Na busca por uma luz

27 de setembro de 2008


“Não ganha quem não enfrenta. Não encontra quem não arrisca buscar. Ao enfrentarmos nossos piores medos e obstáculos, a luz fica ao nosso alcance.”



No caminho que percorremos, em busca de respostas, topamos com muitos obstáculos. O preço para conseguir encontrar razões e motivos pra viver, ou, até o sentido real de ser nesse mundo, nos leva a vivenciar experiências insólitas, e nos dá plena consciência que existem coisas que não são mensuráveis. Aí então é que reside a questão. E tudo o que nos empurra e nos faz seguir o passo recai por entre nossos braços, fazendo com que abramos os olhos e possamos enxergar um lado obscuro e embaçado. Na busca por uma luz, notamos que certo ritmo pode causar frustrações, tropeços e decepções. Caminhamos no escuro, desbravamos o mais íntimo de nossas almas, com o intuito de encontrar uma finíssima luz nessas trevas, para que a nossa mente possa iluminar um pouco. Nessa incessante caminhada, lentamente vamos observando que se não fizermos esforços, não progrediremos, não avançaremos pelos medos, pelas angústias e aflições.

Vamos acostumando e aprendendo a lidar com a dor, com as dificuldades, com os dissabores de derrotas, com as faces cruéis da realidade. Então nesse ínterim passamos por provas, por vivências que marcam nossa vida, que nos torna humanos, capacitados em aprender, a errar e descobrir nos erros, nas atitudes, as respostas para muitas dúvidas, e para alcançarmos um nível de aprendizado mais condizente com a situação. O que nos alimenta é aquela sede pela felicidade, pela busca por motivos reais pra continuar de pé, pra manter aquele sorriso no rosto, e aquele brilho no olhar. O que nos instiga sempre a perseguir novos rumos é a vontade de crescer, aprender, e descobrir nós mesmos e Deus. O que estimula é a chance de viver do lado de pessoas fora de série, de extremo carinho e simpatia. Que a cumplicidade torna sólido esse viver.

A busca nos faz fortes, conscientes de tudo que nos cerca e nos envolve. Na constante luta que travamos para apurar mais os sentidos, chances são nos oferecidas, portas abertas, rotas a serem escolhidas. Na busca por uma luz precisamos saber escolher que caminhos devemos tomar. A escuridão nos impede de ver o que está pela frente. Não temos como saber qual caminho é o correto, apenas tentar avaliar e tomar uma decisão baseada em instintos, intuições ou simplesmente impulso. Viver é seguir a cegas. Devemos descobrir por si só o que cada caminho nos reserva. Essencialmente descobrimos mais tarde que não importa qual caminho tomamos, mas sim o que vamos aprender e descobrir durante o percurso. É o que o percurso nos proporciona e nos ensina que se torna importante.

Nessa busca percebemos aos poucos que o fim não existe, e que tudo nos faz seguir até um destino sem fim: felicidade.



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Aspas do autor: Acho que devemos aprender a encontrar a saída para alguns momentos. A escuridão se faz quando não sabemos exatamente o que a vida nos reserva. Nosso estímulo em buscar, em acreditar, em aprender e evoluir só nos tende a levar à luz, que significa renovação e o início de uma nova fase. Assim deve ser.
Um abração a todos.

Quando a saudade vem

20 de setembro de 2008




Há em todos os momentos aquela brusca sensação de saudade, do sentir que se foi, mas se gravou. Vem-me à tona ilustres imagens do que vi, vivi e senti. Assim com isso a vida enche-me de saudade, me entorpece com aquele frescor de manhã, e me envolve com uma perene sensação cálida e boa. A saudade bate à minha porta trazendo consigo as mais tenras lembranças e as experiências mais marcantes de tudo o que presenciei. São momentos isolados, marcados para sempre e enraizados no coração. São registros de grandes desafios, de erros suprimidos, acertos contemplados, sentimentos reprimidos, aprendizados absorvidos, amizades conquistadas e dores sentidas.

Então, há saudade daquele olhar fascinado diante de uma fascinante multidão, e do sincero sorriso em resposta à gratidão. Está nos brilhos dos olhos dos amigos, na certeza de que pra todo e sempre haverá uma cumplicidade. Saudade sempre do tempo em que vivi junto, seja no ontem ou no hoje, ou então da solidão que me é útil. Essa falta que me faz, todo esse vapor pulsante que me abre os olhos, me carrega a sonhos inexplorados, abrange minha capacidade e me eleva em sensações jamais mensuradas. A saudade se finca no meu coração, e nesse reduto se faz presente e se mostra em mil faces. É revelado a mim os segundos que se passam lentamente.

