A menina que recebia cartas

19 de julho de 2008

Final



Beija. Esse era o nome do remetente. Escrito lindamente, como se tivesse sido desenhado. Ela inesperadamente abriu um largo sorriso, bastante impressionada e tocada. Era uma carta do Beija para a Flor. Ela se emocionou intensamente, e abriu a carta. Quando começou a ler, não conteve a emoção. Seus olhos marejaram ante tanta delicadeza e sensibilidade nas palavras escritas ali naquele papel um pouco amassado. Jamais vira coisa igual. Era diferentemente escrito. Não falava apenas de sua beleza, mas o Beija enaltecia a pureza que se envolvia em seu jeito de sorrir, na sublime magia que brilhava pelos seus olhos verde-cintilantes, na sua fragrância deliciosa, e em sua voz idílica e apaixonante. Não era superficial.

Ali estava escrito sobre sua doçura e candura encantadora, em seu jeito amoroso e afável nos gestos, na feminilidade e simplicidade que ela despertava. O Beija escrevia de uma forma totalmente diferente dos outros. Ele sim olhava com o coração, e percebia no âmago dos sentimentos dela, a verdadeira beleza, aquela que ficava além do fundo de seus olhos, pra além do pulsar do coração, e de toda alma. Ela tinha encontrado as palavras que tanto buscava. Por intuição, foi revirando as cartas que ela nunca leu e lá encontrou mais cartas do Beija. Em sua tristeza, deixou de encontrar a carta dele, que desde que ela parou de ler, começou a chegar. Ela lamentou.

Foi abrindo as cartas e lendo. Eram uma mais linda que a outra. Não conseguia conter as lágrimas, que caíam incessantemente. Achou encantador ler palavras sobre ele também. O Beija se declarava alguém que tinha descoberto tanta coisa bonita, tanta coisa maravilhosa, ter sentido coisas fabulosas, ter vivido sensações únicas, ter conhecido pessoas incríveis. Mas se achava incompleto, logo que não tinha de fato o que superava todas as coisas maravilhosas que já viveu ou sentiu, e que era o amor de uma menina doce, meiga, delicada e tão feminina chamada Flor. Ela corava de emoção ao ler tanta palavra doce. Então ficou a noite toda ali, abrindo uma por uma, centenas de cartas do Beija para ela, Flor. Numa das cartas ele dizia que se quisesse encontrar ele, era só ir ao Parque das Flores, no período da manhã. Ali residiam seus sonhos e seu sublime amor. Ao ler isso seu coração disparou.

Ela nem dormiu direito. No dia seguinte, mal o sol raiou ela partiu em direção ao parque, como que uma borboleta impulsionada pelas cores do céu. E parecia saltitar de alegria, ostentando uma beleza tão ímpar, simples e ingênua, mas muito cativante. Ao chegar ao parque, ainda praticamente vazio, por ser muito cedo, procurou por todos os lugares alguém que pudesse ser o seu apaixonado. Ficou andando por entre as árvores do bosque, olhando pra lá e pra cá, até que uma hora, um rapaz surgiu por trás de uma árvore. Estava segurando uma flor e sentindo sua fragrância. Era um pouco mais alto que ela, moreno, cabelos castanhos ondulados, olhos pretos, de porte atlético, trajando roupas simples e brancas, com uma aparência singela, sincera, que inspirava confiança.

Os dois se entreolharam espantados. Ele meio incrédulo pensou ser um sonho. Depois de alguns minutos ali, mudos, foi ela quem dissipou o silêncio:
­­– Beija? Seu coração palpitava forte. Ele encantado, sorriu docemente e também indagou incrédulo:
Flor? Ela sorriu neste momento, balançando a cabeça positivamente, deixando lágrimas discretas caírem pelo rosto.
Eu fiz bem em não deixar de acreditar que um dia você viria. E ele começou a chorar de emoção. Ela meio sem ação se emocionou também e com muita dificuldade falou:
Você é tão... – a emoção a fazia soluçar – és tão sensível e verdadeiro.
Eu amo flores. E tu és a mais perfumosa de todas as flores. A que eu mais quis amar e não tinha próxima de mim e do meu colo. Desejei este momento durante muito tempo. Agora fico até sem jeito.
Ela encantada com suas doces palavras, também confirmou:
Eu também. E disse ao olhar pra ele de uma forma tão acolhedora. Houve uma troca de olhares significativos entre os dois do tipo “quero teu beijo”. Algo mágico se instaurou ali no bosque do parque. Os dois se aproximaram, lentamente, como se tivessem hipnotizados. Os lábios queriam, e ficaram tão próximos que quase se beijaram. Ele então sussurrou algo pra ela:
Sentia-me incompleto. Nada era tão significante com a sua ausência. Era como ter sede e não ter água; ter fome e não ter o que comer; ter frio e não ter com o que se aquecer; vibrar e não poder sorrir. Flor, minha linda, sem você não sou nada. Para continuar a viver, preciso do seu amor. Porque não há Beija sem Flor.
E docemente se entregaram ao primeiro beijo de um amor puro, intenso e eterno.

