Fascinação

24 de abril de 2010




É tu, somente tu,
que me fascina.
Me extasia,
e me ilumina.

Apenas tu que some
sem sumir.
Que está presente
sem estar.
Me faz levitar...

De olhar secreto,
cheio de doçura,
jeito meninice,
que me enclausura.

Com porte real
magistral,
és bela
és fascinante
envolvente,
uma eterna amante.

É fascinação,
prazer do meu ser
por só ter, no meu coração...

Você.






Aspas do Autor: Um poema antigo, já postado numa ocasião passada, em outro blog (extinto). Como no momento estou sem cabeça pra escrever algo, deixo à disposição esses versos que já foram inspirados por alguém. Mas há muito tempo. E obrigado à quem comentou o conto anterior. A ideia era surpreender e vi que muitos ficaram. Usei de ousadia na temática e no fim. Confesso que ultimamente ando gostando mais de escrever contos. Fica aqui o meu afeto à todos. Até a semana que vem.

Passional

17 de abril de 2010




Era fim de tarde. A brisa esvoaçante era bastante calorosa. Era possível notar o baile das folhas farfalhando nas árvores, e até a grama tremendo. A paisagem seria linda, se o cenário não fosse um cemitério. Ali, sob a sombra de uma das árvores, estava Márcio. E estava vazio. Seu coração não apenas estava longe, mas estava destroçado. Sofria por dentro. Era possível sentir o inferno queimar dentro dele. Era causticante. Ele suava. Um suor frio, que externava uma dor interna de grandes proporções.

Vestia uma combinação sombria. O seu luto era enfático. Destoava. Dos pés à cabeça ele vestia preto. Seu cabelo loiro dava um contraste. Com as mãos dentro do bolso do casaco ele olhava apenas para o horizonte. Estava com os olhos vermelhos, fundos. Estava nitidamente abatido. Viver aquela situação lhe proporcionava um fraquejo jamais sentido. Uma sensação de derrota, fraqueza e abandono. Deus era injusto. Por que tinha levado a mulher dele? Ele se perguntava.

A cem metros do túmulo, estava só e pensativo. Ele precisava deliberar. Mas o mundo tinha sumido aos seus pés. Ele se ancorava em algo invisível até para ele. Ele não sentia mais nada ao redor. A maioria dos parentes e amigos já tinham ido embora. Seus pais ainda estavam ali, a dona Marta e o seu Fábio, mais seu irmão mais novo, o Érick. Da família da falecida mulher, só restavam a mãe, dona Olívia, e a irmã Elena– que era a mais tensa ali e chorava copiosamente, depois dele. Mas tinha um motivo assustador.

Ao olhar para ela, ele se enfureceu com uma intensa brutalidade lembrando-se do ocorrido. Ele a acusava de culpada da morte da própria irmã. Elena estava dirigindo o carro acidentado que feriu fatalmente sua mulher, na noite retrasada. Ela não sofreu mais que arranhões. Ele não se contentou. Desde a confirmação do falecimento de Júlia, ele só sabe acusar Elena de ter matado a própria irmã. Que ela foi negligente no trânsito e extrapolou a cautela necessária, induzindo o acidente. Sendo ou não culpada, para ele, era assim. Uma briga horrenda já foi testemunhada no velório. A situação ficou tensa. Quando brigavam, ele gesticulava e apontava o dedo para ela, de forma acusadora. Foi uma cena assustadora. Estava visivelmente em desequilíbrio. Elena ficou sem ação. Todos os presentes no velório se chocaram. Foi constrangedor.

Os dois que antes tinham uma relação muito amigável, agora estavam rompidos, após essa acusação tresloucada e implícita dele. Eles agora mal se aproximam. As atitudes impensadas de Márcio gerou um desconforto enorme entre as famílias, que se afastaram por conta disso. Além da dor do ocorrido, esse fato gerava mais mágoa ainda. Principalmente por parte da família de Júlia, que achava uma tremenda e infeliz desmedida, acusar a Elena, de ter matada a própria irmã. Eles se chocaram com essa suspeita, que de fato era gravíssima, delicada e sem cabimento.

