Esqueça... E lembre-se!

28 de agosto de 2010




Esqueça! Esqueça o ritmo, o horário, as particularidades, os medos e sonhos. Deixe de lado a casca que te prende nesse mundo. Não interfira no ar que perpetua dignamente ao redor. Extraia sua alma desse ambiente que te suga, desse chão que te sustenta e do céu que te abraça com a cálida ternura do universo. Esqueça que existe!

Lembre-se! Lembre-se da pele, cheiro, do calor que os dedos vão conduzindo e as carícias tão intensas no modo de tocar. Lembre-se da plenitude daquele silêncio, da aceleração do coração e das fagulhas mornas que surgem do atrito de dois corpos. Lembre-se de ficar perdido na imensidão do universo e de encontrar a euforia no abraço cálido da paixão. Lembre-se da emoção cativa!

Esqueça! Esqueça que você é ser humano, que precisa respirar e ainda viver. Esqueça-se das responsabilidades, obrigações ou qualquer outro compromisso. Esqueça os sinais e busque seguir esse atalho florido para a paz amorosa. Esqueça-se dos roteiros, o básico, e tudo o que é previamente orquestrado. Esqueça planejamentos. Esqueça o sangue e perpetue o suor. Esqueça os limites!

Lembre-se! Lembre-se que não há limites! Lembre-se da candura e da melodia envolvente que ecoa sob a experiência de sentir. Lembre-se da infinita sedução perene que alicerça tua alma; da doçura, do sereno sentimento que se evoca pelos poros. Lembre-se sempre da meiguice presente e da luz singela que estribilha a todo o momento. Lembre-se de dar vazão ao que tu sentes, e exploda em milimétricos retalhos de amor. Lembre-se que é especial; que é único e singular!

Esqueça! Esqueça-se do tempo, da chuva, do vento e do frio pulsante. Esqueça que o mundo existe! Esqueça a força dominadora da gravidade, a preciosa magia que te derrama vida. Esqueça as manias, os problemas e todos os obstáculos presentes. Caminhe bravamente pelo ar, abrace o invisível dessa comoção e se encante com essa silenciosa canção. Arrisque as fichas e renuncie a tudo na sua vida. Deixe de ser! Esqueça o próprio ser!

Lembre-se! Lembre-se da profundidade daqueles olhos, da maciez dos cabelos, e da fragrante e delicada pele. Lembre-se do caminho para distribuir afagos, da calorosa sensação de se entregar por completo. Lembre-se do beijo acalentado e daquele abraço compartilhado; da troca de olhares e da alegria cativa no sorriso; da essência e todo o perfil belo existente na alma amada; da magia terna do sentimento real e da sensação compartilhada. Lembre-se!

Esqueça-se de tudo!

Mas lembre-se de amar!

 
 
 
 
Aspas do Autor: Fazia um tempo em que não falava de amor. Quer dizer, eu sempre falo de amor. Meus textos respiram esse sentimento. E fica bastante implícito na maneira suave e sensível de eu deslocar meus pensamentos para cá. Só que escrever mais especificamente desse amor compartilhado, do amor paixão, ou mesmo do amor pleno em viver experiências compartilhadas, não. Então, senti essa falta e escrevi algo assim, prazeroso, apaixonado, algo intrínseco na doce vivência de amar alguém. Espero que gostem. Quando leio agora, até esqueço junto... Mas sempre lembro de amar, do amor (suspiro). Meu afeto à todos.

Instantes

21 de agosto de 2010




Não há instante em que eu não ame!


Há um instante em que paro pra pensar. Penso em mim, e em tudo o que pode me inspirar e me fazer forte. Penso no que vivi; no que sinto; e no que posso alcançar. Mesmo que tudo me pareça derrubar, sempre haverá esse instante em que eu consiga sentir uma força maior capaz de me reerguer. E assim percorro os corredores do meu tempo, visitando os cômodos da minha vida. Não é mais que um momento fugaz, ou um mero ritual que me faz ficar uno com o coração. Eu desperto pra mim! É o instante em que atrelo meus desejos à minha ânsia. O momento em que eu faço um balanço dos acontecimentos. Minha busca se revitaliza! É como resgatar aquela esperança e aquela pureza residente na ternura infante de acreditar.

Há um instante em que sento para admirar. E perscruto sem animosidade o leve farfalhar das árvores, o breve rasante dos pássaros voando e o terno encanto do céu noturno. Há sempre esse instante em que eu consigo unificar a minha existência ao que me cerca. É muito mais que uma maneira de admirar os elementos que tornam a vida bela, mas uma forma de fortalecer o pacto que eu tenho comigo de dar valor a detalhes tão transcendentais. As sensações se perpetuam de forma branda pelo jardim do meu coração. Pousam como se fossem plumas arrastadas pelo sopro do destino. Trazem consigo, não apenas o seu afeto delicado, mas também as vivências e aprendizados adquiridos ao longo da viagem.