Ela vem e me mostra o quanto ainda sinto falta daquele tempo antigo, que cheirava a flor do campo, daquele tempo que valia um sentimento real e verdadeiro, que as pessoas se conheciam e que o romantismo era um vício saudável. Sinto falta do obrigado, do beijo, daquele abraço confortado e de toda geração que cantava músicas de verdade. Sinto falta do que hoje está tão fora de moda: do amor. Sinto essa falta anunciada nas minhas lágrimas, de emoção. Como sinto falta do olhar sincero e puro de cumprimento... Saudade do apelo, do choro, do aperto de mão, da luz das estrelas, da ingenuidade da criança.

A saudade me transporta até aqueles momentos que por mais curtos que sejam se tornam eternos. Soa em minha mente sinfonias de um bem e de uma energia positiva. Fixo-me nessas linhas, perfumo o lugar e começo a voar. Quando a saudade vem, tudo se anexa, se encaixa e se mexe. É aquela luz no fim do horizonte, é aquela no fim do arco-íris. Quando há saudade, eu apenas durmo e acordo em sonhos já vividos, para sentir novamente aquela sensação alegre, de muita felicidade. Porque mesmo que não volte, cada momento está vivo na minha memória.


Se a saudade vem, é porque eu amo.



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Aspas do Autor: Essas bruscas sensações de saudade me fazem um bem sem tamanho. E se sinto saudade, de pessoas ou de momentos, é porque realmente foi algo que marcou minha vida. As lembranças são reflexos do quanto vivemos, e quanto mais vivemos, mais saudade sentimos do que vivenciamos. Eu vivi inúmeros momentos inesquecíveise e amávei, e sei o quanto adoraria voltar para sentir novamente aquilo. E como. Bem, meu sincero carinho a todos que me visitam.

Sublime Exílio

13 de setembro de 2008




















Do que adianta tentar,
se nem sei falar...
O que seria possível?
Se nada me faz te achar...

Que luz é essa
que estás a me cegar?
Vivo no escuro mental
e no branco total.

Sei que estou a ficar preso,
agarrado em tem seio,
disforme em seu colo,
belo nesse anseio.

Fico a pairar,
num exílio, sem amar.
Procuro-te muito,
mas não sei poetar.



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Aspas do Autor: Um poema que extravaso uma ponta de tristeza indefinida. Na premissa de que deve existir algo pra inspirar cada linha escrita. E nessa aparente solidão, é que se torna possível encontrar um estímulo pra escrever. Coisas de poeta. Por isso sublime.

Renascimento

6 de setembro de 2008


Caminhando pela rua, a passos lentos, meio desequilibrado e encurvado, deixava cair da face lágrimas tímidas e incultas em seu semblante. Ele pensara que até dado momento tinha sido injusto consigo mesmo. Refletiu até que ponto suas atitudes tinham sido decisivas para que as pessoas se afastassem dele. Jamais imaginou sua vida desmoronada. Nem os ratos espreitando e se escondendo pelo bueiro chamavam sua atenção. O ralo vento debandando pelo ambiente apenas mexia um pouco seus escassos cabelos, ruivos e mal cuidados. Aquela nuvem negra no céu apenas deixava mais escuro o que ele tentava enxergar.

Estava ficando cego. Evitava olhar para além, perscrutar seu íntimo e tentar descobrir uma rota em que pudesse encontrar uma solução. Sequer esforçava em sorrir, ou esboçar um alento mais agradável. Estava abatido, fraco e muito triste. Inesperadamente caiu de joelhos no chão úmido, sujo com a lama carregada pela chuva do dia anterior. Remoeu angústias, gritou, declamou, perdoou, se fez clamor, se aliviou. Num ímpeto feroz levantou e correu decidido, até a ponte central, que estava próxima.

Nem hesitou, e pulou...

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Algum tempo depois, ele abre os olhos, e o pouco borrado que ele vê é uma mulher com uma vestimenta branca anotando algo numa prancheta. Ela ao notar exclama:
- Ah, o jovem de sorte acordou. Parabéns, você nasceu de novo. Aguarde um momento que chamarei o médico.
Ele sem entender bem, começou a ver o interior da sala, e de forma silenciosa analisou bem e deduziu que estava num hospital. Estava com uma imensa dor de cabeça e não lembrava exatamente do que se antecedeu. Ao analisar bem, fitou a janela, que estava entreaberta. Começou a contemplar a belíssima luz do sol que se irradiava por entre a sala. Esboçou um sorriso e se sentiu muitíssimo bem.

Não sabia o que tinha acontecido, mas percebeu que tinha ganhado uma nova chance, e que existem coisas na vida que valem a pena admirar. A partir desse dia ele seria um novo homem.



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Aspas do Autor: Não é um texto inédito, mas gosto muito, pela suavidade da mensagem que passo. As vezes dou fé, seja vivenciando ou presenciando, desses contos que escrevo. E esse em especial nos mostra que muitas vezes estamos cegos para a vida que desponta ao nosso redor. Em diversas vezes necessitamos que um impacto abra os nossos olhos, para podermos ver o que há de bom nos cercando e do quão é essencial viver a vida. Carinhos meus a todos.