar direito na consequência de nossas atitudes em resposta a elas. Precisamos amparar melhor o coração sob a luz da compaixão, da misericórdia e então agirmos de forma menos incisiva e mais amorosa. É realmente triste notarmos vidas inocentes serem interrompidas por conta de um maníaco louco que tentou justificar seus atos, por agressões sofridas na infância ou adolescência. Realmente gera muita revolta. Devemos orar muito pelas vítimas da violência insana e injustificada de pessoas assim, mas principalmente, pedir a Deus, que ele oriente as almas de quem mata, de quem violenta e comete atos de extrema crueldade, até a luz, e que essas almas percebam, diante das consequências dos seus atos, o verdadeiro caminho para encontrar a paz. Por mais que tenham errado. Todos precisam de luz e de paz sim.

Não vamos dar continuidade à violência, nem mesmo fazer apologia à mesma. Vamos continuar apenas o amor, a misericórdia, a paz. É assim que devemos aprender a sermos, doces e mais humanos. Não vamos colher violência de violência. Vamos plantar amor, mesmo que em terras impuras. Vamos pintar de branco nossas almas e nos livrar dos anseios vingativos. É assim que deve ser.






Aspas do Autor: Um texto para pensarmos um pouco. Uma bonita semana para todos e uma grande paz no coração.

13 comentários:

Flor de Lótus disse...

OI,ALF!Belo texto!Mas, acho uqe o grande problema no nosso país pelo menos é a falta de justiça, a justiça anda tão porca, tão podre que as pessoas decidiram fazer justiça com as suas próprias mão,claro que isso não é certo,mas diante da barbarie que é perder um ente querido, a razão dá lugar ao que há de mais primitivo no ser humano.Claro que com certeza o amor é mais importante que devemos amar e perdoar acima de tudo,mas ao me colocar no lugar do outro eu não sei se eu teria tanto sangue frio assim a ponto de perdoar alguém que matou alguém que eu amava...
Beijosss

Alexandre Lucio Fernandes disse...

É claro que em alguns casos a razão dá lugar ao instinto mais primitivo do ser humano. Mas justiça com as próprias mãos não é certo. Não há, de maneira alguma, justificativa, para o sangue causado em justificativa de sangue derramado.

É claro que o instinto e as emoções podem ser mais fortes. É claro que é preciso muito equilíbrio. E esse é o verdadeiro teste que estaremos sujeitos dia após dia. Um teste como prova da nossa evolução espiritual. Nada terá valido a pena, na caminhada rumo à um aprimoramento pessoal, referentes ao engrandecimento do caráter, à nossa ética, à nosso respeito, à ao amor, a doçura e felicidade que tanto buscamos, e a paz que tanto almejamos para a nossa alma, se numa dessas possibilidades cairmos ao mais primitivo da nossa alma, à parte mais selevagem. Isso só prova que nossa camada evolutiva foi formada por uma fina camada, frágil e facilmente quebradiço...

É difícil Sibele, eu sei. A dor e a revolta podem ser muito fortes. Precisamos aprender a construir nosso muro de amadurecimento e aprimoramento espiritual com concreto. Quando tivermos essa força, não vamos nos abalar por atos assim. E não vamos dar continuidade a uma violência. Será neste momento que teceremos melhor a linha do amor.

Beijos! E obrigado pelo seu comentário!!

Ataniel Santos disse...

Hoje, as pessoas preferem praticar a justiça com as próprias mãos. Pensando elas, que mudaram alguma coisa ou aliviará a sua dor.
Por isso, a melhor coisa a ser feita, é orar e conduzir à sua vida aos pés de Jesus. Só nEle encontramos paz, refúgio e morada.
Belo texto, meu grande amigo!
Uma semana abençoada pra ti!

Anônimo disse...

Meu querido,
pacifismo também é pouco. Aliás, é nada. É cruzar os braços e esperar acontecer um milagre. Não. Violência também em nada se encaminha. Só ilude.
Um beijo grande.

Camila disse...

Até achei que existiam pessoas educadas,mas hj no ônibus foi o ÓH da situação.

Felipe Braga disse...

Alexandre, que saudade de vir aqui!

O que mais me incomoda é o sensacionalismo de nossa imprensa. Nossa, não. A imprensa da elite. Ela espetaculariza o acontecido, que é realmente trágico. Mas quais são as discussões que devem vir nos jornais: como o assassino conseguiu as armas ou até que ponto a sociedade interfere em determinados atos?
Alexandre, eu vi certas matérias que atribuíam o ato à religião que, supostamente, o cara seguia. Ou ao fato de ele ficar horas seguidas na internet. Vê como isso não informa nada? Apenas reproduz preconceitos os de uma imprensa conservadora e obsoleta, irresponsável.

O problema, é que querem matar a família do assassino. Ou rezar para as crianças que morreram, quando nada disso adianta mais.

Plantar amor é muito bonito, eu me esforço pra fazer isso todos os dias. Mas será que esses pensamentos de vingança nascem em nós? Me parece bem claro que não. Os meios de comunicação já espalharam o ódio ao autor do crime e à religião a qual inventaram que ele seguia.

É foda mesmo. Nós só temos espaço pra discutir esse tipo de assunto na internet, que é realmente democrática. Se dependêssemos dos meios de comunicação monopolistas, estaríamos discutindo apenas o comportamento tímido do assassino.

Abraço.

Felipe Braga disse...

O que chamam de fazer justiça com as próprias mãos é apenas reproduzir o que é vendido pelo sistema.

Felipe Braga disse...

O que chamam de fazer justiça com as próprias mãos é apenas reproduzir o que é vendido pelo sistema.

Larissa disse...

Ale, essa é uma discussão em que eu prefiro não me meter, porque minha opinião jamais será ouvida em qualquer lugar. Não apoiei o que o assassino fez e nem os ignorantes que fizeram tal balbúrdia na casa dos familiares dele. A maior prova de paz foi ver as pessoas pintando a casa novamente e reconstruindo-a, porque eles sabem que a família não é culpada por tal fato.
A pessoa que deveria pagar por tal fato jaz morta. Infelizmente não há nada que possamos fazer para evitar. Deus pode intervir, sim. Mas cabe a nós, humanos, sermos um pouco mais gratos à vida que Ele nos deu.

O amor se constroi a partir do tempo. Quem não o possui, jamais poderá ser feliz.
Desculpe o meu sumiço. Estava em semana de provas na faculdade, por isso.

Um beijo.

Bandys disse...

Oi moço,

Gentileza gera gentileza.
Os moradores fizeram um verdadeiro ato de amor.
Seu texto esta muito bem escrito.

Te deixo um beijo e o desejo que a paz reine em nossos corações.

Carol Barros disse...

Lindas e verdadeiras palavras!!!
Adorei o blog, estou te seguindo =)
Bjs

Naia Mello disse...

Bom texto. Mas envolve muito mais do que vingança e violência. Vai além da mídia. Violência é uma epidemia mundial.Há todo um sistema falho que deveria ser mais justo, mas infelizmente o direito deixa brechas e lacunas que ainda precisam ser resolvidas.

Kamilla Barcelos disse...

Violência é reflexo de várias coisas, falha no sistema, na criação, distúrbios psicológicos e há quem acredite que é da natureza humana.