Há um instante em que as emoções se descontrolam. Mas esses momentos surgem para evidenciar o quanto sou humano. Não há dia em que não sinta dor, assim como não há dor que não seja curada. Sempre há dias em que a tristeza me consome, porque evidentemente preciso extrair o sentimento. Reprimir pode ser pior. No momento em que dou consentimento para o meu sentimento extravasar, eu permito oportunidades para minha alma crescer. É sempre o instante em que minha fé supera qualquer vontade louca. Nesse momento sei que sou alguém forte. Por mais que eu caia, sempre existirão inspirações para sobrepujar essa sensação de desistência. Não busco ser menos humano! Nesses instantes busco sentir o máximo que posso, para me sentir leve depois. Só assim fico mais livre para então para viver com mais plenitude.

Há instantes em que o meu coração pulsa mais alto. É nessa horinha em que os meus olhos soltam fagulhas de amabilidade. É sempre quando sinto o conforto por perto, o afeto apaziguador do amor, e do ar que respiro. O momento em que a luz dilui seu manso calor sobre a alma, é quando sinto avivar a sintonia entre o corpo e a alma. É um instante em que eu fujo de mim, como se no momento eu estivesse a flutuar, sustentado por carpetes invisíveis de emoções brandas e encantadoras. Não há comoção parecida com essa harmonia afável que se instala por todos os milímetros do meu espírito. Essa sensação possibilita-me sentir uma força maior me orientando, uma energia capaz de conferir sustento e cuidado.

Não há instante em que o amor não se faça presente. Algo pequenino, porém imenso; brando, mas intenso. Não há algo tão mágico quanto o de amar! É muito provavelmente a força que mais completa a minha vida. Está inserida como o meu mais terno e principal desejo, do qual surgem todos os outros sonhos e anseios. O amor é presente em todos os meus momentos. É a essência que permite tornar cada ocasião num acontecimento marcante. Não há instante sem ele! O amor comanda as sensações; é o que torna tudo mágico; o que colore as paisagens; o que embeleza meus pensamentos e o que conceitua meus valores e princípios em viver. Em todos os instantes o amor está para me orientar, para solidificar meu caráter, equilibrar minhas emoções e me levantar das quedas.

Há instantes em que eu sento para sonhar. E aí deixo a minha imaginação fluir porque sonhar torna a minha vida palpável. E no impacto doce de amar, meu maior instante é aquele em que posso fechar meus olhos e enxergar tudo o que me faz feliz e o que dá razão à minha vida. E isso não tem preço!

 
 
 
 
Aspas do Autor: A minha vida é feita de pequenos momentos marcantes. Dessa imensa quantidade de sensações eu solidifico a minha alma e construo importantes alicerces. Meu afeto à todos.

Deixe

14 de agosto de 2010




Deixe ir
Deixe estar
Deixe lá
Deixe mar

Deixe só
Deixe cor
Deixe assim
Deixe amor

Deixe cá
Deixe crer
Deixe ar
Deixe ter

Deixe mais
Deixe menos
Deixe muito
Deixe plenos

Deixe paz
Deixe tudo
Deixe tais
Deixe mudo

Deixe dar
Deixe suar
Deixe ficar
Deixe voar

Não deixe
apenas
de sonhar

 
 
 
 
Aspas do Autor: Deixar de sonhar é como perder um pouco da essência que nos permite viver. Deixemos tudo, mas não isso. Meu afeto à todos.

O homem que queria caçar estrelas

7 de agosto de 2010




Há muito, mas muito distante de tudo e de todos, existia um homem sem razão pra viver. Era triste e vivia abraçado à suas dores. Seu céu era bastante cinzento e nublado. Mas um dia sua vida mudou. Um pequeno sopro de vento afastou as nuvens e ele pôde enfim contemplar a maestria de um céu noturno. Ele ficou bastante tocado com as maravilhas que reluziam naquela imensidão que cobria o mundo. Sua emoção era visível. E desde esse dia ele passou a amar as estrelas. Encontrou uma razão para viver. Ali mesmo, naquele mundinho em que ele se escondia, um sonho doce e fraterno brotou do seu coração. Seu sonho agora era caçar estrelas.

Ele não sabia como, nem onde. Só sabia uma coisa. Queria caças estrelas. Queria ter aquelas luzes mais perto e mais aconchegadas. Um dia numa noite, ele decidiu subir na árvore mais alta que ele conhecia ali. Queria ver se alcançava os pontos brilhantes, para poder pegar um pra si. Mas foi em vão. Logicamente ele não alcançou. Mas não desistiu. Achou que subir numa árvore não fosse suficiente. Então caminhou até o morro mais alto que conhecia. Novamente se frustrou. Pensativo, constatou que apenas em um lugar realmente alto ele poderia caçar suas estrelas. Então caminhou até a montanha mais alta que ele conhecia naquela região.