Ele ancorava muita mágoa. E isso o destruía. Os acontecimentos das últimas horas o enfraqueceram. Um estresse agudo invadia o corpo dele. Era natural, com tudo o que ele tem passado. Só restava ficar um pouco só. Ali estava pensativo, vislumbrando o horizonte. Tentando encontrar algo de bom. Mas nada era suficiente.

A tarde desaparecia e a noite estava iniciando sua entrada triunfal. Gotas de chuva começavam a cair timidamente pelo cemitério. A brisa silenciou seu voo. Ele começou a andar. Nem se despediu de alguém. Foi caminhando lentamente para a saída. Abalado, ele sentia dores em cada passo. Ele precisava dar uma volta, arejar a cabeça e respirar. E foi. No seu A4 Sedan, ele ficou vagando pelas ruas da cidade até altas horas. Por horas chorou intensamente no volante do carro. Ele não tinha para onde ir. Ele estava sem chão. Ficou dando voltas pela cidade. Dirigiu até as ruas ficarem totalmente desertas. Ele não se continha. A noite estava bonita sim. Qualquer outra pessoa acharia isso. Ele não. Gostava apenas do silêncio. Isso lhe dava paz. Ele sossegava.

Uma hora da manhã, seu celular acusou o recebimento de uma mensagem. Ele olhou para o relógio e deu uma encostada no carro. Olhou a mensagem de texto que recebera. De repente seu comportamento se alterou completamente. Pelo retrovisor interno ele se viu. Ajeitou os cabelos e passou uma toalhinha no rosto. Voltou a ligar o carro e se foi. Foi para casa.

Chegou e com muita calma estacionou o carro na garagem e com uma frieza absurda ele entrou na residência. Ele não parecia sentir mais nada. Tirou o seu casaco e o jogou no sofá. Foi até o barzinho. Pegou um vidro de conhaque Courvoisier X.O Imperial, e mais dois copos. Pôs duas doses e se dirigiu até o quarto. Quando chegou à porta, ele sorriu docemente. Alguém o esperava ali. Ele caminhou lentamente até a metade do cômodo. Uma mulher o abraçou carinhosamente.

Ele passou um dos copos a ela, que prontamente pegou.
– Estarei viajando semana que vem para descansar e tentar esquecer um pouco da dor. Será uma justificativa suficiente. Eu ando precisando não é? – e deu um meio sorriso irônico. Ela consentiu.
– Claro meu querido. E eu estarei indo para estudar fora, como todos já sabem há muito tempo. E depois de ontem, ninguém nunca vai suspeitar da gente – também deu um leve sorrisinho irônico. Ele gargalhou.
– Depois a gente se encontra, viajamos e finalmente ficamos juntos. Para sempre!
– É tudo o que eu mais quero meu amor!
E sorriram juntos.

Ele então pôs o copo numa mesinha próxima e aproximou-se dela. Puxou-a pela cintura e a beijou apaixonadamente. Ela se derreteu de amores. Ele parou, e com os olhos fixos no dela disse:

– Eu te amo Elena.

 
 



Aspas do Autor: Escrevendo esse conto, eu quis explorar um universo delicado. Até que ponto um ser humano pode ser capaz?  Até que ponto um sentimento pode submeter alguém a cometer loucuras. Tirar a vida de alguém para estar junto de outra? Escrevi com muita tristeza, não pela história, mas por saber que a realidade às vezes é pior do que a imaginada. Mas até isso não impede um embate interior da própria pessoa. Não fugi em mostrar o sentimento (disforme ou não). Tirem suas próprias conclusões. Carinho meu. Até logo!

Por trás da dor, esplendor

10 de abril de 2010




Torne seu céu sempre bonito. Quando o tempo estiver ruim, saiba ver através das nuvens negras que tampam teu céu. Por trás delas sempre haverá um azul resplandecente e estrelas brilhando.