A menina que recebia cartas parou de receber cartas. Beija continuou escrevendo pra Flor. Os dois viveram muito felizes, sustentados por um infinito e belo amor.

FIM



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Aspas do Autor:
Espero que tenham gostado desse conto singelo de amor. No fundo ele revela um pouco da minha mente sonhadora e apaixonada. Amo muito tudo isso. E podem esperar mais contos pela frente. Mal comecei a escrever nesse blog. E aguardem que próximo sábado é a vez dos poemas. E pra começar será baseado nessa história. Meus amigos, uma gloriosa semana a todos. Até logo. Ah, pra quem comenta no Haloscan, eu respondo os comentários. Respondi a todos os comentários dos textos anteriores. Se quiser é só conferir. Meus carinhos.

11 comentários:

Anônimo disse...

aiai q lindaa historiaaa
fikei xonadaa nelaa xd

http://imensidadx3.blospot.com

Biiaah Barboosa disse...

ahaam, ctz amoor..
um lindo sol ainda surgirá por traz da escuridão do meu olhar, e aminhaestrela guia irá brilhar *-*

que boom moçoo !

:* s2

Kari disse...

Aí Alf, que lindo!!!!
Me emocionei com esse belíssimo conto. Com essas palavras tão belas, tão sensíveis e tão intensas...

ah! E a minha mente também é assim... Tão sonhadora e apaixonada!!!!!

Amei muito!!!!
Um beijão

Thiago disse...

Que belo conto de amor, e há quem diga que quando se tem amor as coisas são mais dificeis de serem ditas, tu provou que não ! E obrigado !

Anônimo disse...

Em uma internet cheia de contos de amor onde o erótico é a tônica, vc encontrou a forma de ilustrar o sentimento entre duas pessoas, onde a alma é o principal.Parabéns!

Luiz Modesto disse...

Lindo conto, meu caro.
Gostei de teu blog. Prometo te visitar sempre que der...
Abraços

Anônimo disse...

chegou a me emocionar, a tocar fundo suas palavras. belo conto de Beija e Flor

abraços alf
#)

Poemas e Cotidiano disse...

Meu querido Alf!
A emocao que sinto sempre aqui no seu blog, eh indescritivel. A musica, as suas palavras, a sua docura.
Sabe meu amigo, eu conheci o Beija.
O nome dele eh "ALF"... Voce transporta para esses seus contos, voce! Assim que voce queria encontrar o amor. Assim que voce queria que fosse: algo puro, VERDADEIRO. Voce eh uma pessoa extremamente VERDADEIRA...
E a pureza que envolve suas historias, mostra tao claramente a sua alma. O Beija eh voce na sua sinceridade. No olhar que ele tem para o "FUNDO" da alma, alem da beleza exterior.
Para o Beija, a beleza eh algo muito subjetivo. Muito mais do que um simples rosto. Muito mais do que um belo par de pernas...
Para voce a beleza reside no "unico", naquele tipo de "invisivel" que somente nos enxergamos.
Lindo meu amigo! Assim como vce, eh uma linda pessoa!
Um beijo carinhoso
MARY

nina disse...

Singelo, admirável. Inocente também em seus detalhes. Queria ter esse dom.

Filipe Garcia disse...

Oi Alf,

resolvi acatar sua sugestão e li seu conto todo, de cabo a rabo, sem tirar os olhos da tela do computador. A imagem que você desenhou com as palavras foi arrebatadora. Pude ver seu coração espetalado e, confesso, a emoção da sua poesia passou pro lado de cá como uma pluma.

Estou meio desacreditado em romances mágicos e em histórias de amor eterno, mas isso não me impediu de ver a beleza do seu texto.

Abraço.

Dayane Munis disse...

Muiito emocionadaa com o texto!!Ameii de verdadee...