O homem teve muitas dificuldades na subida. Fraquejou, se feriu e cansou. Mas nada o deteve. Quanto mais subia, mas parecia que a distância não diminuía. Não entendia. Porém, ele não conhecia os limites e não desistia do seu sonho fácil. Depois de duros e cansativos dias ele chegou ao topo. Imediatamente caiu frustrado. O caçador de estrelas ficou bastante pensativo. As estrelas moravam a muita distância dele. Mas ele não sabia compreender isso. Pra ele era possível. Só não tinha achado o local certo para poder alcançar. Ele não desistiu.

Decidiu buscar ajuda. Saiu dali e foi visitando as outras vilas em busca de alguém que soubesse informá-lo onde e como caçar estrelas. E foi assim perguntando para todos que encontrava no caminho. Entretanto, ele sempre ouvia a mesma resposta:
– Senhor! É impossível caçar estrelas.
Com o tempo, o que o deixava feliz, estava lhe deixando triste. Todos não acreditavam naquilo. “Será que eram incrédulos demais, ou estavam certos?” “Será que era impossível caçar estrelas?” Ele não cogitava acreditar em algo impossível. “Será que realmente não dava para alcançar aquelas luzes brilhantes no céu?” O caçador de estrelas um dia muito triste recostou numa árvore, cansado e exausto. E ali ficou pensativo.

Já era noite quando duas crianças passavam por ali saltitantes e cantarolando uma melodia agradável. Ambos seguravam duas redes, daquelas que caçam borboletas. Ele viu aquilo fascinado. Quando elas chegaram mais perto, ele pode entender a letra da melodia. “Vamos! Vamos! Vamos caçar... vamos caçar... Estrelas! Estrelas!”
Ao ouvir aquilo ele despertou na hora.
– Crianças, por favor, me respondam. Vocês vão caçar o quê? Ele parecia atônito ao perguntar. Se ele não tivesse se enganado, ele as ouviu cantarem que caçariam estrelas. “Seria possível então?”

As crianças estavam felizes e sorridentes. Animadamente responderam:
– Oi moço, nós vamos caçar estrelas. Por quê? Os olhinhos deles demonstravam muita firmeza. O homem, depois de muitos dias com o ânimo esmorecido, ficou radiante.
– Posso ir com vocês crianças? É o meu sonho caçar estrelas. As duas se entreolharam, deram um sorriso e responderam prontamente.
– Pode moço. Vem com a gente, que a gente mostra onde caçar estrelas.

O caçador de estrelas abriu um largo sorriso. E assim seguiu, com muita felicidade, as crianças. Com a lanterna eles foram caminhando e guiando o homem. Enquanto caminhavam mata adentro, ele ficava mais nervoso e ansioso. Estava muito próximo de realizar um sonho. Era visível sua emoção. Após um tempo chegaram.
- Moço, chegamos! Aqui tem muitas estrelas para pegar. Aqui é possível.

Ele não se continha de alegria. E ao perscrutar o local com os olhos, ele viu um espetáculo de luzes brilhantes voando entre as árvores. Aquela visão o deixou imensamente fascinado. Estrelas voando. E bem perto dele. Era mágico demais. Ele ficou deveras emocionado. Uma das crianças passou a ele um das redes que eles carregavam.
- Vamos moço, cace umas estrelas.

O caçador de estrelas estava atordoado de tão feliz. Pegou a rede e como uma daquelas crianças ficou pulando e jogando a rede no ar para pegar uma daquelas inúmeras luzinhas piscando na floresta. Ele esbraveja quando errava um. Mas quando prendia uma daquelas luzes, ria demais. Estava saciando a realização de um sonho. As crianças até pararam para ver aquele homenzarrão, todo bobo, caçando uns vagalumes. Era uma cena linda de ser vista.

Sim! Ali era um reduto de vagalumes. Mas o local, à noite, adornado com a presença daqueles bichinhos brilhantes, parecia deixar o céu muito mais próximo da gente. Parecia um céu estrelado mesmo. Um céu ao alcance. Mas para as crianças e para aquele homem, ali era realmente o céu. E aqueles vagalumes eram estrelas. E que ali era verdadeiramente possível caçar estrelas. Ali realmente era possível se realizar sonhos, mesmo que imensos e aparentemente impossíveis.

 
 
 
 
Aspas do Autor: Acho que se imaginarmos um pouco, da mesma forma como as crianças imaginam, conseguimos realizar sonhos que pareçam impossíveis. Falta apenas um pouco mais dessa inocência infantil, capaz de tornar qualquer sonho possível. Meu carinho à todos. Até o próximo sábado.