No céu acontecem coisas estranhas. Nem sempre o que se vê é o brilho do azul. E nem em toda noite se consegue ver as estrelas brilhando. No nosso céu surgem nuvens que tampam o que precisamos ver. Mas nem sempre precisamos ver o que temos certeza que está lá. Dor e tempo ruim sempre passam, mas as coisas que são sinônimas de felicidade, que resultam em sorrisos no rosto, permanecem sempre lá.

Não existe tempo tão ruim que extingue o infinito azul do céu. Não existe nuvem tão negra que impeça de termos a certeza que por trás de sua negrura existe a beleza, a alegria, a luz do sol. Felicidade mesmo nunca se esvai ou acaba. A nuvem sempre passa, mas o azul do céu continuará lá encantando nosso coração. Se uma grande dor lhe atingiu, tente ter paciência, não se deixe cegar pela dor. Feridas cicatrizam e você sempre volta a sorrir. Caminhe com paciência e não esqueça que o melhor há sempre de vir. Pra tornar a felicidade constante, basta acreditar que ela seja.

Se puder ver, aproveite e contemple as coisas boas que nos são proporcionadas. Se o céu estiver tampado e você não puder ver, plante a certeza no coração de que por trás daquela nuvem um lindo azul do céu resplandece. O importante é saber caminhar, olhar pra cima e sorrir, tendo a certeza que o que há de melhor ainda continua lá, que as estrelas ainda continuam brilhando por trás das nuvens. Por trás de cada nuvem existem amigos, familiares e pessoas que te amam, existem momentos, boas recordações e inúmeros motivos pra sorrir. Leve essa certeza no coração. Fortaleça a alma, porque por trás da dor, sempre vai morar o esplendor.






Aspas do Autor: É importante sempre acreditar. O pior sempre passa. Por mais que sobrem feridas, o azul do céu sempre existirá para resplandecer nossa alma. Basta querer ver. Não podemos ficar sofrendo sem parar. Há de existir o momento em que precisamos parar para ver ao redor e compreendermos que a vida continua, com suas belezas de sempre. Para quem perdeu o texto anterior recomendo. Fica aí o meu afeto à quem vem aqui sempre, à quem vem de passagem, à quem eu amo e à todos. Até o próximo sábado. (Só para registro: 50ª postagem).

Meu sorriso ainda é teu

3 de abril de 2010




Não apenas o coração.


Fui perceber há pouco. Se eu fosse mais atento, teria notado há muito tempo. Talvez tenha me focado em outros detalhes. Mas fui cego. Agora notando com mais delicadeza, vi que não tenho meu sorriso. Está, mas não está. Como pode isso? Pode. Porém, não existe uma mínima chance de eu poder explicar. Isso é um fenômeno que vai além de todos os conceitos que conheço. Apenas saiba que ele está aqui refletido no espelho, entretanto, vejo-o e não o vejo. Fiquei confuso. Tentei entender, e não demorei a compreender. Meu sorriso se mostrou com uma curva que se acentua com extremo sentimento. Ele não está porque senti nele a distância. Sim! Ele está muito longe. Está sorridente de uma maneira tão particular e bonita, que logo meu coração foi capaz de decifrar. Apenas uma pessoa é capaz de produzir esse efeito nele: Você!

Descobri (mesmo tardiamente), que meu sorriso ainda é teu. Sim! Ainda! Agora ficou muito claro todas as vezes que meu sorriso irradiava só encanto e ternura. Ele não irradiava amor apenas por irradiar. Ele levava consigo, não apenas o amor que mora na minha alma, mas a meiguice doce que você tem. Porque ele ainda é teu! Com todas as honras, meu sorriso reage à presença tão intensa e apaixonante que você, apenas você, possui dentro de mim. Ainda! E sempre! Eu sei disso porque aprendi a ser espontâneo e franco com ele. Ele não engana e não se engana, e só sente o que é real. Se ele ama, ele sorri, verdadeiramente. Simples assim. E se ele sorri assim, ainda, por ti, não há como discordar. Pena que não pude observar esse encanto cativo que você me deixou por todo esse tempo. Meu sentimento sempre foi o mesmo, mas lamento não ter notado essa pureza antes, para poder conferir a admiração merecida a ti.

Meu sorriso ainda é teu. E permanece assim desde o dia em que te conheci. Você ainda é dona dele. Exclusivamente. Nesse momento ele sorri sem parar. Porque no seu colo ele leva a beleza que vive apenas nas noites estreladas e azuladas. Ele só pode ser teu sim, porque consigo notar essa exuberância infante e doce que ele perpetua pela sinuosidade de sua curva. Só tu, meu anjo, permites que ele se mostre para o mundo assim, com uma infinda delicadeza. Ele sorri e fica evidente toda a magia que sustenta esse universo suave que nos ampara. Meu sorriso é puro romantismo. É puro sentimento. É só amar. Sou feliz por você o ter. Só tu tens uma afabilidade que supera a sinfonia doce que ecoa pelos ventos de cada estação. Você torna o meu sorriso uma poesia que estribilha nos sete cantos do mundo, sibilando a penetrante emoção em notas mudas de paixão.

Meu sorriso ainda é teu. Enquanto ele despetalar versos de amor, e espalhar fragrantes risos de afeto pelo ar, será teu. Se a vida inteira passar e, ele continuar a voar de encontro ao idílico e brando campo florido que exala na minha alma, ele terá dona. Se ainda permanecer essa inquietude intensa que afoga meus sonhos em ternura, e ele continuar florescendo girassóis de sentimentos, em resposta à sua magnificente e preciosa presença, com certeza não haverá dúvida, continuará sendo teu. Se ele continuar permitindo essa essência primaveril de bem-estar me invadir de jeito tão veemente, terei o maior prazer de deixá-lo contigo. Você sabe cuidar dele, e de todo o brilho eclipsado pelos cantos. Ele mostra um afago invisível, mas que apenas eu sinto.

Sim querida. Meu sorriso ainda é teu. E toda essa suavidade que ele oferta. A sinceridade que ele te deixa é um alento que vive dentro de mim. Esse acalanto apenas traduz um amor bonito que jamais se dissipou. Amor suave que conforta e aconchega. Porque amor que é amor, não tem fim. E esse adormece nas franjas do meu sorriso, como um consolo afável que teima em persistir. Ele ama porque está no seu colo. Ele ainda é teu, e sempre foi, porque meu amor nunca se foi. Ainda o é, porque você tem um imenso significado para mim. Como um anjo que me acompanha sempre, e uma protegida, a quem faço questão, sempre, de poder cuidar, dentro do meu alcance. Não sei até que rumo nossa história vai, contudo, sei que meu sorriso jamais vai te abandonar. Nem eu. Nem que ficamos assim, distante, um velando pelo outro por toda a eternidade. A sua presença em minha vida é o que importa. É o que me dá coragem.

Meu sorriso ainda é teu. De graça!

 
 
 
 
Aspas do Autor: É um sentimento meio nostálgico, embora continue firme e atual. O amor que se foi, na verdade nunca foi. Sempre guardo comigo sentimentos e pessoas especiais. Meu afeto  por ela continuará pra sempre, apesar dele ter se transformado um pouco com o tempo. Ainda a amo muito, como amo todos que tenho em minha vida. Nossa história fica mais bonita quando damos valor a cada um que surgiu diante de nós. Por isso não esqueço o quanto essa pessoa significou e significa para mim. Bem, continuamos bons amigos, e ela continuará especial sempre. Fica aí novamente meu afeto à ela, e a quem vem aqui sempre, a quem vem de passagem, a quem eu amo, à todos. Até o próximo sábado.